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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Grécia causa tensão no Governo de coligação da Alemanha

Líder do SPD diz que não há nem nunca houve planos alternativos à permanência da Grécia na zona euro.
5/1/2015, 11:36
EDGAR CAETANO
Continua a dar que falar a notícia da revista Der Spiegel, de que o Governo alemão estaria disposto a deixar a Grécia sair da zona euro caso o Syriza venha a vencer as eleições de 25 de janeiro.

Sigmar Gabriel, vice-chanceler alemão e líder do segundo partido da coligação liderada por Angela Merkel, recusa a ideia de que o Governo está disposto a deixar a Grécia sair da zona euro caso o partido de esquerda radical Syriza vença as eleições de 25 de janeiro. Essa tinha sido a mensagem passada numa notícia publicada no domingo pela revista Der Spiegel e que citava “fontes do círculo de Merkel”. 
Em entrevista a uma outra publicação alemã, Sigmar Gabriel, do partido SPD, garante esta segunda-feira que “a expectativa” do Executivo “é que o Governo grego – seja ele quem for – respeite os acordos com a União Europeia“. 
Deixou, contudo, o aviso: “A Europa não se deixará chantagear“.

“O objetivo de todo o Governo federal, da União Europeia e do próprio Governo de Atenas é manter a Grécia na zona euro. 
Não há nem nunca houve quaisquer planos alternativos“, garantiu Sigmar Gabriel, em entrevista ao Hannover Allgemeine Zeitung.

A Der Spiegel dizia no domingo, citando três fontes próximas do Executivo liderado por Angela Merkel, que “o Governo alemão considera que a saída [da Grécia] da zona euro é quase inevitável se o líder da oposição, Alexis Tsipras, vier a liderar o Governo após a eleição, abandonando a disciplina orçamental e não pagando as dívidas do país”. 
Horas depois da publicação, o porta-voz do Governo veio reagir à notícia dizendo que “a Grécia cumpriu as suas obrigações no passado. 
O Governo assume que a Grécia vai continuar a cumprir os seus compromissos contratuais” com os seus credores.

A imprensa alemã desta segunda-feira conta com várias notícias que dão conta da tensão gerada por esta notícia do Der Spiegel e da reação do Governo alemão, numa altura em que já arrancou na Grécia a campanha eleitoral para as eleições de 25 de janeiro e o Syriza continua a liderar as sondagens. 
Os membros do SPD estão a querer demarcar-se não só das “fontes próximas do Governo” citadas pelo Der Spiegel mas, também, dos vários responsáveis próximos da CDU de Merkel que se mostraram irritados com a queda do Governo na Grécia. 
O último foi Michael Fuchs, próximo de Merkel, que a 31 de dezembro afirmou que “os dias em que tínhamos de salvar a Grécia acabaram. 
Já não há potencial para chantagem política. 
A Grécia já não tem uma importância sistémica para a zona euro”, garantiu Michael Fuchs.

Na entrevista a Sigmar Gabriel publicada esta segunda-feira, também o líder do SPD garantiu, contudo, que não há espaço para “chantagem” na política europeia. 
O responsável não quer, no entanto, ouvir falar numa saída da Grécia da zona euro. 
Algo que, segundo a notícia do Der Spiegel de domingo, o Governo alemão considera “gerível” graças à União Bancária e porque países como a Irlanda e Portugal são considerados “reabilitados”.

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