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sábado, 16 de junho de 2018

Ainda há 16 elementos da Juve Leo por apanhar

EM DESTAQUE
Semanário 16 de Junho de 2018
Hugo Franco, Pedro Candeias e Rui Gustavo
INVESTIGAÇÃO ÀS AGRESSÕES NA ACADEMIA DE ALCOCHETE JÁ LEVOU A 27 DETENÇÕES

Crescem as suspeitas na investigação de que a ajuda de funcionários do Sporting foi essencial para a fuga dos cabecilhas do ataque à Academia de Alcochete na tarde de 15 de maio. 
Fernando Mendes, Nuno Torres e Elton Camara, três dos quatro arguidos apanhados há uma semana pela equipa mista da PSP e GNR, contaram ao juiz de instrução que Bruno Jacinto, agente de ligação do Sporting com os adeptos, foi de carro até ao local onde eles se encontravam escondidos, algures na Academia.

Pouco tempo depois das agressões aos jogadores e equipa técnica do clube, Bruno Jacinto deu boleia a Nuno Torres desde a Academia até ao Lidl do Montijo, onde este último tinha estacionado o seu BMW azul. 
Durante a viagem, o funcionário do Sporting telefonou para o responsável da segurança da Academia para que fosse permitida a entrada do carro. 
Nuno Torres regressou já ao volante do BMW com a missão de resgatar quatro dos mentores da invasão à Academia. 
Entrou sozinho e saiu com o carro cheio, sem problemas, mas acabou por ser filmado pelas câmaras dos canais de televisão.

O juiz de instrução do Tribunal do Barreiro não deixa de estranhar que os líderes da claque tenham estado “à espera meia hora para que Nuno Torres fosse ao Montijo buscar o carro para os levar para o parque de estacionamento que fica ali logo, a mil metros”. 
E conclui: “Estes arguidos, os que vieram atrás das ‘tropas’, de cara destapada, ficaram ali depois dos acontecimentos porque viram que a saída estava bloqueada por elementos da GNR.”

Durante a operação policial, alguns militares da GNR ainda chegaram a interpelar os mentores do ataque, mas estes juntaram-se a funcionários do Sporting, “fingindo que estariam a dar apoio à segurança”. 
O disfarce permitiu-lhes fintar a GNR, que deteve logo 23 pessoas nessa tarde. 
Nuno Torres terá dito a um militar que conhecia que “só queria ir para casa”. 
Na versão de Fernando Mendes, um membro da equipa técnica do Sporting teria dito às autoridades que aquele pequeno grupo não tinha nada a ver com o ataque.

Um dos cinco ocupantes do BMW azul conduzido por Nuno Torres ainda não foi apanhado. 
Mas já está identificado pelas autoridades. 
Trata-se de um adepto da Margem Sul que Torres disse não conhecer. 
Um mês depois das agressões, não é o único que está a monte. 
Dos 43 invasores — o número mais recente contabilizado pelas autoridades —, há ainda 16 que não foram detidos. 
A maior parte está já identificada e alguns estarão a ser monitorizados à distância. 
Existe uma estratégia de os deter na altura certa, em que uma prisão leve a outra, como aconteceu há uma semana.

O processo tem 27 arguidos, que se encontram em prisão preventiva, indiciados pelos crimes de terrorismo, ameaça agravada, ofensas à integridade física qualificada e sequestro.

VERSÕES CONTRADITÓRIAS

O juiz Carlos Delca menciona o papel de Bruno de Carvalho na escalada de tensão em Alvalade, tal como a TVI revelou esta semana. 
Os comentários do presidente do Sporting no Facebook, após a derrota da equipa em Madrid, “potenciaram um clima de animosidade que já existia entre a Juve Leo, os jogadores e a equipa técnica face a alguns inêxitos de resultados desportivos”.

No tribunal, o condutor do BMW garantiu que quem preparou e organizou tudo, “inclusivamente o ataque aos jogadores”, foi Fernando Mendes. 
O ex-líder da Juventude Leonina terá ligado a Nuno Torres, já após a invasão, para acertarem a versão dos acontecimentos.

O magistrado não teve dúvidas de que os arguidos “faltaram à verdade”, esmiuçando as versões contraditórias apresentadas por Nuno Torres, Fernando Mendes e Elton Camara. Dos quatro suspeitos, só Joaquim Costa se recusou a falar. 
É também o único que não tem cadastro. 
Os restantes têm antecedentes por rixas e condução sem carta.

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