Rui Tavares
16 de Julho de 2018, 7:00
Quer gostemos ou não deles, os presidentes democráticos sabem que quem anda à chuva molha-se.
Para escrever esta crónica tive de ir procurar o nome completo da presidente da Croácia, Kolinda Grabar-Kitarovic.
E ao preencher as palavras “presidente d...” no motor de pesquisa da internet reparei que a sugestão automática era logo “...da Croácia”.
Ainda antes de “Presidente de Portugal” ou “Presidente dos EUA”.
Se bem entendo como funcionam estas coisas, isto quer dizer que à mesma hora milhões de pessoas procuravam o nome da presidente da Croácia.
E ao preencher as palavras “presidente d...” no motor de pesquisa da internet reparei que a sugestão automática era logo “...da Croácia”.
Ainda antes de “Presidente de Portugal” ou “Presidente dos EUA”.
Se bem entendo como funcionam estas coisas, isto quer dizer que à mesma hora milhões de pessoas procuravam o nome da presidente da Croácia.
Tal facto é testemunho da força que tem um acontecimento como uma final de um campeonato mundial de futebol como a de ontem, na qual a França se sagrou campeã por 4-2 contra a Croácia.
Ambas as equipas fizeram um percurso extraordinário, a França tornou-se bicampeã com um futebol emocionante, a Croácia foi finalista pela primeira vez com uma incrível capacidade de resistência, nada disso está evidentemente em questão.
Mas depois há o mundo para lá do futebol, e nesse mundo não é todos os dias que um país como a Croácia, com quatro milhões de habitantes, está sob os olhares globais como esteve ontem, num campeonato de visibilidade planetária a que a França está mais do que habituada.
Ambas as equipas fizeram um percurso extraordinário, a França tornou-se bicampeã com um futebol emocionante, a Croácia foi finalista pela primeira vez com uma incrível capacidade de resistência, nada disso está evidentemente em questão.
Mas depois há o mundo para lá do futebol, e nesse mundo não é todos os dias que um país como a Croácia, com quatro milhões de habitantes, está sob os olhares globais como esteve ontem, num campeonato de visibilidade planetária a que a França está mais do que habituada.
Quem viu a alegria dos dois presidentes da república, da França e da Croácia, abraçando cada jogador de ambas as seleções — a sua e a dos adversários — viu também outra coisa.
A certa altura começou a chover.
Muito.
E tanto Emmanuel Macron como Kolinda Grabar-Kitarovic ficaram imediatamente encharcados.
Só que ali mesmo ao lado estava Vladimir Putin, o presidente da Rússia, que como anfitrião entregava as medalhas aos jogadores, e muito rapidamente se providenciou um chapéu de chuva para proteger Vladimir Putin.
A diferença de tratamento entre os presidentes durou um minuto e meio, mas mesmo quando trouxeram chapéus de chuva para Emmanuel Macron e Kolinda Grabar-Kitarovic, estes lá continuaram alegremente encharcados, saindo de debaixo dos guarda-chuvas e abraçando cada um dos jogadores que encharcados estavam também.
Putin, por sua vez, cumprimentava cada jogador com um aperto de mão e assim evitava molhar-se com mais contacto humano.
Muito.
E tanto Emmanuel Macron como Kolinda Grabar-Kitarovic ficaram imediatamente encharcados.
Só que ali mesmo ao lado estava Vladimir Putin, o presidente da Rússia, que como anfitrião entregava as medalhas aos jogadores, e muito rapidamente se providenciou um chapéu de chuva para proteger Vladimir Putin.
A diferença de tratamento entre os presidentes durou um minuto e meio, mas mesmo quando trouxeram chapéus de chuva para Emmanuel Macron e Kolinda Grabar-Kitarovic, estes lá continuaram alegremente encharcados, saindo de debaixo dos guarda-chuvas e abraçando cada um dos jogadores que encharcados estavam também.
Putin, por sua vez, cumprimentava cada jogador com um aperto de mão e assim evitava molhar-se com mais contacto humano.
É fácil ceder à tentação de fazer interpretações políticas a partir do futebol.
E como é fácil ceder, eu às vezes — confesso — cedo.
Uma vez o eurofóbico britânico Nigel Farage disse que “a Bélgica nem é uma nação a sério, é uma criação artificial”.
E eu ontem fui recuperar essas declarações, depois de ver a Bélgica derrotar a Inglaterra, e acrescentei: “pois é artificial, mas ganhou dois-zero”.
Sei que é pecado, e eu não deveria pecar, mas não resisto.
E como é fácil ceder, eu às vezes — confesso — cedo.
Uma vez o eurofóbico britânico Nigel Farage disse que “a Bélgica nem é uma nação a sério, é uma criação artificial”.
E eu ontem fui recuperar essas declarações, depois de ver a Bélgica derrotar a Inglaterra, e acrescentei: “pois é artificial, mas ganhou dois-zero”.
Sei que é pecado, e eu não deveria pecar, mas não resisto.
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