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sábado, 15 de fevereiro de 2014

Exportações em 2013: qual o sinal?

 JOÃO CANTIGA ESTEVES 10/02/2014 - 21:06






O ano de 2013 em Portugal encerrou com um saldo significativamente positivo no que se refere aos números do comércio internacional. Apesar de algum pessimismo que anunciava que a capacidade de exportar do país se estava a esgotar, é interessante constatar que a economia real apresenta dinâmicas e tendências que frequentemente surpreendem decisores políticos e analistas mais propensos ao imediatismo.
Efectivamente, o empenho das empresas e dos seus empreendedores, associado à detecção de oportunidades com a consequente tomada de decisão através da análise e avaliação rigorosa de riscos, pode produzir resultados positivos para a designada economia real portuguesa, apesar do enorme ruído que vai povoando a esfera política, pública e estatal!

No 4o trimestre de 2013, as exportações portuguesas cresceram 6,4%, face ao período homólogo de 2012, enquanto as importações cresceram 3,3% em igual período. Estes valores permitiram que o ano de 2013 tenha encerrado com um acréscimo de 4,6% (+5,7% em 2012) nas exportações e de 0,8% (-5,2% em 2012) nas importações, permitindo que a taxa de cobertura tenha atingido 83,6% em 2013, face a 80,6% em 2012, comparável ainda com níveis de cerca de 60% a 65% durante a Ia década do século XXI.

Estes valores conseguidos são determinantes para o nosso equilíbrio externo, nomeadamente através da redução de 1630 milhões de euros no défice da balança comercial.

Quanto aos países de destino das nossas exportações, é de salientar o acréscimo de 3,4% (face a 0,9% em 2012) no comércio Intra-UE enquanto no mundo Extra-UE o crescimento foi de 7,7% (19,6% em 2012). Apesar de algum abrandamento nestes crescimentos, é de salientar que 2013 representou o quarto ano consecutivo de aumento das exportações. O último ano de queda acumulada ocorreu em 2009 com uma redução acentuada de 18,4%.

Verifica-se que a mensagem de centrar a dinâmica de crescimento no sector exportador foi, claramente, captada e absorvida pelas empresas, com estratégias que ultrapassam o universo da UE, respondendo também aos desafios da globalização, confirmando que só estas é que têm capacidade de proporcionar um crescimento económico sustentável ao país e uma criação de emprego com características duradouras.
De facto, quanto ao Grupo de Produtos exportados para fora da UE, apesar de, em volume, os combustíveis minerais, máquinas e aparelhos e metais comuns contribuírem de forma determinante para o sector exportador, apresentando crescimentos significativos em 2012, merece realce o facto de as exportações de calçado terem tido um crescimento em 2013 de 46,2%, face a 2012, produtos de Ótica e Precisão 35,9%, plásticos e borracha 14,9%, produtos agrícolas 14,5% e vestuário cerca de 13,5%.

É certo que a base inicial de alguns destes produtos é, ainda, baixa mas estes valores podem ser sinais de que o sector produtivo da economia portuguesa está, de facto, a alterar-se e que esta conquista de novos mercados pode significar que as nossas empresas estão a tornar-se mais competitivas.

Os sectores do calçado (com recorde absoluto de exportações para fora da UE em 2013) e do vestuário são a evidência clara de que essas empresas e os seus empreendedores souberam reagir aos novos desafios, adoptando uma estratégia de mudança que permitiu o “ataque” ao mercado global com ferramentas de inovação e “design”, para aumentar a sua competitividade, ao invés da utilização de instrumentos caducos e artificiais de desvalorizações cambiais, como ocorreu no passado.

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