Congresso do CDS
Rita Dinis
10-03-2018
Pedro Mexia e Nadia Piazza, da associação de vítimas de Pedrógão, juntam-se a 6 militantes: sob coordenação de Adolfo Mesquita Nunes, vão começar já a preparar o programa do CDS para 2019.
Assunção Cristas não quer perder tempo e deseja estar “um passo à frente na preparação das eleições”.
Por isso anunciou no palco do congresso que foi constituído um grupo para avançar já no programa eleitoral para 2019, sob a coordenação de Adolfo Mesquita Nunes, vice presidente do partido e ex-secretário de Estado do Turismo.
Trata-se do “Portugal.com Futuro”, e inclui nove membros, com idades entre os 24 e os 44 anos, incluindo dois independentes — Pedro Mexia, escritor e assessor para os assuntos culturais do Presidente da República, e Nadia Piazza, presidente da Associação de Vítimas dos Incêndios de Pedrógão Grande.
“É um grupo sub 45 que saberá integrar os contributos dos nossos senadores.
São mulheres e homens com várias experiência profissionais e políticas, de várias regiões do país, do Porto ao Barreiro, passando por Viseu, Covilhã, Leiria ou Lisboa.
Tenho a certeza que com a coordenação do Adolfo Mesquita Nunes vão fazer um trabalho extraordinário”, disse Assunção Cristas no discurso no congresso.
O grupo, segundo explicou, irá “reunir, selecionar e dar um corpo sistemático aos elementos que são trabalhados nos vários pilares de ação do partido: gabinete de estudos, grupo parlamentar, as conferências “Ouvir Portugal”, assim como os contributos das estruturas distritais, concelhias, Senado e organizações autónomas, como a JP ou a Federação dos Trabalhadores Democratas-Cristãos”.
Quem são os nove escolhidos?
Nadia Piazza. Tem 39 anos, é natural do Brasil mas naturalizada portuguesa, e tornou-se presidente da Associação de Vítimas dos Incêndios de Pedrógão Grande depois de ter perdido o filho nos fogos.
Não é militante do CDS, mas tem-se destacado na sociedade civil pelo seu papel na defesa das vítimas dos fogos.
Ao Expresso, em outubro, Nádia contou como viveu, à distância, o dia trágico: estava na Irlanda a trabalhar num projeto para a Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos, onde é jurista e consultora, e só quando chegou ao hotel é que se apercebeu das imagens que lhe tinham enviado do cenário de terror.
Começou a telefonar para o ex-marido, que estava com o filho de ambos, mas sem sucesso.
Veio para Portugal no dia seguinte, e aí é que se deparou com o pior.
Pedro Mexia. Escritor, poeta e consultor de Marcelo Rebelo de Sousa para a área cultural, tem 44 anos e também não é militante, apesar de estar envolvido na organização das iniciativas do CDS de preparação para as legislativas chamadas “Ouvir Portugal”.
É cronista do Expresso e integra o painel do Governo Sombra, onde comenta vários temas da atualidade.
Ana Rita Bessa. Deputada desde 2015, eleita pelo círculo de Lisboa, tem 44 anos.
Foi diretora da LeYa Educação entre 2010 e 2015 e é a responsável pela pasta da educação no grupo parlamentar do CDS.
No congresso deste fim de semana apresentou uma moção sectorial intitulada “Cinco prioridades para a educação”, onde defende que a “construção de uma alternativa implica políticas públicas como o acesso e a qualidade das vias profissionalizantes, o combate ao insucesso escolar nos 2º e 3 ciclos, o aprofundamento da autonomia das escolas a par de um sistema de avaliação externa”.
Ana Rita Bessa faz parte do núcleo mais restrito da direção de Cristas, sendo vogal da comissão executiva, e surge neste grupo como a única deputada em funções.
Francisco Mendes da Silva. Advogado, 38 anos, foi deputado à Assembleia da República durante o curto período em que Passos Coelho e Paulo Portas formaram governo pós-eleições legislativas de 2015.
Francisco Mendes da Silva é dirigente do CDS, sendo vogal da comissão política nacional (órgão de direção mais alargado), e comentador político no programa Sem Moderação, do canal Q, com José Eduardo Martins, João Galamba e Daniel Oliveira.
Na altura das autárquicas fez uma publicação polémica no Facebook a criticar de forma veemente a candidatura do social-democrata André Ventura a Loures, que contava com o apoio do CDS.
“Não há praticamente nada que André Ventura diga que eu não considere profundamente errado, ligeiro, fruto da ignorância e de um populismo que tanto pode ser gratuito, telegénico ou eleitoralista.
Se perder, tudo bem: que nem mais um dia o meu partido fique associado a tão lamentável personagem”, escreveu.
Pouco depois o CDS retirou o apoio ao candidato do PSD e anunciou um nome próprio.
Mariana França Gouveia.
É um dos rostos do processo de renovação que foi conduzido por Assunção Cristas há dois anos, quando foi eleita líder do CDS e levou caras novas para a direção do partido.
Mariana França Gouveia é, tal como Francisco Mendes da Silva, vogal da comissão política nacional. Tem 43 anos, é advogada e professora de Direito na Universidade Nova. Trabalhou no Ministério da Justiça, é vogal do Conselho do Centro de Arbitragem Comercial da Câmara de Comércio e Indústria e Membro da Comissão de Arbitragem da CCI-Portugal, e, desde 2013, é vogal do Conselho de Administração da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
João Moreira Pinto. Tem 37 anos e é cirurgião pediátrico.
Fazia parte da direção de Paulo Portas, como vogal da comissão política, mas não ficou nas mesmas funções com a mudança de liderança.
Atualmente é um dos colaboradores de Diogo Feio no gabinete de estudos do CDS, que tem coordenado, segundo Diogo Feio, “vários grupos de trabalho” daquele organismo de pensamento estratégico do CDS nos últimos dois anos.
Graça Canto Moniz.
Tem 29 anos e é, a par de João Moreira Pinto, uma das responsáveis pelo Gabinete de Estudos, presidido por Diogo Feio.
É doutoranda na área de Proteção de Dados, depois de se ter licenciado em Direito pela Universidade do Porto e se ter tornado mestre em Ciências Jurídico-Políticas pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
Jorge Teixeira. É o mais novo do grupo, com apenas 24 anos.
Licenciado em Filosofia e mestre em Ciência Política, é presidente da concelhia do CDS do Barreiro e foi, nas últimas autárquicas, o candidato do CDS àquela câmara.
Surge neste grupo como o elo de ligação com a Juventude Popular.
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