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domingo, 19 de janeiro de 2014

Porque perdoa Putin aos que o ofenderam?


A dois meses dos Jogos Olímpicos de inverno o Kremlin liberta inimigos de estimação.
Caridade cristã natalícia ou manobra?

Tariana Chernovil foi a útima vítima de violência policial, na quinta-feira, em Kiev. Jornalista e ativista dos direitos civis, divul­gara acusações de corrupção vi­sando o ministro do Interior. Vitali Zakharchenko, a cuja demissão apelara publicamente.

Se os esbirros pró-Moscovo têm como arma a matraca, o Presidente russo, Vladimir Putin, que vê uma ingerência europeia na aproximação comercial a Kieva, recorre a outro arsenal: a chantagem com o fornecimen­to do gás natural (de que a Ucrâ­nia é dependente) e a promessa de compra de dívida soberana.

As táticas de de intimidação contra ativistas e jornalistas lembram velhos métodos soviéticos que, mesmo depois da queda da URSS prosseguiram, caso do as­sassínio da jornalista russa Anna Polítovskaya (2006) Que pu­blicara informações comprometedoras para o Kremlin, relati­vas à guerra na Tchetchénia.

As notícias desta semana natalícia foram, porém, de tendência contrária; quarta-feira, Putin perdoou ao ex-magnata do petróleo e presidente da Yukos, Mikhail Khodorkovsky, mantido preso há dez anos no remoto norte da Rússia por alegada eva­são fiscal. O Presidente nisso in­vocou “razões humanitárias” para a libertação do ex-opositor (este pode ter trocado uma con­fissão de culpa pela autorização para visitar a mãe, grzvemente doente e tratada fora da Rússia). Khodorkovsky voou para Berlim num jato privado, ganhando um inesperado estatuto de ativista dos direitos humanos.
Nos dias antes haviam sido libertadas as duas cantoras da banda putik RussyRiol, ainda detridas; Maria Álekhina e Nadczlida Tolokonoikova. Foram, ain­da, soltos ativistas estrangeiros da Greenpeace, presos durante protestos contra a exploração ár­tica de petróleo. Faltam dois meses para os Jogos Olímpicos de inverno de Sochi. Coincidência?
CRISTINA PERES

cperes@expresso.impresa.pt

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