RESULTADOS DOS BANCOS ESTÃO A BATER NO FUNDO
A
crise de dívida abalou os maiores bancos nacionais. As valorizações em Bolsa em
2013 são um sinal de confiança quanto ao futuro
As ações do BCP
dispararam esta semana para o máximo em dois anos. Desde Janeiro, as ações do
maior banco privado português acumulam uma valorização superior a 100%,
chegando a ultrapassar os 15 cêntimos por ação. Num ano de prejuízos para o
BCP, esta é uma bua notícia. É um indicador de que os investidores acreditam
que o pior já passou para a instituição.
Esta subida é em
parte explicada por operadores de Bolsa e analistas com a expectativa de regresso
do banco aos lucros em 2014. As ações do BCP foram as mais castigadas peia
crise financeira e de dívida e têm vindo a recuperar terreno
Dos três maiores
bancos cotados, só o BPI obteve lucros entre Janeiro e Setembro deste ano.
Tanto o BES como o BCP registaram prejuízos. Um cenário que se deverá alargar
ao conjunto do ano de 2013. Mas no próximo ano, os três bancos já deverão
conseguir apresentar resultados positivos, segundo estimativas de analistas. O
próprio BCP admite que o banco prevê voltar a ter um resultado líquido positivo
a partir do segundo semestre de 2014.
A previsão positiva
para os resultados do sector da banca em Portugal prende-se com o crescimento
estimado da economia portuguesa e com o desenvolvimento dos negócios que tem
no exterior.
Melhores
dias em 2014
Os resultados dos
bancos portugueses têm sido pressionados nos últimos anos por imparidades e
provisões para fazer face à desvalorização de activos e incumprimento de
crédito.
Entre Janeiro e Setembro
deste ano o prejuízo do BCP atingiu os €597 milhões devido a uma menor margem
financeira e imparidades relativas ao malparado em Portugal e na Grécia. No entanto,
a atividade doméstica apresentou sinais positivos de recuperação, segundo
analistas,
O BES teve prejuízos
de €381 milhões nos primeiros nove meses deste ano, contra €90,4 milhões de
lucros em igual período de 2012.
Quanto ao BPI, fechou
o mês de Setembro com um lucro liquido de €72.7 milhões, uma descida de 38%
face ao mesmo período do ano anterior.
As acções do BCP subiram mais de 100% em Bolsa este ano. O
BPI valorizou 25% e o BES subiu 13,3% desde Janeiro
46 707
(7h30-24H)
As estimativas para
os resultados destes bancos em 2014 são mais positivas. E a partir de 2015 os
analistas já antecipam lucros ao nível dos registados nos anos que antecederam
a crise de dívida soberana na zona curo. Um dos fatores que deverão contribuir
para a melhoria de resultados a prazo sem o corte de custos que estas entidades
têm estado a fazer.
No caso do BCP, tem
em curso uma reestruturação até 2017, visando diminuir o endividamento,
aumentar a rendibilidade e eficiência. Este processo inclui o fecho de balcões
e o despedimento de funcionários. A meta do banco é cortar 25% nos custos com
pessoal em 2015, em comparação com 2012. 0 BCP foi um dos bancos que recorreram
aos instrumentos híbridos subscritos pelo Estado — os chamados ‘CoCos’ - e
espera começar a amortizá-los no próximo ano com o pagamento de €400 milhões
dos €3 mil milhões que usou da linha pública do resgate a Portugal para a
recapitalização da banca.
Se o BCP não
conseguir reembolsar €2,3% mil milhões dos ‘CoCos’ até ao final de 2016, terá
de vender a participação da operação na Polónia.
De resto, as últimas semanas
trouxeram notícias positivas para a banca portuguesa. As previsões do Banco
de Portugal (BdP) para a economia portuguesa, que apontam para um crescimento
de 0,8% em 2014 e 1.3% em 2015, foram bem recebidas pelos investidores.
E dados do BdP
indicaram que a cedência de liquidez do Banco Centrai Europeu (BCE) à banca
portuguesa desceu em Novembro 3,2% para €48,913 milhões. Esta foi a segunda
descida mensal consecutiva, indicando uma menor dependência do BCE por parte
dos bancos portugueses em matéria de liquidez.
Os mercados têm
estado fechados para os bancos portugueses desde o agravamento da crise
financeira, em meados de 2010, o que levou a que ficassem dependentes do
financia mento do BCE.
Ações ainda em queda
No entanto, em Novembro,
o BES conseguiu emitir €750 milhões de obrigações subordinadas. E o facto de
Portugal querer voltar às emissões de Obrigações do Tesouro no início de 2014
traz confiança e uma melhor perspectiva para a situação futura da banca
nacional. Isto depois do país ter feito uma operação de troca de dívida de
€6.6 mil milhões.
Apesar das perspectivas
mais positivas, a realidade para as ações dos maiores bancos cotados ainda é
de uma forte desvalorização no acumulado dos últimos cinco anos. O BCP soma
perdas de 90%, segundo dados da Thomson Reuters. Os títulos do BPI recuam 74% e
os do BES 32%. Estas descidas são superiores às perdas de 57% da média do
sector na Europa, desde o início de 2008. E.T.
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