LUSA 13/01/2014
- 17:03
A presidente do PS admitiu que os
socialistas poderão solicitar a fiscalização sucessiva junto do Tribunal
Constitucional
A presidente do PS considerou esta segunda-feira "inconstitucional" a medida do Governo que alarga
a base de incidência da contribuição
extraordinária de solidariedade (CES) e admitiu que os socialistas poderão solicitar a fiscalização sucessiva junto do Tribunal Constitucional.
A posição de Maria de Belém foi transmitida em conferência de
imprensa na sede nacional, depois de considerar que o alargamento
da CES proposto pelo executivo PSD/CDS
é "inconstitucional, intolerável, injusto e revoltante”.
"No
quadro da legalidade democrática, o PS avançará as medidas ao seu alcance para
se opor”, advertiu a presidente do PS, referindo que já
anteriormente o Tribunal Constitucional tinha deixado um aviso ao Governo em
matéria de aplicação da CES aos pensionistas.
"O Tribunal
Constitucional disse que só aceitaria a CES [no Orçamento para 2013] se fosse
por um período transitório e progressivo. Neste momento assiste-se a uma
tentativa de transformar em definitivo algo que era provisório e transitório,
agravando ainda mais as condições já de si muitos difíceis da maioria dos
pensionistas", sustentou a ex-ministra dos governos de
António Guterres.
Para Maria de Belém,
perante o alargamento da CES a cidadãos com pensões mensais acima dos mil euros
ilíquidos, "o PS avançará com todas as medidas que o quadro da democracia
e da legalidade democrática permitirem contra o que considera algo
absolutamente intolerável, inaceitável e diria mesmo revoltante".
"Entre
as medidas poderá estar incluído um pedido de fiscalização sucessiva [junto do
Tribunal Constitucional], especificou logo a seguir a presidente do PS.
Na
conferência de impressa, Maria de Belém apontou razões sociais, económicas,
fiscais, políticas e de cidadania para os socialistas se oporem às medidas do
Governo que pretendem contornar o chumbo pelo Tribunal Constitucional da
convergência das pensões da Caixa Geral de Aposentações (CGA) com as da
Segurança Social.
Maria
de Belém disse mesmo que os pensionistas poderão estar confrontados, agora, na
sequência do alargamento da CES, com "um esbulho", com "uma
monstruosidade" e com uma "nacionalização de um direito privado [o
das pensões] por parte de um Governo de direita".
A
presidente do PS defendeu que, no plano social, o alargamento da base de
incidência da CES coloca em causa "um direito de propriedade - assim o
define o Tribunal Constitucional alemão".
"O
Governo não é o titular nem o dono desses descontos, sendo antes o seu mero
gestor, um gestor fiduciário, sendo gestor porque merece a confiança de quem
descontou. O Governo está portanto obrigado a respeitar essa confiança",
advogou a ex-ministra socialista.
Por
outro lado, o Governo, ao pretender introduzir um agravamento dos impostos
sobre os pensionistas, Maria de Belém disse que, dessa forma, o Estado está
"a isentar-se do cumprimento de regras que ele próprio impõe - e bem - ao setor segurador
privado, porque os descontos sociais obrigatórios são um seguro social gerido
pelo Estado".
"A
conjugação da CES com o aumento dos descontos para a ADSE (para além da questão
da autossustentabilidade deste subsistema de saúde) significa que os
pensionistas são considerados pelo Governo como um peso para o Estado, e que os
pensionistas do setor da administração pública ainda são mais pesados. Com uma
medida dessa natureza, o Governo abala a confiança no sistema público de
segurança social, o que é gravíssimo", frisou.
Maria
de Belém insurgiu-se ainda contra estes cortes nas pensões
"quando o Governo procedeu a um perdão fiscal", o que, na sua
perspetiva, coloca "uma questão de cidadania".
"Essa
mensagem é errada e grave, porque dá a entender que mais vale não se pagar
aquilo que devemos porque seremos perdoados. Mas aqueles que pagam são
castigados", acrescentou a presidente do PS.
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