Carlos Rodrigues Lima e António José Vilela
27 de Junho de 2018 12:51
Além de Sérgio Azevedo, investigação a suspeitas de corrupção e financiamento partidário ilegal levaram ainda inspectores às casas dos militantes do PSD Carlos Eduardo Reis, Luís Newton e Nuno Vitoriano
A Polícia Judiciária fez, durante a manhã desta quarta-feira, buscas à casa do deputado do PSD Sérgio Azevedo, um dos suspeitos da Operação Tutti Frutti.
Segundo informações recolhidas pela SÁBADO, também as residências dos militantes sociais democratas Carlos Reis, Luís Newton, presidente da Junta de Freguesia da Estrela, Nuno Firmo e Nuno Vitoriano foram buscadas por inspectores da Unidade Nacional Contra a Corrupção.
A Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa confirmou esta quarta-feira que "foram realizadas cerca de 70 buscas domiciliárias e não domiciliárias, incluindo buscas a escritórios de advogados, autarquias, sociedades e instalações partidárias, em diversas zonas geográficas de Portugal Continental e Açores".
O inquérito baptizado como "Operação Tutti Frutti" investiga "crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, participação económica em negócio e financiamento proibido".
O órgão superior do Ministério Público (MP) anunciou na sua página de Internet que a operação envolve a presença de "três juízes de instrução, doze magistrados do MP, peritos informáticos e financeiros e inspectores da Polícia Judiciária (PJ) em número que ascende a cerca de 200", com a colaboração da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da PJ.
Em causa estão suspeitas da prática de crimes económico financeiros decorrentes da contratação de pessoal e da adjudicação directa de serviços a empresas ligadas ou controladas por dirigentes políticos sobretudo do PSD.
Um processo crime dirigido pela procuradora-adjunta Andrea Marques, 40 anos, a magistrada que também tem em mãos o caso dos emails do Benfica.
Agora, um dos principais visados na operação é o social-democrata Carlos Eduardo Reis, conselheiro nacional do PSD, ex-presidente da JSD de Braga que apoiou Santana Lopes nas últimas directas para a liderança do partido.
Carlos Reis controla várias empresas que ganharam inúmeras adjudicações directas de de autarquias controladas pelo PSD e também pelo PS.
A ligação entre as autarquias em causa e o dirigentes do PSD foi revelada, em 2017, pelo jornal Observador.
Carlos Eduardo Reis e outros militantes sociais-democratas são suspeitos de integrarem uma espécie de teia de relações de negócios com juntas de freguesia de Lisboa dominadas pelo PSD.
As contas feitas pelo jornal apontavam para cerca de 1 milhão de euros em avenças e adjudicações directas de serviços.
Aquelas três juntas de freguesia geridas pelos sociais-democratas adjudicaram a empresas de militantes do PSD ou estabeleceram avenças no valor de 1.050.279 euros.
Por exemplo, Fernando Braamcamp, que preside à Junta do Areeiro, terá estabelecido avenças de um total de 596.982 euros com militantes sociais-democratas.
Já Luís Newton, que dirige a Junta de Freguesia da Estrela Estrela, gastou, pelo menos 303.521 euros.
E Vasco Morgado, autarca de Santo António, ficou-se pelos 149.776 euros.
Uma boa parte destes negócios suspeitos foi apontada em 2017 num email anónimo de circulação restrita.
Mas a denúncia também chegou às autoridades que abriram uma investigação crime centrada em negócios públicos realizados por Sérgio Azevedo e Luís Newton, dois influentes responsáveis do Núcleo Ocidental do PSD/Lisboa, sobretudo pelos cargos que ocupam: o primeiro era então vice-presidente da bancada do PSD na Assembleia da República, o segundo o tesoureiro da concelhia do PSD/Lisboa e também autarca.
Através dos indícios recolhidos, o MP apurou que "um grupo de indivíduos ligados às estruturas de partido político, desenvolveu entre si influências destinadas a alcançar a celebração de contratos públicos, incluindo avenças com pessoas singulares e outras posições estratégicas".
Tal como a SÁBADO avançou esta quarta-feira, a Polícia Judiciária (PJ) e o Ministério Público (MP) estão a realizar buscas à Comissão Distrital de Lisboa do PSD e à Concelhia de Lisboa do PS.
A operação da Judiciária e do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa decorre também nos serviços centrais da Câmara de Lisboa, nos serviços de Urbanismo da autarquia, no Campo Grande, nas juntas de freguesia do Areeiro, Santo António e da Estrela.
Mas também em outras cidades do país.
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