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quinta-feira, 28 de junho de 2018

Porque é que Bruno de Carvalho não se pode recandidatar

SPORTING
Isabel Paulo
26 de Junho de 2018
Por mais que o repita, o sócio Bruno de Carvalho só poderá ir a votos se não for expulso ou suspenso temporariamente até um mês antes das eleições, algo que só por milagre não acontecerá
Ex-presidente-adepto, deposto e alvo de processo disciplinar, insiste que vai à luta nas eleições de 8 de setembro. 
Suspenso preventivamente até decisão da Comissão de Fiscalização, Bruno de Carvalho não deverá escapar a uma suspensão mais ou menos prolongada de sócio leonino, o que o inibe de se recandidatar

Se as eleições para a presidência do Sporting Clube de Portugal fossem hoje, Bruno de Carvalho (BdC) estaria automaticamente interditado de ir a votos, por mais que repita que irá recandidatar-se. 
A ambição foi de novo anunciada, esta segunda-feira, no facebook, em tom de ameaça aos mais de 71% de sócios que votaram a sua destituição: “Vou a eleições. Vamos ver quem vence! Eu vou à luta!”

A vontade de o ex-presidente-adepto se recandidatar afigura-se, porém, uma missão quase impossível, um devaneio que deverá cair por terra nos próximos dias, após a Comissão de Fiscalização decidir o processo disciplinar em curso ao sócio BdC e restantes membros do removido Conselho Diretivo.

O prazo limite para o ex-presidente dos leões e a sua equipa contestarem a nota de culpa terminou esta segunda-feira, 10 dias úteis depois da abertura do processo interposto a pedido de um grupo de sócios, que denunciaram “a prática de gravíssimos ilícitos disciplinares”, suscetíveis de colocar em causa “a própria subsistência da instituição Sporting Clube de Portugal”.

Entre as graves razões invocadas no requerimento, que teve por primeiro subscritor o agente musical Manuel Moura dos Santos, e levou à suspensão provisória do Conselho Diretivo a 8 de junho, constam um caso de usurpação de funções, a desconvocação da Assembleia Geral (AG) de 23 de junho, e a nomeação de uma nova Mesa da Assembleia Geral e de uma Comissão de Fiscalização.
Ao que o Expresso apurou junto de fonte próxima do processo, na nota de culpa enviada, BdC é ainda acusado de uso indevido de meios do clube, divulgação de uma ata dos órgãos sociais “sem consentimento de envio” e acesso indevido às instalações do clube.

PROCESSO SOB PRESSÃO

BdC optou por ignorar a nota de culpa da Comissão de Fiscalização, cuja legalidade nunca reconheceu e que acusou de ser um “pelotão de fuzilamento”. 
Os restantes membros do destituído Conselho Diretivo leonino também seguiram as pisadas do líder, ignorando o repto disciplinar. 

Por precaução, a Comissão de Fiscalização irá aguardar mais dois dias pela eventual receção de carta registada de resposta à nota de culpa, desde que enviada com data desta segunda-feira, disse ao Expresso a jurista Rita Garcia Pereira, membro da Comissão.

Sem defesa, que poderia funcionar como atenuante aos atos de rebelião, os processados incorrem em sanções que vão da simples “admoestação à expulsão de sócios do Sporting Clube de Portugal”, passando pela suspensão temporária, “variável de um mês a oito anos”.

Rita Garcia Pereira refere que a Comissão de Fiscalização irá reunir-se na quinta-feira, mas não confirma se a decisão final será tomada de imediato, nem qual a sanção mais provável de ser aplicada.

“Não há data definida, nem nenhum juízo pré-feito quanto às eventuais sanções a aplicar em função dos fundamentos que levaram à suspensão preventiva”, afiança a jurista. 
Fonte próxima da Comissão adianta, contudo, que “dificilmente os visados não incorrerão numa sanção significativa”, não só pela gravidade das ações, todas públicas, que ditaram a nota de culpa, como pela reiterada atitude “guerrilheira e ofensiva” durante o período de suspensão provisória.

O espetáculo de BdC em plena Assembleia Geral, depois de ter dito que não iria votar, os post provocadores no facebook enquanto decorreu a assembleia da destituição, as ameaças de impugnação de resultados, os insultos a Sousa Cintra, titulado de “homem dos tremoços”, e o impedimento de acesso a Alvalade ao novo líder da SAD, Sousa Cintra, são comportamentos que poderão ainda ser tidos como agravantes disciplinares no processo em curso.

CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS

Embora a ação disciplinar possa “arrastar-se durante um ano”, segundo fonte da demissionária Comissão Disciplinar do Sporting, o Expresso apurou que a decisão deverá ser “célere”, perante a pressão existente para que os jogadores que rescindiram - alegando justa causa, na sequência da invasão da Academia de Alcochete - “possam reconsiderar a decisão”.

De acordo com o presidente da Comissão de Gestão, Artur Torres Pereira, o clube britânico Wolverhampton estará disponível para pagar o passe de Rui Patrício e outros oito jogadores, ainda sem clube, dispostos a voltar atrás ou a negociar a saída, desde que BdC não se recandidate.

Mesmo que seja não seja expulso de sócio, a 8 de agosto, data limite para a apresentação de candidaturas aos órgãos sociais do clube, o mais provável é que BdC já esteja suspenso de sócio, condição imprescindível pelos Estatutos e Regulamento Eleitoral do Sporting para inviabilizar a tentação de ir a votos.

Três dias após a destituição por goleada de BdC, a novela do verão quente leonino conheceu, esta terça-feira, novos capítulos, entre os quais as dúvidas sobre o da permanência ou não do treinador sérvio Sinisa Mihajlovic, contratado quando o Conselho Diretivo já se encontrava preventivamente inibido de exercer funções.

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