Samaras apresentou
ao Parlamento Europeu o programa da presidência rotativa da UE FREDERICK FLORIN/AFP
ISABEL ARRRIAHGA
E CUNHA (http:// www.publico.pt/autor/isabel-arriaga-e-cunha) (Bruxelas) 15/01/2014-15:41
Primeiro-ministro grego diz que “há certos limites no que se pode negociar”.
O primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, recusou nesta quarta-feira qualquer negociação com a troika de
credores internacionais que implique novos aumentos
de impostos ou cortes adicionais das pensões
de reforma no quadro do seu programa de ajuda externa.
“Há certos limites no que se pode negociar” com a troika, afirmou Samaras, depois de ter apresentado parlamento Europeu (PE) o programa da presidência rotativa da
União Europeia (UE), que é assumido este semestre pelo
seu país.
“Já não
podemos negociar questões que tenham a ver com mais impostos ou com menos
pensões” face ao que já foi feito desde 2010, “porque esse é o nível mínimo
aceitável que permite assegurar a coesão social. Não é aceitável para mim”, afirmou Samaras durante uma conferência de
imprensa com o presidente do PE, Martin Schulz.
Em apoio da
sua posição, o chefe do Governo grego citou o facto de o país ter alcançado em
2013, um ano antes do previsto, um excedente orçamental primário (sem contar
com o serviço da dívida pública), o que significa que as despesas do Estado
foram inferiores às receitas fiscais e que os empréstimos da zona euro e do FMI
se destinam apenas a pagar os juros da dívida.
Segundo
Samaras, o Governo acordou com a troika que 70% do valor do excedente
primário - que, segundo as primeiras estimativas provisórias poderá situar-se
entre 800 e 1000 milhões de euros - “será devolvido às pessoas”. “Vamos dá-lo aos mais necessitados, reformados, pessoas que
realmente têm problemas. Estamos a tentar assegurar a coesão social (…), porque
é preciso provar às pessoas que, quando houver progressos, ficarão numa
situação melhor do que agora. É o que estamos a tentar fazer, e isso não é algo
que a troika possa mudar”, vincou.
Durante a
sua intervenção perante os eurodeputados, Samaras referiu-se ao extremo sofrimento dos gregos, que tiveram
de fazer “sacrifícios incrivelmente grandes” para voltar a pôr o país “de pé”,
e que, em seis anos de recessão económica, perderam 38% do seu rendimento face
a 2007, enquanto o PIB encolheu 25%.
“O meu país
sofreu nos últimos anos mais do que qualquer outro país da UE alguma vez sofreu”,
afirmou Samaras, atribuindo esta situação aos erros cometidos “durante décadas”
pelos próprios gregos, à “estrutura” da união económica e monetária europeia,
mas igualmente aos erros cometidos ao “desenho do primeiro programa de ajuda”
de Maio de 2010, quando o seu partido conservador estava na oposição.
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