2014, CAVEAT EMPTOR
2014,
o risco é do comprador. É a tradução literal do título acima e a introdução
possível ao texto abaixo. 2014 será o ano do fim de muitas coisas e do princípio
de outras. Mas a transição será muito lenta.
Caveat
emptor.
O novo ano devia aparecer-nos assim, com esta frase em latim bem visível.
O risco é do comprador, o comprador que se
cuide, toma cuidado comprador.
As traduções são várias, a ideia é a mesma.
Uma ideia que não devemos de esquecer tão
depressa.
Dívida. Se tudo correr bem, em Janeiro Portugal
emite títulos de longo prazo. É o primeiro passo para o regresso aos mercados, Será
um sucesso e ainda bem. Mas, cuidado, será um sucesso com ‘respiração boca a
boca’ e, acima de tudo, um sucesso. Porque não podemos falhar.
Desgraças. A oposição vai agarrar todas as falhas e artificialidades
(dívida sindicada, bancos portugueses a ajudar, etc.) de percurso. Mas,
cuidado, nestas coisas nunca há saídas limpas. O regresso aos mercados é um
processo político. E o regresso será uma vitória política.
Sucessos. O Governo vai cantar vitória só porque a bola
vai a caminho da baliza. Vão chover estatísticas, indicadores, variações homólogas
e em cadeia. Uma vez mais, cuidado, O ‘truque’ estatístico da mensagem de Natal
do primeiro-ministro vais ser muito usado. Mas atenção, que a oposição faz o
mesmo truque ao contrário.
Promessas. Faz parte da política. Sempre que se aproxima
o fim de um ciclo, as promessas brotam do chão e caem do céu. Tenham cuidado, o
fim do resgate garante soberania e restaura o orgulho. Mas deixa-nos entregues
a nós próprios e sem financiamento garantido. É assunto que a oposição faz por
esquecer e que o Governo (ou parte dele) começa a tentar esquecer;
Eleições. Em França ou no Reino Unido os antieuropeístas
podem vencer. Por cá, não se espera nada disso. Mas a alta abstenção, o voto de
protesto, o desgaste do ‘centrão’ e algumas novidades vão agitar as águas. O PS
deve ganhar e o Governo (lista conjunta PSD-CDS) tem um teste de fogo. Cuidado
com os resultados. Um parlamento em Bruxelas com antieuropeístas em quantidade
será um problema grave para os países sob resgate e para o futuro da Europa.
Economia. Vamos oscilar entre a euforia do
crescimento e a depressão dos números dramáticos. A verdade andará entre uns e
outros. Há uma nova economia que surge. Mas a velha ainda está de rastos e o lastro
de destruição é enorme.
Saída da troika. Não vale a pena ir festejar para o Marquês
de Pombal ou para os Aliadas. O dia seguinte será parecido e com
responsabilidade acrescida.
Maioria. Aguenta até ao fim. E depois vem outro
governo de maioria. Cavaco ainda se vai rir antes do fim do mandato.
RICARDO COSTA ESCREVE
À 3.ª E 5.ª FEIRA
Em www.expresso.sapo.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário