Ana Pimentel
FUTURO DA GRÉCIA
Primeiro-ministro grego acredita que vai conseguir acordo para financiamento temporário em 15 dias.
Alexis Tsipras diz que não é possível pagar a dívida da Grécia agora, mas que quer pagá-la.
Alexis Tsipras disse este domingo, no Parlamento grego, que Atenas está à procura de um programa ponte que permita o financiamento do país até junho.
O primeiro-ministro grego disse que acredita que o acordo para o programa transitório vai ser alcançado em 15 dias, que a decisão de cumprir com as promessas eleitorais é “irrevogável” e que “a crise precisa de uma solução europeia”.
Na sexta-feira, o presidente do Eurogrupo avisou que não vai haver empréstimos ponte para a Grécia, mas Alexis Tsipras mostrou-se confiante.
A dívida pública grega é de 320 mil milhões de euros, ou seja 175% do PIB do país, segundo a Bloomberg.
Tsipras adiantou este domingo que a Grécia quer cumprir com o pagamento da sua dívida e que a prioridade do Governo é aliviar a crise humanitária que se vive no país.
O primeiro-ministro grego garantiu que não vai pedir uma extensão do resgate e que a prioridade do Governo é recuperar a soberania popular e pôr fim à crise social, avançando que “não vai aceitar ordens enviadas por email”.
Tsipras adiantou que o seu Governo vai ser aquele que vai cumprir com a sua palavra e que não vai “desiludir” quem votou nele.
“Temos um plano realista e uma tática de negociação forte. Não servimos outros interesses que não sejam os dos gregos”, disse, acrescentando que “a austeridade não é uma norma da União Europeia” e que vai lutar por servir os interesses do povo grego.
O primeiro-ministro disse ainda que vai fazer da Grécia um país economicamente autónomo.
Principais propostas apresentadas por Tsipras no Parlamento grego:
- Aumentar salário mínimo para 751 euros até 2016, de forma gradual
- Aumentar salário mínimo para jovens trabalhadores
- Libertar do pagamento de impostos quem ganhe até 12 mil euros por ano
- Restaurar as negociações coletivas de trabalho
- Cortar metade da frota dos 7500 carros que pertencem aos ministérios do país
- Vender um dos três aviões do Governo
- Criar um novo canal de televisão público
- Reduzir os colaboradores do gabinete do primeiro-ministro para metade
- Reduzir o pessoal da segurança num terço
- Não vai aumentar a idade da reforma, nem cortar pensões
- Vai atribuir subsídio de Natal para os pensionistas com baixo rendimento
- Vai apoiar investimento privado
- Vai exigir o pagamento da dívida alemã à Grécia referente à Segunda Guerra Mundial
- Não vai permitir que bancos executem hipotecas relativas às residências principais
- Governo vai exercer direitos de acionista sobre bancos
- Não vai vender rede de infraestruturas grega
- Vai criar um banco de fomento
- Programa de investimento público grego não deve entrar para as contas do défice
- Vai simplificar e modernizar a função pública
- Vai rever legislação que incide sobre bancos resgatados
- Reestruturar dívidas fiscais em atraso
- Vai criar um novo imposto para propriedades de valor elevado
- Vai lutar contra a evasão fiscal
- Vai voltar a contratar os funcionários públicos que foram “ilegalmente” despedidos
- Alimentação e eletricidade grátis para aqueles que foram mais atingidos pela crise económica
Faz este domingo duas semanas que o Syriza ganhou as eleições gregas e desde então que se desdobrou em contactos internacionais num périplo para apresentar as principais linhas do plano do novo governo grego.
Tanto Alexis Tsipras como Yanis Varoufakis encontraram-se com vários responsáveis europeus e não chegaram com boas notícias a Atenas.
Depois da simpatia francesa e italiana, Varoufakis embateu no bloco alemão.
Na semana passada, o ministro grego das finanças encontrou-se com Wolfgang Schäuble e do encontro não saiu uma solução.
A reunião aconteceu no mesmo dia em que o Banco Central Europeu decidiu deixar de aceitar dívida grega como garantia para os empréstimos aos bancos da zona euro.
O programa de assistência à Grécia termina no final deste mês e os gregos tinham como intenção negociar um programa ponte para garantir financiamento até maio e depois negociar uma solução mais permanente para a dívida pública grega.
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