O ECONOMISTA PORTUGUÊS
um blog de Economia Política e de Política Económica
Publicado
em Janeiro
21.2014
O Economista Português leu a
parte económica global» do Dr. Passos Coelho ao próximo congresso
do PSD; ficou surpreendido pois a moção anuncia que voltámos a ser ricos: «O País está prestes
a sair da situação excepcional de emergência que
marcou a sua vida nestes últimos três anos» e vamos entrar num «ciclo de
crescimento da economia com condições como já não vivíamos
há bastantes anos». O Dr. Passos Coelho prepara-se pois
para voltar a prometer mundos e fundos, em eleições legislativas que,
salvo alguma surpresa nas europeias, decorrerão ainda
este a ano.
A moção toma precauções apenas retóricas a favor da prudência: fiz que os portugueses não
repararam mas que agora se aplica a «regra de ouro» em toda a União
Europeia e por isso temos que mandar os orçamentos
à apreciação para Bruxelas. Reparámos e sabemos que só é assim nos países em crise. Há outros erros: o texto confunde saldo positivo da balança comercial com o fim do endividamento líquido do nosso país; queria por certo
escrever «o fim do aumento do endividamento líquido»
mas escreveu que já não devemos sendo a causa deste extraordinário desendividamento... a balança comercial ter sido
superavitária durante um ano.
Após este momento de humor
involuntário, surge o capítulo
sobre «A Concretização Da Agenda Para O Crescimento E O Emprego»: não contém um único número, pelo
que não há o risco ser no futuro violada a menor promessa de criação de emprego.
Sempre carinhoso com os nossos credores, o
Dr. Passos Coelho revolta-se com o quê? Com a proposta de «renegociação da
dívida e dos juros».
O Economista Português aplaude a existência de um capítulo intitulado «Uma
Agenda Para A Natalidade» mas lamenta que ele
assente no diagnóstico errado, a saber, que o nosso problema demográfico é
igual ao do resto da Europa – não é: nem no saldo migratório, nem no decréscimo
da população ativa - e mais
lamenta que não haja uma única medida concreta; «queremos iniciar um processo
de europeização de respostas», esclarece o Dr. Passos Coelho, anunciando outra
área em que passaremos a contar com as forças dos outros («uma diretiva comunitária
manda-nos aumentar a taxa de natalidade», dirá o PSD em 2015)
A moção
destaca as questões económicas e sociais; louva o Estado social e não usa a
palavra liberalismo; não faz a apologia da emigração nem defende a crise como higiene das economias. E assenta na previsão de uma taxa de crescimento do PIB como há muito não víamos. Concluída a sua leitura, O Economista Português julgou
ter lido um artigo destinado à exportação para o mercado asiático.
O texto da moção está disponível em
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