Schäuble advertiu, contudo, que a ajuda será sempre bastante mais pequena JOHN KOLESIDIS/REUTERS
PÚBLICO e LUSA 11/01/2014 - 11:12
Ministro das Finanças alemão diz que há
disponibilidades para novos apoios se os pregos cumprirem todos os compromissos
assumidos com a troika
O ministro das Finanças alemão, Wolfgang
Schäuble, garantiu
que a Grécia receberá novas ajudas comunitárias
se cumprir todos os compromissos assumidos com a
troika e continuar com o processo de reformas.
Se a Grécia cumprir todos os seus deveres até ao final de 2015, e alcançar um
excedente primário nas contas públicas e,
apesar disso, apresentar dificuldades
financeiras, estamos preparados para ajudar,
afirmou Schäuble numa entrevista publicada neste sábado pelo diário alemão Rheinische
Post.
No entanto, o titular
da pasta das Finanças da Alemanha advertiu que a ajuda europeia à Grécia, caso Atenas necessite, será "sem dúvida alguma mais pequena" face à
ajuda financeira que os helénicos receberam até ao momento. O governante disse, po isso, que é
preciso esperar até meados de 2014 para comprovar se esse novo apoio financeiro
é, necessário.
Na mesma entrevista, Schäuble garantiu que ninguém duvida dos “progressos significativos" alcançados
pela Grécia no seu caminho para superar a crise, apesar de
alguns não acreditarem que tal fosse possível, mas insistiu que Atenas “deve continuar com as
reformas estruturais e respeitar os seus compromissos".
"Não faz sentido responsabilizar o Fundo Monetário
Internacional (FMI) pelos problemas sociais ou querer exclui-lo da troika", acrescentou ainda o ministro alemão. A troika
é composta pelo FMI, pelo Banco Central Europeu (BCE) e pela Comissão Europeia
(CE).
Críticas aos cálculos incorrectos
As declarações do ministro surgem na mesma semana em que a
Grécia acusou a troika de ter feito cálculos incorrectos sobre a aplicação das medidas de austeridade
no país (http://www.publico.pt/economia/noticia/grécia-acusa-troika-de-erros-na-aplicacao-de-
austeridade-1618616) e os seus efeitos na
economia grega. As críticas são foram feitas pelo ministro das Finanças grego, Yannis Stournaras, numa resposta escrita à delegação do Parlamento Europeu que está
a avaliar a gestão da crise por parte da troika.
Segundo o ministro, "a zona euro não diagnosticou a
tempo as causas da crise na Grécia e no Sul da Europa" e o programa de
austeridade foi aprovado num momento em que o país se encontrava em recessão,
"o que provocou dificuldades adicionais, já que (...) os ajustamentos
estruturais são mais fáceis de aplicar em períodos de crescimento económico".
O primeiro programa colocou "grande ênfase" no aumento de impostos e
não na redução da despesa, referiu o ministro, sublinhando que a luta contra a
evasão fiscal "deveria ter começado muito antes".
Os erros de cálculo, as medidas de austeridade e a
profunda crise levaram a um recuo de 25% do PIB desde 2009, algo que "nunca se verificou num país desenvolvido, com
excepção dos Estados Unidos durante a Grande Depressão". Os rendimentos
dos gregos caíram um terço em seis anos, 35% da população está em risco de
pobreza ou exclusão social e o desemprego chegou a 27%, com dois em cada três
desempregados sem trabalho há mais de um ano.
A Grécia ainda está a cumprir o segundo programa de
assistência, aprovado em 2012, e está previsto que a troika regresse a
Atenas no próximo dia 15. Apesar de alguns dos dados, no último dia do ano
passado, o primeiro-ministro grego garantiu que o
país vai sair em 2014 do programa de
assistência financeira (http://www.pubhco.pt/economia/noticia/primeiroministro-grego-garante-fim-de-programa-de-assistência-em-
2014-16180161. passando a ser um "país normal".
"Em 2014 faremos uma grande parte da saída" do
plano de ajuda, disse Antonis Samaras, numa declaração televisiva ao país por
ocasião do ano novo, acrescentando que "a dívida grega será oficialmente
considerada viável" e que "não serão precisos novos acordos de
assistência nem empréstimos".
Ao longo dos dois planos de resgate, a Grécia beneficiou
do empréstimo de 240 mil milhões de euros da União Europeia e Fundo Monetário
Internacional, em troca de medidas severas de austeridade que desde 2010 têm
provocado profundas alterações no quotidiano dos gregos.
Sem comentários:
Enviar um comentário