NUNO RIBEIRO 13/01/2014 – 12:14
Negócios dos dois asfalteiros em cima da mesa, após a subconcessão
dos estaleiros à Martifer
Os
Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), construtoras, farmacêuticas e
empresas do agro-alimentar estão na comitiva do vice-primeiro-ministro
Paulo Portas que partiu esta segunda-feira para Caracas.
Na
capital venezuelana, decorre entre terça e quarta-feira a 9a
comissão mista de acompanhamento bilateral entre os dois países.
Na agenda
da delegação portuguesa, que inclui vários secretários de Estado, está a
possível passagem para a West Sea, empresa do grupo Martifer, única concorrente
e vencedora do contrato de subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do
Castelo, da encomenda de dois navios asfalteiros assinada entre os dois Estados
em 2010. Uma encomenda de 128 milhões de euros, então negociada entre o Estado português e a empresa pública
Petróleos da Venezuela (PDVSA), para a realização da qual os estaleiros da
cidade minhota receberam 12,8 milhões de euros para aquisição de aço e outros
equipamentos.
O presidente
da Emporderf, Vicente Ferreira, integra a delegação liderada por Portas, depois
de já ter estado a negociar a passagem do contrato dos asfalteiros para a PDVSA
ao novo subconcessionário. “É um dossiê que está em aberto”, reconheceu o
responsável da Emporderf em declarações à Lusa. Embora a West Sea, após a
assinatura na passada sexta-feira do acordo de subconcessão, tenha centrado a
actividade dos ENVC na construção de plataformas off-shore para a
exploração, no mar, de petróleo e gás, a encomenda dos venezuelanos da PDVSA
não é desinteressante.
A empresa
que passou a explorar as instalações de Viana do Castelo procura contractos na
Alemanha e espera o apoio da Armada portuguesa para vender a outros países
navios de protecção de costa. Mas os dois asfalteiros para a Venezuela são uma
encomenda já assinada. E, portanto, certa.
Os trabalhos
da 9 a comissão mista de acompanhamento bilateral entre Lisboa e
Luanda incidem, também, sobre sectores tradicionais da cooperação entre os dois
países. Daí a presença de empresas construtoras. Recorde-se que, em 18 de Junho
de 2013, durante a 8a comissão mista celebrada no Centro Cultural de
Belém (CCB), em Lisboa, a Teixeira Duarte assinou um contrato para a construção
da auto-estrada Caracas-La Guaira. Uma obra de apenas 19 quilómetros mas orçada
em 4,4 mil milhões de dólares, pela sua extrema complicação técnica: três vias
em cada sentido, nove quilómetros em túnel e outros quatro em viaduto (apenas
seis serão em piso no terreno).
Cerca de 120
empresas portuguesas passaram em Julho pelos corredores do CCB mantendo
reuniões nas seis subcomissões: petróleo, agricultura e alimentação, turismo e
cultura, governações, infra-estruturas e portos, ciência, tecnologia e inovação. No campo farmacêutico,
Portugal está há muito no mercado venezuelano através, entre outros, do
laboratório Atral-Cipan, com destaque na produção de antibióticos. Já de mais
recente presença é o sector agro-alimentar nacional.
Os
contractos assinados em Julho, coincidindo com a primeira visita a Portugal do
novo Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, terão sido no valor de seis mil
milhões de euros. No último quinquénio, as exportações portuguesas para a
Venezuela multiplicaram por seis e atingiram, em 2012,313 milhões de dólares.
Na 9a
comissão mista, segundo o PÚBLICO apurou junto de um elemento da delegação portuguesa, só nesta
terça-feira se poderá ter uma ideia mais clara dos acordos a serem assinados.
Até porque as negociações têm uma peculiaridade: são entre privados portugueses
e empresas estatais ou o Estado venezuelano.
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