Carlos Ferro 13 Setembro 2018 — 12:57
Quando contratos de jogadores de futebol, acordos entre clubes e empresários, emails e números de telefone de magistrados ficam online.
Os ataques de hackers têm mostrado, com alguma regularidade, que ainda há muito caminho a percorrer no que diz respeito à segurança de serviços informáticos que deveriam ser, pela informação que reúnem, impenetráveis.
Em alguns casos, os responsáveis pelos ataques "prendem" as páginas com a instalação de vírus e em vez de divulgar de imediato os dados recolhidos pedem um resgate. Um dos casos mais recentes noticiados em Portugal aconteceu no início de agosto quando foi detetado no sistema informático dos hospitais da CUF um vírus denominado SamSam que paralisou o acesso aos computadores. Os hackers terão pedido um resgate em bitcoins que o grupo Mello Saúde adiantou que não pagaria.
Eis alguns casos de ataques noticiados em Portugal.
Quem eram os agentes da PSP
Em novembro de 2011, um grupo intitulado Lulzsec Portugal colocou online os dados pessoais de mais de uma centena de efetivos da Polícia de Segurança Pública. Esta divulgação surgiu após a manifestação associada à greve geral de dia 24 deste mês e os responsáveis do Lulzsec anunciaram que esta atitude era uma represália pelos alegados atos de violência que terão sido praticados pelos polícias.
Neste caso, possível pelo acesso aos computadores do Ministério da Administração Interna, foram divulgados o nome, posto, número de identificação, local de trabalho, cargo, número de telefone e email.
Dados pessoais de árbitros portugueses
Moradas, contactos telefónicos e até nome dos pais, de 25 árbitros portugueses foram divulgados na net a 21 de março de 2012 num site com endereço alojado em Los Angeles.
Esta informação incluía a identificação bancária e fiscal dos juízes que dirigiam jogos das ligas profissionais portuguesas.
Ataques a bancos e PGR
No final de agosto de 2014, o grupo Anonymous atacou os sites do Banco de Portugal, do Novo Banco e do Ministério da Agricultura. Nesta altura, um outro grupo - SlowGov09 - expôs contactos e emails, por exemplo, de elementos de vários ministérios e da Procuradoria-Geral da República.
Telefones de magistrados
No dia em que se assinalava o 40.º aniversário do 25 de abril, em 2014, o grupo Anonymous atacou a Procuradoria-Geral da República e o Sistema de Informação do Ministério Público.
Com esta ação colocou online milhares de dados pessoais, números de telefones por exemplo, de magistrados e outros funcionários do MP.
Registos em site de encontros
Mais de 30 milhões de pessoas, incluindo cidadãos nacionais, viram os seus dados pessoas divulgados depois de um grupo de piratas informáticos terem acedido ao sistema do site de encontros Ashley Madison.
Nesta ação foram divulgados, por exemplo, dados de cartões de crédito, números de telefone e nomes de utilizadores.
Contratos e mails
A divulgação que terão sido obtidos na sequência de acessos indevidos aos computadores do Benfica foi uma das ações de hackers que mais divulgação mediática recebeu nos últimos anos.
Além dessas mensagens eletrónicas que foram sendo divulgadas em programas televisivos, foram conhecidos contratos de trabalho assinados entre jogadores e clubes de futebol, compromissos assinados entre os clubes e empresários e a utilização de offshores pelos dirigentes desportivos. A grande maioria desses documentos divulgados num site conhecido como Football Leaks, cujo autor se suspeita ser o mesmo que teve acesso também aos computadores do Benfica e que tem divulgado a correspondência do clube.
Não são hackers, mas divulgam dados
Wikileaks, Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, Chelsea Manning ou Edward Snowden. Não são grupos de piratas informáticos ou mesmo hackers, mas foram os protagonistas de algumas das principais "tempestades" mediáticas dos últimos anos.
Edward Snowden
A Wikileaks recebe documentos de fontes anónimas e publica-os no seu site, a sua principal cara é Julian Assange que está desde 16 de agosto de 2012 a viver na embaixada do Equador em Londres.
O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação foi o responsável pela divulgação dos documentos retirados por uma fonte anónima dos computadores da Sociedade de Advogados Mossack Fonseca. O Consórcio teve acesso a informação de mais de 200 mil empresas existentes em paraísos fiscais, incluindo os nomes dos acionistas e administradores.
Chelsea Manning (anteriormente conhecida como Bradley Manning) foi presa e acusada de acesso e divulgação de informações secretas que resultaram num caso que ficou conhecido como Cablegate, pois diziam respeito a correspondência diplomática dos EUA e que foram publicados pela Wikileaks e alguns jornais internacionais.
Chelsea Manning
Edward Snoden foi analista de sistemas na CIA, tendo trabalhado também para a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) e divulgou detalhes de vários programas do sistema de vigilância da NSA, entregando documentos aos jornais The Guardian e The Washington Post.
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