PEDRO CRISÓSTOMO 27/01/2014 - 07:17
Tesouro já conseguiu um quarto do montante máximo previsto para emissões de
Obrigações Tesouro.
Depois de um primeiro teste nos mercados de dívida no ano em que termina o
resgate financeiro negociado com a União Europeia e o Fundo Monetário
Internacional, o Tesouro português tem ainda pela frente o desafio de levantar
até 9750 milhões de euros em Obrigações do Tesouro ao longo de 2014.
No programa de
financiamento da República para este ano o IGCP – Agência de Gestão de
Tesouraria e da Dívida Pública calcula o montante das necessidades de
financiamento líquidas do Estado em cerca de 11.800 milhões de euros. Para
sondar o apetite dos investidores e
procurar normalizar o acesso ao financiamento de longo prazo, a agência
liderada por João Moreira Rato inscreveu como objectivo conseguir entre 11 mil
milhões e 13 mil milhões de euros em obrigações.
Um quarto deste montante (3250
milhões de euros) foi conseguido numa emissão de dívida a cinco anos, a 9 de
Janeiro, onde o Tesouro suportou um juro de 4,65%.
Com isto, e uma vez que o
financiamento para este ano está quase coberto graças a outras fontes de
financiamento (como títulos de dívida de curto prazo ou produtos de aforro
dirigidos ao retalho), o Tesouro poderá assim começar a acumular reservas para
2015, o primeiro ano completo em que já não receberá financiamento no quadro do
actual empréstimo de 78 mil milhões de euros da troika. Até agora, da UE e do FMI, Portugal já recebeu 72.900
milhões, ou seja, 93% do total. Por este montante, e considerando já o custo
das comissões associadas aos empréstimos, a taxa de juro média é de 3%.
A realização de emissões
regulares de dívida de longo prazo é um dos critérios que Portugal deve cumprir
e que será tido em conta pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade e pelo Banco
Central Europeu, no caso de o Governo optar por solicitar a activação de um
programa cautelar.
Já no ano passado o Tesouro
começou por realizar uma emissão de dívida a cinco anos em Janeiro. Para isso
contou, tal como agora, com o apoio de um sindicato de bancos para gerir a
emissão, tendo assim mais garantias de que a operação é bem sucedida. E em Maio
seguinte faria um novo teste aos mercados, ao emitir dívida a dez anos,
igualmente numa operação sindicada.
Desde a chegada da troika,
Portugal ainda não realizou emissões de dívida de longo prazo convencionais, ou
seja, sem o suporte de um grupo de bancos que conseguem medir antecipadamente
qual a procura dos investidores. Mas o objectivo é começar já este ano a
combinar “sindicatos e leilões” de Obrigações do Tesouro, como refere o IGCP no
programa de financiamento. No mercado secundário - onde a tendência dos juros
associados aos títulos transacionados entre investidores privados
permite aferir tendências - os juros da dívida portuguesa a dez anos permanecem
nos 5%. Para além do financiamento directo de longo prazo, o Tesouro vai
continuar a cobrir as necessidades de financiamento através de emissões de
dívida de curto prazo, tendo mais duas emissões programadas para o primeiro
trimestre.
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