Pacheco
Pereira: falar em “capacidade do povo português” é das atitudes mais
“hipócritas” do governo
Por Marta Cerqueira
publicado em 3 Jan 2014 -10:24
O
comentador considera que o discurso actual do governo e do Presidente da
República fala dos problemas dos trabalhadores mas não lhes dá papel
Pacheco Pereira
criticou hoje a mensagem de ano novo de Cavaco Silva. O comentador considera
que o presidente da República deu demasiada ênfase ao valor das empresas.
“O discurso do
Presidente da República só tem um sujeito positivo que são as empresas, o que é
típico do discurso actual que fala dos problemas dos trabalhadores mas não lhes
dá papel”, afirmou, durante o seu comentário no programa “Quadratura do
Círculo”.
Para Pacheco Pereira
falar em “capacidade do povo português é das coisas mais hipócritas que este
governo pode fazer”.
"O povo
português não fez nenhum esforço para este ajustamento, o povo português sofreu
os efeitos do ajustamento” salientou, acrescentando que “atribuir ao povo
português uma posição positiva de que ainda bem que nos sacrificamos porque
isso salvou o país só existe na mente recalibrada dos membros do governo e seus
apoiantes”.
“A democracia como eu
a entendo tem como objetivo a melhoria das gerações que existem, não tem como
objetivo o sacrifício da geração presente em nome de um futuro”, salientou.
Segundo Pacheco
Pereira, “não há diferença de fundo entre a mensagem de Cavaco, a mensagem de
Passos e algumas intervenções de Paulo Portas”.
“Existem coisas que
são diferentes, mas o fundo é o mesmo, uma noção do tempo político pelo menos
para metade do ano de 2014 em que se refere que há sinais de retoma mas não
podemos abandonar a austeridade para sairmos do programa da troika”.
“Qualquer análise que
substitua que dê um papel central aos sinais de retoma é logo uma análise que
parte do discurso do poder”, afirmou.
António Costa também
criticou o conteúdo do discurso, assim como a forma como foi apresentado.
"O Presidente da República leu o documento com algum enfado, sem empatia,
sem alma. Sentia-se que estava simplesmente a cumprir o calendário”, explicou.
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