MARIA LOFES e SÉRGIO
C. ANDRADE 05/02/2014 - 10:27 (actualizado às11:54)
Acção visa, desta
vez, a ministra das Finanças, o secretário de Estado da Cultura e a Christie’s. Cavaco Silva não comenta, mas diz
que a colecção foi usada "com o arma de arremesso na luta política e
partidária".
Depois do chumbo da
primeira acção interposta no início desta semana, que foi indeferida na
terça-feira de manhã pelo Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa (TACL),
mas acabaria por levar à suspensão da venda da colecção dos 85 quadros de Miró
pela Christie’s de Londres, o Ministério Público
(MP) avançou no mesmo dia com uma nova providência cautelar.
A notícia foi avançada pela Antena 1, que, na manhã desta quarta-feira,
explicou que a nova acção, igualmente apresentada noTACL, "baseia-se na ilegalidade da
saída das obras de Joan Miró de Portugal, que é
admitida na sentença da primeira providência cautelar".
A rádio pública avança que
os visados desta segunda acção são a ministra das Finanças, o secretário de
Estado da Cultura e a própria leiloeira Christie’s, que acabou por cancelar
o leilão dos desenhos e pinturas perto da hora
marcada para o seu início, na tarde de terça-feira. Todos os visados já foram citados por correio electrónico e, esta
quarta-feira, vão receber a citação por carta.
Com esta segunda
providência cautelar, o Ministério Público - diz a Antena 1 - visa suspender
todos os actos que possam permitir a saída da colecção Miró que foi reunida pelo
BPN.
Recorde-se que, na
terça-feira à tarde, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier,
reafirmou a intenção do Governo de avançar com a venda da colecção Miró,
considerando que a prioridade é "liquidar a dívida do BPN com os activos do
BPN”.
Não nos foi possível, até
ao momento, confirmar esta nova acção do MP. No entanto, Jorge Barreto Xavier e
Maria Luís Albuquerque estiveram presentes esta manhã no convento de São
Francisco, em Lisboa, para a assinatura do protocolo de alargamento do Museu de
Arte Contemporânea do Chiado e, quando questionados pelos jornalistas sobre o
caso da venda ilegal das obras de Miró e sobre a segunda providência cautelar
avançada pelo Ministério Público, ambos disseram que não iriam comentar
o assunto.
Também o Presidente da
República recusou comentar a polémica em volta da colecção de Miró. “Tendo os
quadros emergido como arma de arremesso na luta política e partidária, e tendo
havido uma decisão de uma
juíza, eu não devo comentar o assunto”, respondeu Cavaco Silva esta
quarta-feira ao fim da manhã quando questionado sobre o assunto à saída da
inauguração da sede do grupo Novartis, em Oeiras.
Já o deputado José
Magalhães, um dos cinco parlamentares socialistas que, no final de Janeiro,
avançaram com a providência cautelar, acha que a nova iniciativa do MP “é o
desenvolvimento inteiramente coerente e adequado às decisões anteriores”,
chamando a atenção para o texto do acórdão do TACL e o diagnóstico que ele faz
do processo.
José Magalhães esclarece
que o caso vai agora continuar a ser tratado pelo Tribunal, cujas decisões o PS
“aceita e acata”. E que, do ponto de vista político, o PS já requereu, esta
terça-feira, na Assembleia da República, a presença do secretário de Estado da
Cultura, Jorge Barreto Xavier, para ser inquirido sobre o processo.
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