Ministra respondeu ao questionário da missão de avaliação da troika FOTO MÁRIO CRUZ/LUSA
Maria Luís só faz elogios ao resgate
Ministra diz que o programa foi bom e as relações com a
troika excelentes.
A ministra das Finanças considera
que o programa de ajustamento português foi “uma oportunidade” e nenhuma medida de austeridade prevista
no memorando “infringiu a lei”. Maria Luís diz ainda que as relações com a troika se pautaram sempre por "um
diálogo de respeito mútuo” e se algo falhou foi porque o programa se baseou em
“estimativas orçamentais incorretas”. Isto é a culpa foi do governo de Sócrates.
São quatro páginas de respostas da ministra das
Finanças ao questionário enviado pela missão do Parlamento Europeu, mandatada
para fazer a
avaliação da atuação da troika em Portugal e que esta semana
esteve em Portugal, e com quem se encontrou, de resto, no decurso da sua
visita.
Apesar de sublinhar que "o
programa do resgate é
muito exigente” e implicou "múltiplos sacrifícios para todos", o documento,
a que o Expresso teve acesso, tem um tom geral de elogio à presença e atuação
dos membros do FMI,
Comissão Europeia e BCE. Um tom que contrasta, por exemplo, com o usado pelo
seu homólogo grego que, ao mesmo questionário, respondeu com dúvidas e
criticas à troika.
A ministra das Finanças acha mesmo que, em vésperas de finalizar o
programa de ajustamento, as reformas feitas começam a “mostrar resultados
positivos" e "as instituições estão
mais fortes e mais
bem preparadas para prevenir e lidar com futuras crises”. Maria Luís faz ainda
elogios à “boa cooperação técnica" entre as autoridades portuguesas e os representantes
das três instituições, destacando a "competência e determinação* das
equipas e reservando uma palavra especial para a "ajuda prestada pela task force da Comissão
Europeia”.
Questionada diretamente
se alguma das
medidas do memorando violou as leis nacionais, a ministra não hesita:
"tanto quanto sabemos, «não há casos de violação da lei ligados diretamente
às medidas do
programa”. E os chumbos do Tribunal Constitucional — que reconhece, afinal -
são desvalorizados, já que acabaram por ser "corrigidos ou substituídos
por medidas para garantir a conformidade com a lei".
Perentória é também a resposta sobre
o papel dos partidos da maioria. Segundo afirma, PSD e CDS
encontraram-se com representantes da
troika antes do acordo final, "mas não foram envolvidos na
negociação das medidas, metas orçamentais, condicionalidade ou dimensão do
envelope financeiro". Uma versão que contraria a contada por Eduardo Catroga,
que participou nessas reuniões e que disse que a negociação do programa “foi
essencialmente influenciada” pelo PSD.
Mas a ministra acaba por reconhecer
que o desenho do programa poderia ter sido diferente. A culpa foi da incorreção
da situação
orçamental em que se baseou o programa - o
défice real seria superior ao que foi então, diz. Se assim não fosse, “o ritmo
do ajustamento poderia ter sido mais suave" e ter-se-iam evitado alguns efeitos recessivos. Diogo Fojo, um dos
eurodeputados que estiveram em Lisboa na comissão do Parlamento Europeu, sublinha
a importância desta crítica da ministra:
"Não é negligenciável que o ponto de partida em relação ao défice
estivesse errado, porque isso implicou fazer mais esforços”. Para este eurodeputado
o tom de elogio da ministra em relação á troika “é natural vindo de quem está
a terminar o programa". F.S.C., L.M., e R.P.I..
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