Redacção F8
14 de Junho de 2018
Vários utilizadores da rede de telefonia móvel angolana Unitel recorreram às redes sociais, onde desde ontem, quarta-feira, têm denunciado a recepção de chamadas internacionais de números desconhecidos, que resultam em elevados descontos de saldo.
Não se trata, contudo, de um problema que as operadoras possam, resolver.
Por Pedrowski Teca e Fazegas Manico
Folha 8 ligou para os serviços de apoio ao cliente da Unitel, procurando esclarecimentos.
A operadora mostrou-se alheia às ocorrências, afirmando que não se responsabiliza pelo simples facto de as chamadas serem de proveniência internacional.
De acordo com as denúncias que circulam nas redes socias Facebook e Whatsapp, trata-se de um ataque designado como “Phrack”, nome resultante de duas palavras da língua inglesa: Phone Hacking, que significa piratear telefone.
O Phreaker é o hacker ou pirata electrónico da telefonia móvel e fixa, que utiliza as mais diversas e engenhosas técnicas para burlar os sistemas de segurança das companhias telefónicas, normalmente para fazer ligações de graça ou conseguir créditos.
“Aviso a quem receber beeps (chamada bip) de números internacionais desconhecidos semelhantes aos indicados abaixo, que não retorne pois trata-se de um ataque “Phracker” (Phone Hacking).
Se retornar, o desconto por minuto será a triplicar e ficará sem saldo.
É um novo tipo de burla via chamada onde o criminoso ganha dinheiro com a chamada a cobrar,” lê-se numa das denúncias.
Na ausência de um esclarecimento oficial por parte da operadora Unitel, os telefonemas internacionais desconhecidos têm causado medo e outras inconveniências aos usuários.
“Pessoal boa noite, eu e a minha irmã e mais alguns cidadãos recebemos uma ligação deste número.
Para ser sincera, estou com medo porque não sabemos ainda o que se passa na realidade. Portanto, só peço a vocês para não atenderem às chamadas deste número e vamos partilhar até chegar a nossa Polícia Nacional e rede de móveis”, denunciou uma usuária.
“Alguém ligou para mim com este terminal +247931099, não atendi porque estava ocupado.
Como eu estou à procura de emprego, preocupei-me em retornar a chamada, pus saldo de 125 UTTS, liguei e logo que ele atendeu o saldo acabou.
A Unitel não nos respeita porquê?”, questionou um outro usuário.
O F8 recolheu os seguintes números denunciados: +247553135, +247553149, +247553192, +247931138, +247 931098, +247553148 e o +247931099, dando conta que todos eles têm o indicativo +247,que pertence à Ilha de Ascensão, localizada ao centro do Oceano Atlântico, vizinha da Ilha de Santa Helena, ambas sob jurisdição do Reino Britânico.
Este não é, aliás, um roubo recente.
De acordo com alguns lesados, nomeadamente em Portugal, os burlões dão um a dois toques e depois desligam, aguardando que o visado ligue de volta.
Em Portugal, tanto a Deco (associação defensora dos consumidores) como a Polícia Judiciária tem registo várias queixas.
O modus operandi é relativamente simples, embora varie de país para país, havendo registos de alguns dos burlões terem números telefónicos com indicativos da Polónia e do Bangladesh.
Por isso, recorde-se, a defesa é simples: se não conhecer o utilizador não devolva a chamada.
O que é a Ilha de Ascensão?
Recorde-se que em Julho de 2015, o website WikiLeaks revelou que foi a partir da ilha de Ascensão, que agentes do ex-presidente norte-americano, Barack Obama, conseguiram espionar conversas telefónicas e trocas de e-mails da ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff.
A Ascensão é uma ilha que fica no meio do Oceano Atlântico sul, próximo de Angola.
A ilha foi descoberta e nomeada pelos portugueses em 1501.
Os ingleses tomaram o local em 1815 de modo a prevenir um possível resgate a Napoleão Bonaparte pelos franceses, que estavam presos pelos ingleses na ilha mais próxima, a Santa Helena.
Pela sua proximidade com Angola e por ter sido descoberto pelos portugueses, há quem defenda que a Ilha da Ascensão deve pertencer ao território angolano.
Ascensão tornou-se uma estação da Marinha britânica para o combate ao tráfico de escravos, permanecendo sob domínio das Forças Armadas inglesas até 1922, quando se tornou uma dependência da ilha de Santa Helena.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Reino Unido permitiu que os Estados Unidos construíssem a Base Aérea Wideawake em Ascensão em apoio aos voos transatlânticos para a África e também para operações anti-submarinos no Atlântico Sul.
Em 1982, Ascensão foi um local crucial para as forças britânicas durante a Guerra das Falklands (Malvinas), e ainda hoje é ponto vital para reabastecimento na ponte aérea do Reino Unido para o Atlântico Sul.
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