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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Je suis, somos todos, Charlie

Henrique Monteiro 15:31 Quarta feira, 
7 de janeiro de 2015

Chegou, de facto, a altura de dizer que nós somos Charlie Hebdo. 
Porque nós gostamos do humor, seja acerca de Maomé, Jeová, Jesus Cristo ou Buda. 
Porque nós não confundimos o respeito e a tolerância devida a todos, com a possibilidade de nos rirmos e de vivermos. 
De achar que Maomé tem um mau feitio pior ainda que o Jeová do Antigo Testamento e que o seu filho Jesus Cristo, era um totó que achava que a humanidade se converteria pelo exemplo (e Buda um tipo a necessitar urgentemente de ir ao ginásio).

Nós somos Charlie porque não temos medo de idiotas que acham que vão para o céu e depois não vão. 
Hão de estar num sítio escuro, ou escondidos da polícia, ou escondidos do Deus bondoso e risonho, o único que todas as teologias permitem. 
E somos mais Charlie ainda, porque não tendo medo, não ripostamos: não proibimos Mesquitas como vocês proíbem Igrejas. 
Não decapitamos inocentes e, se alguns dos nossos países têm pena de morte, não é por motivos religiosos, nem por blasfémia. 
Ultrapassámos essa fase há séculos, seus retardados mentais.

E somos amigos dos verdadeiros muçulmanos. 
Em particular daqueles que gostam da vida - conheci tantos em África e noutras paragens. Tipos porreiros que estão cheios de vergonha por ter entre os membros da sua crença gente sem piedade, cobarde e sem vergonha.

Somos Charlie. 
Quando eu era diretor do Expresso publicámos os cartoons de Maomé que fizeram pessoas como vocês atacar um jornal na Dinamarca. 
Somos Charlie porque defendemos o direito de Salman Rushdie a dizer o que pensa. 
E somos Charlie porque respeitamos as crenças - todas elas, inclusive o islamismo dos nossos queridos amigos portugueses, da boa comunidade ismaelita, sunita ou xiita que entre nós vivem em paz. 
Rimo-nos da vossa intolerância e da vossa crença idiota em como hão de ter 70 ou 90 virgens à vossa espera. 
Verão que todas têm mais de 100 anos. 
Hão de arrepender-se! 
E remoer-se! 
E os remorsos que tiverem nem sequer hão de ser amaciados por uma prostituta, como os de Raskolnikov, no Crime e Castigo, porque vocês gastam as pestanas a ler suras e nem sequer leem boa literatura!

Que ganharam com isto, seus parvos? 
Pensam que vamos dar força aos que querem expulsar os islâmicos da Europa? 
Não vamos. 
São bem vindos, porque como costumamos dizer, Bem vindo seja quem vier por bem!


Para vós temos um provérbio do Norte de África: Os cães ladram, mas a caravana passa!

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