Miguel Santos Carrapatoso
22/12/2017, 9:11
Os inspetores querem perceber se a viagem da deputada socialista Sónia Fertuzinhos à Suécia foi paga com recursos da Raríssimas. Em causa, suspeitas do crime de recebimento indevido de vantagem.
A viagem de Sónia Fertuzinhos à Suécia a convite da Raríssimas está a ser investigada pela Polícia Judiciária.
A deputada socialista, que é companheira do ministro do Trabalho e da Segurança Social, José António Vieira da Silva, foi até aquele país nórdico para participar numa conferência organizada pela rede europeia de doenças raras (Eurordis).
Os custos da viagem, segundo a versão da própria deputada, terão sido inicialmente pagos pela associação, que terá sido mais tarde reembolsada pelos parceiros europeus.
Os inspetores querem saber se isso é verdade.
A informação é avançada esta sexta-feira pelo Correio da Manhã, que concretiza as intenções da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ: os investigadores querem perceber se foi usado dinheiro da Raríssimas na deslocação de Sónia Fertuzinhos à Suécia, nos dias 8 e 9 de setembro de 2016.
Se se confirmar que a associação não foi ressarcida pelos expensas daquela viagem, a deputada socialista pode ser acusada do crime de recebimento indevido de vantagem.
Na quinta-feira, a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa já dava pistas nesse sentido, indicando que os inspetores estavam à procura de provas sobre “ilícita apropriação de recursos financeiros de IPSS com atividade na área da saúde, pela respetiva presidente, com recurso a procedimentos irregulares vários, o reembolso de supostas despesas incorridas no exercício dessas funções, através da apresentação de documentação com informações falsas, e o indevido pagamento, por essa IPSS, de viagens a titulares de cargos públicos”.
O mesmo jornal esclarece que as suspeitas em relação a essa viagem de Sónia Fertuzinhos constam mesmo dos mandados de busca assinados pelo procurador do Ministério Público e executados esta quinta-feira pela Polícia Judiciária.
Acrescenta o Correio da Manhã que, no rol de apreensões da polícia, constam documentos, e-mails e o telemóvel de Paula Brito e Costa.
Como explica aqui o Observador, Paula Brito e Costa foi constituída arguida por suspeitas dos crimes de recebimento indevido de vantagem, peculato e falsificação de documento e está agora sujeita a Termo de Identidade e Residência.
A ex-presidente da Raríssimas é, até ao momento, a única arguida neste processo.
A PJ realizou durante a manhã de quinta-feira buscas na Casa dos Marcos, a principal unidade de tratamento da Raríssimas, na Moita, na casa da antiga presidente da associação, Paula Brito e Costa, em Odivelas, no gabinete do ex-secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, e em Queluz, envolvendo 29 elementos daquela polícia e dois magistrados do Ministério Público.
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