Semanário de 16 de Junho de 2018
Hugo Franco
Entrada em ação dos tribunais na vida interna do clube irá repetir-se nos próximos meses caso nada seja definido na próxima Assembleia-Geral
A destituição de Bruno de Carvalho na próxima Assembleia-Geral do Sporting, dia 23, pode ser o princípio do fim do braço de ferro entre o presidente do Sporting e o da Mesa da Assembleia-Geral, Jaime Marta Soares.
Mas nada garante que o impasse de poder em Alvalade termine daqui a uma semana.
Pelo contrário, advogados contactados pelo Expresso antecipam uma batalha que pode deixar o Sporting enredado num imbróglio jurídico “de vários meses” até “dois ou três anos”.
Para Lúcio Miguel Correia, a única solução para haver paz em Alvalade passa pela destituição dos atuais órgãos diretivos, com Bruno de Carvalho à cabeça, e com a convocação de novas eleições, “tendo os sócios a decisão final”.
Uma ideia partilhada por Valter Monteiro, lembrando que os estatutos do clube mandam que o presidente da MAG, deverá marcar (de preferência nos 45 dias seguintes ao fim do mandato dos membros do Conselho Diretivo) uma Assembleia-Geral Eleitoral Extraordinária para votar nos novos membros para os órgãos sociais do Sporting.
“Sendo certo que Bruno de Carvalho apenas poderá concorrer se não lhe for aplicada qualquer pena disciplinar de suspensão ou expulsão.”
A vida não está fácil para Bruno de Carvalho, que esta semana só conheceu derrotas: o tribunal mandou suspender duas assembleias-gerais pró-presidente, nove jogadores rescindiram os contratos alegando justa causa e não há treinador de renome que queira vir trabalhar para Alvalade no meio deste turbilhão.
A entrada em ação dos tribunais civil no universo leonino irá repetir-se nos próximos tempos.
“Poucas dúvidas restam que os tribunais serão as entidades que resolverão os diversos e complexos imbróglios jurídicos que o Sporting mergulhou”, antecipa Lúcio Miguel Correia, que alerta para “o facto público e notório” da morosidade da Justiça neste tipo de situações. “Este impasse pode prolongar-se durante vários meses”, conclui.
Valter Monteiro teme que o processo possa só vir a ser resolvido pelos juízes do Supremo Tribunal de Justiça, o que significaria uma contenda de “dois ou três anos” que só prejudicaria a estabilidade e a imagem do clube.
Mas o advogado lembra que a Justiça tem formas mais céleres de desfazer nós górdios: as providências cautelares que permitem “num curto espaço de tempo, impor ordem e organização na estrutura diretiva do Sporting.”
Uma fórmula usada pelo juiz 13 do tribunal cível de Lisboa na última quinta-feira.
Só há um facto dado como certo em Alvalade.
O clima de guerrilha interna não se vai dissipar tão cedo, nem com o início da próxima temporada de futebol.
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