A dois meses dos Jogos Olímpicos de inverno o Kremlin
liberta inimigos de estimação.
Caridade cristã natalícia ou manobra?
Tariana Chernovil foi
a útima vítima de violência policial, na quinta-feira, em Kiev. Jornalista e
ativista dos
direitos civis, divulgara acusações de corrupção visando o ministro do Interior. Vitali Zakharchenko, a cuja
demissão apelara publicamente.
Se
os esbirros pró-Moscovo têm como arma a matraca, o Presidente russo, Vladimir
Putin, que vê uma ingerência europeia na aproximação comercial a Kieva, recorre
a outro arsenal: a chantagem com o fornecimento
do gás natural (de que a Ucrânia é dependente) e a promessa de compra de dívida
soberana.
As
táticas
de de
intimidação contra ativistas e jornalistas lembram velhos métodos soviéticos
que, mesmo depois da queda da URSS prosseguiram, caso do assassínio da
jornalista russa Anna Polítovskaya (2006) Que publicara informações comprometedoras
para o Kremlin, relativas à guerra na Tchetchénia.
As
notícias desta semana natalícia foram, porém, de tendência contrária; quarta-feira,
Putin perdoou ao ex-magnata do petróleo e presidente da Yukos, Mikhail Khodorkovsky,
mantido preso há dez anos no remoto norte da Rússia por alegada evasão fiscal. O Presidente nisso invocou “razões humanitárias” para a
libertação do ex-opositor (este pode ter trocado uma confissão de culpa pela
autorização para visitar a mãe, grzvemente doente e tratada fora da Rússia). Khodorkovsky
voou para Berlim num jato privado, ganhando um inesperado estatuto de ativista dos
direitos humanos.
Nos
dias antes haviam sido libertadas as duas cantoras da banda putik RussyRiol,
ainda detridas; Maria Álekhina e Nadczlida Tolokonoikova. Foram, ainda, soltos ativistas estrangeiros da Greenpeace,
presos durante protestos contra a exploração ártica de petróleo. Faltam dois meses para os Jogos
Olímpicos de inverno de Sochi. Coincidência?
CRISTINA PERES
cperes@expresso.impresa.pt
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