Subir Lall, representante do FMI, chefiou a missão da troika. NUNO FERREIRA SANTOS
RAQUEL MARTINS e PEDRO CRISÓSTOMO 16/12/2013 – 18:52 (ACTUALIZADO ÀS 08:03 DE
17/12/2013)
Governo
garantiu que irá compemsar eventuais chumbos, mas troika visa que novas medidas
podem reduzir as perspectivas de retorno aos mercados
As instituições internacionais têm a garantia do Governo de
que eventuais chumbos do Tribunal Constitucional (TC) serão compensados com
outras medidas, que permitam cumprir o objectivo do défice de 4% em 2014. Mas, num
comunicado conjunto a propósito da décima avaliação do programa português, a troika alerta que essas alternativas podem pôr em risco o
crescimento e o emprego e dificultar o regresso aos mercados.
Os avisos surgem na semana em que
termina o prazo para o TC se pronunciar sobre a legalidade do corte de 10% que será
aplicado às aposentações. O pedido de fiscalização preventiva foi feito pelo
Presidente da República. Além disso também não é de afastar a fiscalização do
Orçamento do Estado para 2014, sobretudo devido aos cortes nos salários acima
de 675 euros. Caso Cavaco Silva não peça o parecer do TC, será a oposição fazê-lo.
“Se algumas
destas medidas forem consideradas inconstitucionais, o governo reafirmou o seu
compromisso de que irá então identificar e aplicar medidas compensatórias de elevada qualidade para cumprir o objectivo
do défice de 4% do PIB”, lê-se no documento divulgado esta segunda-feira pela equipa do Fundo
Monetário Internacional (FMI), Comissão Europeia (CE) e Banco Central Europeu
(BCE), que estiveram em Portugal nas últimas semanas.
Porém,
alertam, “tais medidas poderiam aumentar os riscos para o crescimento e emprego
e reduzir as perspectivas de um retorno sustentável aos mercados”. Já no
relatório da oitava e nona avaliações, a troika alertava para o risco de
medidas de “qualidade inferior” que podiam pôr em causa os objectivos do
Governo.
A troika
realça que, desde a última avaliação, surgiram “sinais adicionais de
recuperação económica” e congratula-se com o facto de o desemprego ter caído
mais do que o esperado. Além disso, tudo indica que o défice de 5,5% previsto
para 2013 “é alcançável”, sobretudo à custa do “bom desempenho da colecta de
impostos”.
As
instituições internacionais reconhecem que o Governo “já fez progressos
importantes na execução de difíceis reformas estruturais”, mas é preciso
avaliar o seu impacto na economia. Além disso, pede que os esforços se foquem
“no aumento da concorrência e flexibilidade nos mercados dos produtos e do
trabalho” e que as reformas em curso sejam calendarizadas, de forma a garantir
aos investidores “de que as melhorias” nos principais indicadores “estão a
ficar enraizadas”.
A garantia
de que o Governo vai cumprir as metas orçamentais definidas com a troika,
que se mantêm inalteradas em relação ao exame anterior, foi dada pela ministra
das Finanças. Ao lado de Paulo Portas, com quem apresentou em Lisboa as conclusões
da décima avaliação. Maria Luís Albuquerque assegurou: “Temos o
compromisso de cumprir as metas orçamentais e respeitaremos as decisões do
Tribunal Constitucional”.
A conclusão
formal do exame poderá, aliás, “ter lugar em Fevereiro”, depois de os ministros
das Finanças da União Europeia/zona euro e do conselho de administração do FMI
se pronunciarem. A próxima tranche ascende a 2700 milhões de euros (1800
milhões da UE e de cerca de 900 milhões do fundo).
Tanto Paulo
Portas como Maria Luís Albuquerque procuraram nesta segunda-feira não comentar
a forma como uma decisão do TC sobre as pensões pode influenciar a conclusão
formal da avaliação. “Não fizemos qualquer discussão sobre cenários”, disse a
ministra das Finanças.
Os avisos da
troika surgem na semana em que termina o prazo para o TC se pronunciar sobre a
legalidade do corte de 10% que será aplicado às pensões acima de 600 euros
pagas pela Caixa Geral de Aposentações. O pedido de fiscalização preventiva foi
feito pelo Presidente da República. Além disso também não é de afastar a
fiscalização do Orçamento do Estado para 2014, sobretudo devido aos cortes nos
salários da função pública acima de 675 euros. Caso Cavaco Silva não peça a
fiscalização sucessiva do TC, será a oposição fazê-lo.
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