O oojectivo continua a ser manter o euro no seu formato, diz Merkel.
Mas a margem para acomodar novas exigências de Atenas é muita curta, avisa Gabriel
GRÉCIA TESTA SOLIDEZ DA ZONA EURO
EVA GASPAR
Terça-feira, 6 de Janeiro de 2015
A saída do euro estará a ser avaliada. Mas até às
eleições, a Europa continuará a bater em duas teclas: que é tão legítimo os
gregos decidirem em quem os vai governar como esperar que o prometido por
Atenas seja cumprido por quem for eleito.
A saída de um país do euro não está sequer prevista
nos Tratados, ao invés do que sucede em relação à pertença à própria União Europeia.
Mas este é muito provavelmente um cenário que está a
ser avaliado nos bastidores de várias capitais europeias, à medida que se
aproxima o dia 25 e as sondagens confirmam a probabilidade de a Grécia passar a
ser liderada pelo Syriza.
O partido de extrema-esquerda quer um novo perdão da
dívida pública (agora quase na totalidade nas mãos dos contribuintes dos demais
países europeus) e promete também reverter parte das medidas de austeridade
adoptadas nestes quatro anos em que o país recebeu dois empréstimos
internacionais, o que tenderá a evaporar num ápice o actual excedente primário
orçamental que teoricamente permitiria à Grécia voltar as costas aos credores e
passar a financiar-se com os impostos que arrecada.
Não obstante, “Grexit” não existe.
De Berlim a Paris passando por Bruxelas, o discurso
oficial assenta na linha de que os gregos têm toda a legitimidade para decidir
quem os vai governar, da mesma forma que os demais governos têm legitimidade
para exigir ao novo Executivo de Atenas que cumpra o acordado, sendo o
objectivo manter a Zona Euro estável e intacta.
“O objectivo tem sido o de estabilizar a Zona Euro
com todos os membros a bordo, incluindo a Grécia.
Esse objectivo não mudou”, assegurou nesta
segunda-feira Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã Angela Merkel
(CDU).
O porta-voz respondia desta forma a um artigo do
semanário alemão Der Spiegel, segundo o qual o Governo alemão “considera que a
saída [da Grécia] da Zona Euro é quase inevitável se o líder da oposição,
Alexis Tsipras, vier a liderar o Governo após a eleição, abandonando a
disciplina orçamental e não pagando as dívidas do país”.
“Os gregos são livres
de decidir o seu destino.
Dito isto, há
determinados compromissos que foram assumidos e todos eles devem naturalmente
ser respeitados”, secundou, em Paris, o presidente François Hollande.
“A pertença à Zona
Euro é irrevogável”, rebateu, em Bruxelas, uma porta-voz da Comissão Europeia.
BCE e banco central
grego estarão a preparar planos de contingência
O objectivo continua a ser manter o euro no seu
formato actual, mas a margem para acomodar novas exigências de Atenas será
muito curta, até porque a Zona Euro estará hoje mais imune a efeitos de
contágios.
Isso explica o “porquê de não podermos ser
chantageados e o porquê de esperarmos que o governo grego, independentemente de
quem o lidere, cumpra os acordos feitos com a União Europeia ”, avisou ontem o
ministro alemão da Economia e líder do SPD, partido social-democrata que
governa em coligação com a CDU de Merkel, acabando por implicitamente
confirmar que o cenário de uma eventual saída da Grécia do euro não está
fechado numa gaveta.
Segundo alguma imprensa, Yannis Stournaras, antigo
ministro grego das Finanças e actual governador do banco central da Grécia, e
Mario Draghi, presidente do BCE, vão reunir-se nesta quarta-feira em Frankfurt
para preparar medidas de contingência para a eventualidade de uma vitória ampla
do Syriza provocar uma fuga de depósitos.
As sondagens mais recentes, citadas pela Reuters, dão
vantagem à coligação da esquerda radical liderada por Alexis Tsipras com
30,4%.
Mais perto do que em anteriores, surge agora, com
27,3% das intenções de voto, o partido Nova Democracia, do ainda
primeiro-ministro Antonis Samaras. ■ DS
«O objectivo tem sido o de estabilizar a Zona Euro com todos os membros a bordo, incluindo a Grécia.
Esse obejectivo não mudou»
STEFFEN SEIBERT
Porta-voz da chanceler alemã Angela Merkel (CDU)
«[A Europa] não pode mais ser chantageada.»
SIGMAR GABRIEL
Ministro alemão da Economia e líder do SPD
«Os gregos são livres de dicidir o seu destino.
Dito isso, há compromissos que foram assumidos e todos devem ser respeitados»
FRANÇOIS HOLLANDE
Presidente Francês
«A pertença à Zona Euro é irrevogável.
A única declaração que interessa é que os eleitores gregos farão a 25 de Janeiro»
ANNIKA BREIDTHARDT
Porta-voz da Comissão Europeia
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