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sexta-feira, 13 de julho de 2018

“Lucas Chivukuvuku não foi assassinado", diz a PGR

SOCIEDADE
Redacção F8
11 de Julho de 2018

A Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola assegura que a morte do seu funcionário Lucas Chissolokumbe Chivukuvuku, na quinta-feira, em Luanda, envolta em suspeitas de homicídio por alegadamente investigar denúncias de corrupção, resultou de um acidente de viação.

A posição sobre a morte do técnico da PGR, Lucas Chissolokumbe Chivukuvuku, sobrinho do líder da coligação CASA-CE, Abel Chivukuvuku, segunda força política da oposição em Angola, após vários dias de especulação, foi transmitida hoje, em conferência de imprensa, pelo vice-Procurador angolano, Mota Liz.

“O trabalho preliminar realizado até hoje permite-nos dizer com segurança que as causas da morte foram acidentais. 
Acidente de viação, tal como reportado inicialmente pela polícia”, disse o vice-Procurador, garantindo que para averiguar as causas e circunstâncias da morte foi mesmo nomeado um corpo de cinco magistrados da PGR.

Mota Liz acrescentou que a autópsia ao corpo do funcionário aponta para “morte violenta devido a um traumatismo crânio-encefálico severo”, ao que tudo indica na sequência do capotamento da viatura de táxi, transporte público informal, em que seguia, devido à “negligência” e condução sob o efeito de álcool do motorista, já detido.

Ainda assim, explicou o vice-Procurador, como o resultado da autópsia apontava para a necessidade de investigação complementar, por não ser conclusiva sobre as causas da morte, a PGR avançou com o processo de investigação e concluiu hoje, pela “combinação de toda a informação dada” e pelos dados recolhidos pela polícia e audição de testemunha, por não existir cenário de homicídio.

“Do trabalho efectuado até hoje, está claro que a morte do nosso funcionário decorre pura e simplesmente de um acidente de viação”, assegurou Mota Liz, reafirmando que o técnico não tinha responsabilidades de investigação ou sequer “o poder para bloquear” contas bancárias, tendo apenas funções administrativas na PGR, junto da área dos Crimes Económicos do Serviço de Investigação Criminal (SIC) de Luanda.

“Especulou-se das causas da morte e tornou-se corrente, nas redes sociais e em alguma comunicação social, que a morte, o homicídio voluntário, podia estar relacionada com as funções que o funcionário exercia (…) 
Voltamos aqui a afirmar que o nosso funcionário não tinha funções relevantes de comando de investigação de processos concretos”, salientou.

Na segunda-feira, o presidente da coligação CASA-CE, Abel Chivukuvuku, denunciou o alegado homicídio de Lucas Chissolokumbe Chivukuvuku, seu sobrinho, que supostamente tinha à sua responsabilidade casos “sensíveis” em investigação na PGR.

Aquele funcionário sénior da PGR, há 10 anos ao serviço da instituição, morreu na quinta-feira, em Luanda, segundo a versão da Polícia Nacional, na sequência do capotamento da viatura de táxi em que seguia.

Contudo, após reunir-se com os médicos legistas, russos e cubanos, na morgue de Luanda, e os restantes familiares, Abel Chivukuvuku veio a público afirmar que o sobrinho “foi assassinado”, denunciando que o sobrinho tinha “casos muito sensíveis” sob a sua responsabilidade e que “foi sendo ameaçado ao longo do tempo e tentativas de suborno”.

“Descartam completamente a teoria que foi apresentada no início pela polícia, de que teria havido capotamento, eles acham que não houve. 
E neste momento, os indicadores é que teria sido morto por asfixia e depois um veículo pesado passou por cima dele”, afirmou Abel Chivukuvuku.

“Eles disseram que não é possível aquelas lesões num capotamento. 
É o veredicto que eles deram, portanto tudo o que a polícia está a dizer é aldrabice e seria bom que tivéssemos uma polícia para os cidadãos e não uma polícia para o regime”, acusou ainda Abel Chivukuvuku.

Já o vice-Procurador explicou que o esclarecimento público feito hoje visa “desencorajar a ideia” de que entre os magistrados “quem combate o crime é perseguido e até morto”, vítimas de uma “rede organizada” que tenta travar a investigação a casos de corrupção.

“Isso não encontra suporte nem um mínimo de fundamentação naquilo que é o nosso quotidiano”, concluiu Mota Liz.

Folha 8 com Lusa

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