JOÃO CANTIGA ESTEVES 10/02/2014 - 21:06
O ano de 2013 em Portugal encerrou com um saldo significativamente positivo
no que se refere aos números do comércio internacional. Apesar de algum pessimismo
que anunciava que a capacidade de exportar do país se estava a esgotar, é
interessante constatar que a economia real apresenta dinâmicas e tendências que
frequentemente surpreendem decisores políticos e analistas mais propensos
ao imediatismo.
Efectivamente, o empenho das empresas e dos seus empreendedores, associado
à detecção de oportunidades com a consequente tomada de decisão através da
análise e avaliação rigorosa de riscos, pode produzir resultados positivos para
a designada economia real portuguesa, apesar do enorme ruído que vai povoando a
esfera política, pública e estatal!
No 4o trimestre de 2013, as exportações portuguesas cresceram
6,4%, face ao período homólogo de 2012, enquanto as importações cresceram 3,3%
em igual período. Estes valores permitiram que o ano de 2013 tenha encerrado
com um acréscimo de 4,6% (+5,7% em 2012) nas exportações e de 0,8% (-5,2% em
2012) nas importações, permitindo que a taxa de cobertura tenha atingido 83,6%
em 2013, face a 80,6% em 2012, comparável ainda com níveis de cerca de 60% a
65% durante a Ia década do século XXI.
Estes valores conseguidos são determinantes para o nosso equilíbrio
externo, nomeadamente através da redução de 1630 milhões de euros no défice da
balança comercial.
Quanto aos países de destino das nossas exportações, é de salientar o
acréscimo de 3,4% (face a 0,9% em 2012) no comércio Intra-UE enquanto no mundo
Extra-UE o crescimento foi de 7,7% (19,6% em 2012). Apesar de algum
abrandamento nestes crescimentos, é de salientar que 2013 representou o quarto
ano consecutivo de aumento das exportações. O último ano de queda acumulada
ocorreu em 2009 com uma redução acentuada de 18,4%.
Verifica-se que a mensagem de centrar a dinâmica de crescimento no sector
exportador foi, claramente, captada e absorvida pelas empresas, com estratégias
que ultrapassam o universo da UE, respondendo também aos desafios da
globalização, confirmando que só estas é que têm capacidade de proporcionar um
crescimento económico sustentável ao país e uma criação de emprego com
características duradouras.
De facto, quanto ao Grupo de Produtos exportados para fora da UE, apesar
de, em volume, os combustíveis minerais, máquinas e aparelhos e metais comuns
contribuírem de forma determinante para o sector exportador, apresentando
crescimentos significativos em 2012, merece realce o facto de as exportações de
calçado terem tido um crescimento em 2013 de 46,2%, face a 2012, produtos de Ótica e Precisão 35,9%, plásticos e borracha
14,9%, produtos agrícolas 14,5% e vestuário cerca de 13,5%.
É certo que a base inicial de alguns destes produtos é, ainda, baixa mas
estes valores podem ser sinais de que o sector produtivo da economia portuguesa
está, de facto, a alterar-se e que esta conquista de novos mercados pode
significar que as nossas empresas estão a tornar-se mais competitivas.
Os sectores do calçado (com recorde absoluto de exportações para fora da UE
em 2013) e do vestuário são a evidência clara de que essas empresas e os seus
empreendedores souberam reagir aos novos desafios, adoptando uma estratégia de
mudança que permitiu o “ataque” ao mercado global com ferramentas de inovação e
“design”, para aumentar a sua competitividade, ao invés da utilização de
instrumentos caducos e artificiais de desvalorizações cambiais, como ocorreu no
passado.
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