“O Governo está perfeitamente tranquilo e eu, como ministro, também estou”, garante Aguiar-Branco. DANIEL ROCHA
LUSA – 11/12/2012 – 16:54
O
Ministério da Defesa acusa a eurodeputada Ana Gomes de "desconhecimento ou
má-fé", por ter afirmado que o Governo português nunca contactou a
Comissão Europeia para discutir as alegadas ajudas públicas aos Estaleiros de
Viana.
"O
Ministério da Defesa Nacional lamenta o desconhecimento ou a má-fé
da eurodeputada Ana Gomes, que devia ter responsabilidades
acrescidas nesta matéria", afirmou fonte oficial do
ministério, citada pela agência Lusa.
A
eurodeputada socialista disse esta quarta-feira, após uma reunião com o
comissário europeu da Concorrência, Joaquín Almunia, que o ministro da Defesa
nunca tinha contactado a Comissão Europeia para discutir as alegadas ajudas
públicas aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), nem para comunicar a
operação de subconcessão em curso.
Por seu
turno, José Pedro Aguiar-Branco disse que há uma "estratégia
comunicacional" para "lançar a confusão" sobre os Estaleiros de
Viana do Castelo, afirmando estar "perfeitamente tranquilo" quanto às
acusações do autarca vianense que na terça-feira pediu a demissão do ministro
da Defesa e considerou que o processo é “um caso de polícia”.
Em
Guimarães, à margem de um encontro ministerial no âmbito do programa 5+5 Defesa,
Aguiar-Branco reafirmou que a solução encontrada pelo Governo para os
estaleiros, a subconcessão à Martifer, é "irreversível". "O
Governo está perfeitamente tranquilo e eu, como ministro, também estou",
respondeu Aguiar-Branco.
Ainda
sobre Ana Gomes, o Ministério da Defesa remete uma posição sobre estas
acusações para um comunicado de 8 de
Julho último. Naquela altura, as mesmas dúvidas tinham sido lançadas pelo
presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa, que também acusou o
Governo português de não ter justificado a Bruxelas essas ajudas públicas, de
181 milhões de euros, atribuídas à empresa desde 2006, dias depois de o
socialista ser reunido igualmente com o comissário Joaquín Almunia.
"O
Governo português apresentou as suas observações sobre o processo formal de
investigação, atempadamente e como lhe competia, a 12 de Março de 2013. A
Comissão está presentemente a avaliar as observações e as informações
adicionais apresentadas por Portugal", lê-se no comunicado do MDN. O mesmo documento
garantia ser "totalmente falso" que Portugal não tenha justificado
esses apoios, assumindo ainda que o processo de subconcessão, lançado em
alternativa à solução - abandonada devido a esta investigação de Bruxelas - de
reprivatização, foi definido com Bruxelas. "Uma solução, trabalhada em
conjunto com a Comissão Europeia, que melhor salvaguarda o interesse dos
contribuintes portugueses, a empregabilidade e a continuidade da actividade
industrial na região", sublinhou o MDN, na ocasião.
O comunicado
recorda que até Julho se realizaram três reuniões presenciais, em Bruxelas, com
representantes do Governo português e da Direcção-Geral da Concorrência
Europeia e outras três por conferência telefónica. Também foram feitos dois
contactos directos entre um membro do Governo e o comissário europeu Joaquín
Almunia e "inúmeras interacções" para "esclarecimentos
adicionais".
Em causa
está o procedimento formal de investigação publicado a 4 de Abril, com o qual
Bruxelas quer apurar se as ajudas se enquadram nas regras comunitárias de
auxílios estatais e da concorrência. Foram dados 30 dias para que as
autoridades nacionais se pronunciassem - prazo que terminou no início de Maio
-, tendo Almunia confirmado que o Governo português prestou esclarecimentos em
Março.
Navios
para a Venezuela
Questionado
sobre o processo de encomenda de dois navios asfalteiros por parte do Governo
da Venezuela, o ministro Aguiar-Branco reafirmou que a questão está a ser agora
negociada entre o Governo de Maduro e a Martifer.
"Durante
estes dois anos foi possível fazer uma negociação que está em fase terminal,
como tive possibilidade de dizer na Comissão de Defesa, e tenho esperança de
essa situação terminal permita que haja a cessação da posição contratual para
quem possa continuar a explorar esta matéria nos estaleiros", referiu.
Aliás, lembrou, a empresa que geria os estaleiros de Viana do Castelo
"estava em incumprimento quando este Governo tomou posse" porque,
esclareceu, "o primeiro pagamento que tinha sido feito foi gasto a pagar
salários e não a comprar aço para os navios". "O Estado já estava
obrigado a pagar uma indemnização e o esforço deste Governo foi resolver essa
situação de incumprimento".
No final,
Aguiar Branco voltou a referir que a actividade nos Estaleiros Navais de Viana
do Castelo não vai cessar. "Os estaleiros não vão fechar. A empresa que
geria os estaleiros é que será liquidada. São questões diferentes", disse.
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