Manuela Ferreira
Leite. “O governo lançou um imposto só sobre os reformados que se chama CES”
For
Ana Tomás
publicado
em 3 Jan 2014 -10:24
A ex-ministra diz que o governo tem uma obsessão com os pensionistas e que “não há equidade tributária entre os cidadãos”
Manuela Ferreira
Leite considera que o governo tem uma “obsessão” com os reformados e que há uma
questão ideológica que faz com que sejam sempre os pensionistas os mais
afectados pelas medidas de austeridade do executivo.
A antiga ministra do
PSD comentava desta forma, no programa “Política Mesmo”, da TVI 24, o anúncio
feito quinta-feira à tarde, em Conselho de Ministros, em que o governo revelou
que não vai subir o IVA, mas vai aumentar a base de incidência da Contribuição
Extraordinária de Solidariedade (CES) para compensar o chumbo do Tribunal
Constitucional sobre a convergência das pensões.
“Tenho uma enorme
dificuldade em raciocinar sequer sobre esta matéria. Dá-me a sensação que o governo
sempre que tem algo a resolver cai sempre em cima dos reformados”, afirmou.
Para Manuela Ferreira
Leite é inaceitável o executivo dizer que não vai aumentar impostos e depois
anunciar um alargamento da base para aplicar a Contribuição Extraordinária de
Solidariedade. “O governo rejeitou um aumento de impostos, eu gostava que
explicasse o que é o CES. Lançou um imposto que só incide sobre os reformados.
Há um imposto que se chama CES. Isto é uma obsessão”, acusou, questionando se é
por causa dos aposentados e da segurança social que a troika interveio no país.
A ex-ministra
acrescentou que “não há equidade tributária entre os cidadãos”, ao não haver
aumento de impostos para o resto da população, mas haver para os pensionistas.
Manuela Ferreira
Leite defendeu que o alargamento da CES poderá abranger pensões muito baixas
que as actuais e que também vai ter um efeito recessivo, o efeito que o governo
disse querer contrariar ao optar por essa medida em vez da subida do IVA. A
ex-ministra perguntou, por isso, se alguém fez as contas relativas ao seu
impacto, alargando o comentário ao aumento dos descontos e reduções das
comparticipações da ADSE, outra das propostas anunciadas em Conselho de
Ministros.
“Se o Estado acabasse
com a ADSE tinha os funcionários públicos todos no Serviço Nacional de Saúde e
a despesa seria muito maior. A ADSE está a caminhar para um sistema privado do
qual o Estado beneficia. Dá mais lucro que prejuízo. Além da obsessão de fazer
recair tudo sobre os funcionários públicos e os reformados, alguém fez
contas?”, questionou.
Sobre a necessidade
de redução da despesa, a ex-ministra sustentou que os salários pagos na
administração pública “não são subsídios”, são a troca pelos serviços
prestados. “Quando reduzo despesa estou em troca a perder qualquer coisa”,
argumentou, considerando que há “um problema ideológico” por detrás da forma
como se colocam todas estas questões.
Manuela Ferreira
Leite defendeu ainda a decisão de o Presidente da República de não ter pedido a
fiscalização preventiva do Orçamento do estado para 2014, considerando ser
necessário que haja um Orçamento aprovado para se sair do programa de
ajustamento. Além disso, frisou que Cavaco Silva já tinha levantado a inconstitucionalidade
no “cerne da questão”, que foi a convergência das pensões e criticou a oposição
de estar permanentemente a falar da Constituição “para não falar do conteúdo”
do documento
Sem comentários:
Enviar um comentário