SERGIO ANIBAL
11/02/2014 - 07:26
A Espanha reforçou, graças à
venda de combustíveis, o seu estatuto de principal destino das exportações
portuguesas e a Alemanha quase perdeu o segundo lugar, mostrando a dificuldade
acrescida para Portugal que significa a manutenção de uma política de moderação
da despesa na maior economia europeia.
Os dados apresentados pelo
Instituto Nacional de Estatística (INE) esta segunda-feira surpreenderiam que,
no início do ano, tentasse adivinhar o impacto da crise da economia espanhola
nas empresas exportadoras portuguesas. Nessa altura, a maior parte das
expectativas apontava para que uma recessão em Espanha provocasse uma queda das
vendas para aquele que é há vários anos o principal comprador de produtos
portugueses.
Afinal, o que aconteceu foi
exactamente o contrário.
As exportações para Espanha
cresceram 9,9% e o peso do mercado espanhol para as empresas nacionais aumentou
para 23,6%. É verdade que, no final do ano, a economia espanhola conseguiu
melhores resultados do que se previa, mas a grande explicação para este
desempenho das empresas portuguesas no mercado do país vizinho está nos
combustíveis. É para a Espanha que se dirige uma grande parte das vendas
realizadas pela Galp.
Quem não beneficiou desse factor
foi o segundo destino das exportações portuguesas, a Alemanha.
Apesar de a maior potência
económica europeia ter conseguido resistir à pressão, manteve uma atitude muito
prudente no que diz respeito à evolução dos salários e, por consequência, do
consumo. Esta é uma das explicações
para que as vendas de produtos portugueses para a Alemanha tenham caído 1,7%,
fazendo com que este país quase perdesse o segundo posto para a Alemanha no
ranking dos principais destinos para as exportações portuguesas.
Os mercados
extracomunitários voltaram a ser aqueles onde as taxas de crescimento das
exportações foram maiores, confirmando a ideia de que as empresas portuguesas estão a conseguir encontrar alternativas
a uma Europa em que as taxas de crescimento potenciais são muito baixas. No
entanto, mercados que nos anos anteriores geraram grandes ganhos, como a China
e, principalmente, Angola, estiveram em 2013 bastante menos exuberantes.
Na China,
registou-se mesmo uma queda das exportações de 15,3%, um resultado tão negativo
que pode encontrar explicações em mudanças dos portos de destino (as
exportações para Hong Kong aumentaram
6%, por exemplo). Para a Ásia, no total, registou-se uma diminuição de 5,3%.
Em Angola, o
crescimento das exportações foi de “apenas” 4,1%, um valor que fica muito longe
dos registados nos anos anteriores e que ajudaram a colocar este país no top
cinco dos principais destinos.
A compensar
estes resultados mais fracos da Ásia e Angola estiveram países como os Estados
Unidos e Marrocos.
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