RÚSSIA
João Ruela Ribeiro
29 de Agosto de 2018, 15:49
A braços com uma queda de popularidade sem precedentes, o Presidente russo veio a público defender a subida da idade da reforma e fez algumas promessas.
O Presidente russo, Vladimir Putin, veio a público defender a necessidade de aumentar a idade da reforma, uma das medidas mais contestadas pelo eleitorado e que lhe valeram uma queda acentuada nos índices de popularidade.
Embora não abdique da legislação, Putin prometeu que o aumento da idade da reforma para as mulheres será mais reduzido.
Em 2014, a anexação da Crimeia valeu ao líder russo uma popularidade na ordem dos 80%, que praticamente não desceu desse patamar desde então, sobrevivendo ao isolamento internacional, à desvalorização do rublo, à queda do preço do petróleo e até às revelações de casos de corrupção no seio do Governo.
Porém, o consenso em torno de Putin, no poder desde 2000, sofreu um abalo sem precedentes após o anúncio da intenção do Governo de aumentar a idade da reforma para os 65 anos.
A medida foi anunciada no dia em que o Campeonato do Mundo se iniciava em Moscovo, mas mesmo assim as ruas das principais cidades russas encheram-se de protestos poucas vezes vistos contra o Governo.
Os opositores da medida mostraram-se revoltados contra uma subida que consideram injusta – a esperança média de vida para os homens russos é 66 anos.
Para além da contestação nas ruas, a popularidade do próprio Putin caiu de 82% em Abril para 67% em Julho, de acordo com os dados recolhidos pelo Centro Levada.
Num aguardado discurso televisivo nesta quarta-feira, Putin veio justificar publicamente a necessidade da medida, acenando com profundas dificuldades económicas e aumento generalizado da pobreza se nada for feito.
“O desenvolvimento demográfico, as tendências do mercado de trabalho e uma análise objectiva da situação mostram que não podemos adiar isto por mais tempo”, afirmou o Presidente russo, que sublinhou ter sido sempre contra aumentos da idade da reforma.
Para tentar conter a onda de críticas, Putin anunciou algumas alterações para suavizar a medida, incluindo um aumento da idade da reforma das mulheres para os 60 anos, e não 63 como estava planeado inicialmente.
“Temos uma atitude especial e carinhosa para as mulheres neste país”, afirmou Putin.
O Presidente prometeu ainda que as alterações à idade da reforma vão permitir a manutenção do valor das pensões (em média 14 mil rublos, cerca de 180 euros) e até algumas subidas no futuro.
joao.ruela@publico.pt
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