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sábado, 4 de janeiro de 2014

Há mais congresso para lá de Portas

O CDS é o partido de Portas. E dos seus. No Congresso da próxi­ma semana há as moções de Portas, de João Almeida e de Nuno de Melo. Mas há mais que isso. Há mais em debate que as moções das grandes figuras. Nas duas dezenas de textos apresentados, leem-se muitas críticas à forma como o Governo tem atuado. Da educação ao fecho dos serviços públicos ao fim das isenções das portagens. Eis um olhar rápido sobre os documentos que vão es­tar em cima da mesa em Olivei­ra do Bairro.

AGRICULTURA
Num ponto e numa área que têm sido bastante sensíveis pa­ra o CDS, o deputado Abel Bap­tista leva ao congresso uma mo­ção em que se defende um ''en­quadramento fiscal diferenciador". Quer isto dizer, entre ou­tras coisas» uma taxa reduzida de IVA para os produtos agríco­las, ou uma diferenciação positi­va para os agricultores em sede de IRS» alargada aos pequenos produtores.

EDUCAÇÃO
Eis um sector cm que a atuação do Governo sofre diversas criti­cas. Uma das moções sectoriais levada aos congressistas assume que o balanço na pasta liderada por Nuno Crato “não se apresen­ta muito favorável". E pergunta mesmo se ‘'estamos verdadeiramente a conferir autonomia à es­cola ou tão sómente a desonerar o orçamento do Ministério. A 5 de outubro “cria novos agrupa­mentos de escolas, alguns de di­mensão desproporcionado, sem olhar aos resultados que as uni­dades apresentam” e “esbanja e desperdiça fundos comunitários para esconder a ineficiência do sistema público de educação”.
Outra moção dedicada á educação, intitulada “O Estado, a esco­la e a comunidade” afirma que a nova lei orgânica do Ministério “não trouxe a eficiência deseja­da em diversos organismos” e pede, como – “imperioso”, que se “devolva ás anteriores direções regionais de educação as competências, as funções, a legitimidade que lhes foi retirada, para que voltem a prestar um serviço de qualidade, de proximidade, de inovação, que um organismo centralizado é incapaz de fornecer. Nem o processo de avalia­ção dos professores é esquecido neste documento, que diz que es­ta deve ser “simplificada, rigoro­sa, justa, clara e transparente”.

TRNSPOETES
A moção '“Uma estratégia para o desenvolvimento Industrial em Portugal" pede ao Governo algo que não tem sido propria­mente a linha de atuação do Executivo até aqui: investimen­to em obras públicas. E dá exemplos do que se deve fazer: “Investir em infraestruturas que permitam a Portugal fun­cionar como pivô para negócios e investimentos entre as Améri­ca, Europa, Ásia e África, no­meadamente portos de águas profundas, plataformas logísti­cas e ligações ferroviárias ao centro da Europa,”

INTERIOR
De Portalegre, vem uma moção que critica o centralismo e a falta de auscultação do interior nas políticas adotadas, e dá exemploa do que foi feito e não devia ter sido feito: fecho de tribunais, fecho da escola de formação da GNR, o encerramento de repartições de finanças.
Outra moção vai mais longe nas críticas neste capítulo. Criti­ca a suspensão da ligação aérea Bragança-Vila Real-Lisboa e o fim das isenções nas portagens do interior, e afirma que "quan­tos mais serviços se fecham mais competências se extin­guem, mais se alimenta o círcu­lo vicioso do despovoamento {...). o Governo tem de se assu­mir, não se pode demitir das suas responsabilidades”.

COSTUMES
A moção “CDS partido da liber­dade e da responsabilidade" pag­ou por um regresso à linha da democracia-cristã e critica o desvio que permite que deputados não votem com o grosso do par­tido em matéria de costumes. Dão como exemplo o casamento homossexual e a adoção por casais do mesmo sexo» a coadoção ou a reprodução medicamente assistida. “O CDS tem ultimamente revelado uma menor determinação em algumas maté­rias políticas essenciais", aponta o texto.

MADEIRA
Da Madeira vem uma moção que, lida com atenção, não pode deixar de levar a algumas comparações curiosas, e até a sorri­sos, pois pede para a região pre­cisamente o que o Governo (com o CDS) tem rejeitado para o país. Ou seja, a renegociação do memorando (o Governo assinou-o com a troika, a Madeira com o Governo) e a reestruturação da dívida, que para quem go­verna o país tem sido expressão tabu. "Não basta ao CDS tentar influenciar o Governo da Repu­blica no sentido de renegociar o plano de ajustamento económico e financeiro da região". É pre­ciso ir mais longe e permitir “um regime fiscal próprio e reestruturar a dívida regional.

FUNCIONAMENTO
De Coimbra vem a sugestão de adoção de eleições primárias in­ternas no partido quando se tra­ta de escolher os candidatos a apresentar ao país. Estas elei­ções devem permitir a participa­ção não só dos militantes mas também dos simpatizantes do partido (uma ideia replicada do que se passa na escolha do candi­dato presidencial americano)
MARTIN SILVA
mgsilva@expresso.impresa.pt

REMODELAÇÃO
João Almeida faz tirocínio no Governo

Apontado como o possível sucessor de Paulo Portas e ‘apadrinhado’ por este na corrida á liderança do PP, João Almeida completa o seu tirocínio político com a entrada para o Governo. Aos 37 anos e com 12 anos de deputado no currículo, o porta-voz centrista ganhou estatuto governativo com a entrada direta para secretário de Estado da Administração interna, uma área sempre chave na estratégia política do COS. Voz crítica deste — e de outros — Governos, disse o que Portas não podia dizer alto e bom som. Que o OE de 2013 não era bom, que as propostas de Vítor Gaspar sobre as mexidas na TSU ou o aumento das taxas de IRS eram erros crassos. Levantou a voz contra à troika e pediu contas aos responsáveis europeus sobre as falhas do programa de assistência financeira a Portugal. "A experiência com a troika foi péssima”, disse em Outubro. A fatura chegou-lhe agora



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