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segunda-feira, 18 de junho de 2018

Afinal quem ficaria mesmo muito mal na fotografia?

OPINIÃO      Destaque
Redacção F8
17 de JUnho de 2018
Numa matéria publicada no dia 28 de Maio 2018, pelo Novo Jornal Online, intitulada “Rafael Marques tem provas de que João Lourenço está a formar uma nova elite de saqueadores, acredita oposição”, este jornal apegou-se a uma entrevista que o conceituado Jornalista Rafael Marques tinha concedido à Lusa.

Por Manuel Tandu

Nesta entrevista o jornalista Rafael Marques fala de sinais que, segundo ele, contradizem o discurso de combate à corrupção do Presidente da República. 
Ao dizer o seguinte: “João Lourenço também tem estado a dar sinais de que está a formar uma nova elite de saqueadores. 
Recentemente, criou-se aqui um consórcio privado para a realização de voos domésticos que beneficiou de uma garantia soberana do Estado angolano, as famosas garantias soberanas, para a aquisição de seis aviões no Canadá”.

Nesta mesma entrevista o Rafael Marques chegou a afirmar o seguinte: “O consórcio tem como sócios o irmão do Presidente angolano, Sequeira João Lourenço, também secretário-executivo da Casa de Segurança do Chefe de Estado e proprietário da empresa de aviação SJL, o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente, Frederico Cardoso, dono da empresa Air 26, e o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente, o general Pedro Sebastião, dono da empresa Mazewa”.

Defendeu essa tese acrescentando o seguinte: “São as pessoas mais próximas que rodeiam o próprio Presidente que já estão a apoderar-se daquilo que é público e estão, basicamente, a manter o estatuto de principais dirigentes do país e principais homens de negócios. 
Esses indivíduos já tinham as suas empresas falidas e estão agora a receber oxigénio porque João Lourenço está no poder. 
Isto não é uma contradição, é uma falta de vergonha”.

O Novo Jornal Online depois procurou ouvir o posicionamento dos dois principais partidos políticos na oposição. 
Em resposta ao pedido do Jornal para comentarem as suspeitas lançadas por Rafael Marques sobre a gestão de João Lourenço, UNITA e CASA-CE defenderam a tese que de o jornalista está documentado.

O porta-voz do “Galo Negro”, Alcides Sakala, frisou que as investigações de Rafael Marques são sérias. 
Acrescentando o seguinte: “Se ele disse isso é porque há provas suficientes”. 
Já o vice-presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), Manuel Fernandes, disse o seguinte: “Se o jornalista Rafael Marques fez tais observações é porque tem provas suficientes para afirmar isso”.

Quer dizer, este consórcio já estava a ser apresentado como a prova das provas, ou como a prova inequívoca, de que continuávamos a viver na antiga Angola. 
Este consórcio colocava em causa tudo que já dissera o PR João Lourenço. 
Em menos de um ano a oposição tinha recebido numa bandeja um trunfo na manga que usariam no momento certo para arrasarem o Presidente da República. 
O sair deste consórcio no papel era de facto um dar munições aos canhões da oposição.

Mas o surgimento do consórcio Air Connection Express já existe desde o anterior Governo, pois foi aprovado em Conselho de Ministros. 
Li a entrevista que concedeu no jornal Valor Económico o empresário Bartolomeu Dias, proprietário da Diexim, uma empresa que entrou no projecto Air Connection Express.

Nesta entrevista o mesmo foi duro com as decisões do Presidente da República. Acusando-o de ter agido com “arrogância” e critica-o por não ter ouvido os empresários. 
E a frase mais marcante do entrevistado foi: “Governar um país não é como gerir a nossa casa”. 
Essas declarações do empresário Bartolomeu Dias é prova inequívoca de que actualmente vivemos numa nova Angola…

Mas levanto a seguinte questão: Quantos empresários nacionais dos pesos-pesados se opunham à antiga lei de investimento privado? 
Quantos vinham a público fazer declarações contra a corrupção, contra os monopólios, contra as más práticas que existiam na nossa economia, contra empresas quase falidas mas que sugavam dinheiros públicos através de consórcios, contra a estagnação da nossa economia?

Quem iria ficar muito mal na fotografia caso esse consórcio saísse do papel conforme estava inicialmente desenhado era o PR João Lourenço. 
A tese de João Lourenço ser um reformador cairia por terra.

Em suma, João Lourenço ao chumbar esse consórcio tirou o trunfo na manga que a oposição e uma parte da sociedade civil tinham. 
O Jornalista da Euronews ao questionar o Presidente sobre este consórcio fê-lo no sentido confirmar o quão reformador ele é. 
Caso João Lourenço chumbasse publicamente naquele momento, naquela entrevista este consórcio, ele iria ficar muito mal, muito mal mesmo na fotografia e o argumento do mesmo ser um reformador cairia por terra.

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