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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Europa lembra à Grécia que o prometido é devido

O oojectivo continua a ser manter o euro no seu formato, diz Merkel. 
Mas a margem para acomodar novas exigências de Atenas é muita curta, avisa Gabriel
GRÉCIA TESTA SOLIDEZ DA ZONA EURO
EVA GASPAR

Terça-feira, 6 de Janeiro de 2015
A saída do euro estará a ser avaliada. Mas até às eleições, a Europa continuará a bater em duas teclas: que é tão legítimo os gregos decidirem em quem os vai governar como esperar que o prometido por Atenas seja cumprido por quem for eleito.

A saída de um país do euro não está sequer prevista nos Tratados, ao invés do que sucede em relação à pertença à própria União Europeia.
Mas este é muito provavelmente um cenário que está a ser avaliado nos bastidores de várias capitais europeias, à medida que se aproxima o dia 25 e as sondagens confirmam a probabilidade de a Grécia passar a ser liderada pelo Syriza.

O partido de extrema-esquerda quer um novo perdão da dívida pública (agora quase na totalidade nas mãos dos contribuintes dos demais países europeus) e promete também reverter parte das medidas de austeridade adoptadas nestes quatro anos em que o país recebeu dois empréstimos internacionais, o que tenderá a evaporar num ápice o actual excedente primário orçamental que teoricamente permitiria à Grécia voltar as costas aos credores e passar a financiar-se com os impostos que arrecada.
Não obstante, “Grexit” não existe.

De Berlim a Paris passando por Bruxelas, o discurso oficial assenta na linha de que os gregos têm toda a legitimidade para decidir quem os vai governar, da mesma forma que os demais governos têm legitimida­de para exigir ao novo Executivo de Atenas que cumpra o acordado, sen­do o objectivo manter a Zona Euro estável e intacta.

“O objectivo tem sido o de esta­bilizar a Zona Euro com todos os membros a bordo, incluindo a Gré­cia.
Esse objectivo não mudou”, as­segurou nesta segunda-feira Steffen Seibert, porta-voz da chanceler ale­mã Angela Merkel (CDU).

O porta-voz respondia desta forma a um ar­tigo do semanário alemão Der Spiegel, segundo o qual o Governo ale­mão “considera que a saída [da Gré­cia] da Zona Euro é quase inevitável se o líder da oposição, Alexis Tsipras, vier a liderar o Governo após a elei­ção, abandonando a disciplina orça­mental e não pagando as dívidas do país”.

“Os gregos são livres de decidir o seu destino.
Dito isto, há determina­dos compromissos que foram assu­midos e todos eles devem natural­mente ser respeitados”, secundou, em Paris, o presidente François Hollande.
“A pertença à Zona Euro é irrevogável”, rebateu, em Bruxe­las, uma porta-voz da Comissão Eu­ropeia.

 BCE e banco central grego estarão a preparar planos de contingência

 O objectivo continua a ser man­ter o euro no seu formato actual, mas a margem para acomodar novas exi­gências de Atenas será muito curta, até porque a Zona Euro estará hoje mais imune a efeitos de contágios.
Isso explica o “porquê de não poder­mos ser chantageados e o porquê de esperarmos que o governo grego, independentemente de quem o lidere, cumpra os acordos feitos com a União Europeia ”, avisou ontem o ministro alemão da Economia e lí­der do SPD, partido social-democrata que governa em coligação com a CDU de Merkel, acabando por im­plicitamente confirmar que o cená­rio de uma eventual saída da Grécia do euro não está fechado numa ga­veta.
Segundo alguma imprensa, Yannis Stournaras, antigo ministro grego das Finanças e actual gover­nador do banco central da Grécia, e Mario Draghi, presidente do BCE, vão reunir-se nesta quarta-feira em Frankfurt para preparar medidas de contingência para a eventualidade de uma vitória ampla do Syriza pro­vocar uma fuga de depósitos.

As sondagens mais recentes, ci­tadas pela Reuters, dão vantagem à coligação da esquerda radical lide­rada por Alexis Tsipras com 30,4%.
Mais perto do que em anteriores, surge agora, com 27,3% das inten­ções de voto, o partido Nova Demo­cracia, do ainda primeiro-ministro Antonis Samaras.  DS

«O objectivo tem sido o de estabilizar a Zona Euro com todos os membros a bordo, incluindo a Grécia.
Esse obejectivo não mudou»
STEFFEN SEIBERT
Porta-voz da chanceler alemã Angela Merkel (CDU)

«[A Europa] não pode mais ser chantageada.»
SIGMAR GABRIEL
Ministro alemão da Economia e líder do SPD

«Os gregos são livres de dicidir o seu destino.
Dito isso, há compromissos que foram assumidos e todos devem ser respeitados»
FRANÇOIS HOLLANDE
Presidente Francês

«A pertença à Zona Euro é irrevogável.
A única declaração que interessa é que os eleitores gregos farão a 25 de Janeiro»
ANNIKA BREIDTHARDT
Porta-voz da Comissão Europeia

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