No Pariamento
Europeu, na segunda-feira, Draghi deu como certo um programa para um “período
transitório” franq LENOIR/RELfTERS
PEDRO CRISÓSTOMO
17/12/2013 -18:51
“Cabe exclusivamente às
autoridades portuguesas decidir sobre um possível novo programa” enfatizou esta
terça-feira o presidente do BCE.
Depois de admitir que
Portugal precisará de um programa transitório após terminar o actual empréstimo
de 78 mil milhões de euros, o presidente do Banco Central Europeu (BCE) veio
nesta terça-feira enfatizar que cabe ao Governo de Pedro Passos Coelho decidir
sobre esse eventual programa.
Numa curta declaração
enviada esta tarde às redacções pela autoridade monetária, Mário Draghi refere
que “cabe exclusivamente às autoridades portuguesas decidir sobre um possível
novo programa”.
Enquanto o
responsável máximo do BCE fechava ontem
a porta, de forma implícita, a uma ‘saída limpa’ do
actual resgate financeiro (uma expressão que
se popularizou sobre o fim do resgate irlandês), a ministra das Finanças, Maria
Luís Albuquerque, colocava ainda ontem em cima da mesa dois cenários: a saída
sem um novo programa e a saída com um novo programa.
O cenário referido na
segunda-feira no Parlamento Europeu por Mario
Draghi afasta aquela
primeira solução, mas não explicita a segunda. Sobre “um possível novo
programa", que agora volta a admitir, “cabe exclusivamente” a Portugal
decidir. A solução de negociar com os parceiros um eventual novo plano poderá,
assim, passar por dois caminhos: um novo resgate ou o chamado “programa
cautelar”, uma linha preventiva através do Mecanismo Europeu de Estabilidade,
condição para Portugal poder aceder ao programa de compra de dívida pública por
parte do BCE no mercado secundário (de troca de dívida pública entre
investidores).
No Parlamento
Europeu, Mario Draghi considerou ser
cedo para dizer quando é que Portugal estará em condições para “sair disto” [do
acompanhamento europeu]. E frisou que, durante o “período transitório, haverá
um programa, haverá um programa adaptado à situação durante esse período de
tempo. Teremos que ver que tipo de forma é que esse programa terá”. Draghi
respondia a uma pergunta colocada pelo eurodeputado do CDS-PP, Diogo Feio (“No
caso de Estados que possam necessitar de um período transitório para sair do
programa e acederem aos mercados, que tipo de condicionalidades é que lhes
poderão vir no futuro a ser impostas?”).
Em Lisboa, onde com
Paulo Portas apresentou as conclusões da décima avaliação da troika, a ministra
das Finanças enfatizou que o Governo terá de avaliar qual é a melhor opção. “Se
devemos optar por um programa cautelar ou se devemos optar por uma saída sem
programa cautelar”. E procurando explicar o que é um programa cautelar,
afirmou: “Um programa cautelar funcionará, ou funcionaria, como um seguro. E os
seguros, como nas nossas decisões pessoais, também dependem do prémio”.
O Governo foi pressionado pela
oposição a pronunciar-se sobre
a questão. O PS e o Bloco de
Esquerda acusam o executivo de Passos Coelho de esconder a negociação sobre a
saída do resgate, o PSD diz que não há qualquer negociação oculta.
No rescaldo das
declarações de Draghi no Parlamento Europeu e um dia depois da conclusão das
negociações da décima avaliação da troika,
as taxas de juro das obrigações portuguesas transaccionadas no mercado
secundário não sofreram grandes oscilações. Pela dívida com um prazo de dez
anos, os juros implícitos pedidos pelos investidores manteve-se
nos 6%.
Sem comentários:
Enviar um comentário