Alberto João Jardim continua a marcar o ritmo da Madeira
LÍLIA BERNARDES 20/03/2015 - 20:03
Apesar de estar em gestão, o governo regional da Madeira aprovou um apoio para remodelar o Estádio dos Barreiros.
No terreno eleitoral, as principais forças políticas partilham ideias comuns para resolver problemas sociais.
Nas vésperas de deixar o governo da Madeira, o actual executivo em modo de gestão, liderado por Alberto João Jardim, decidiu conceder o aval da região ao Club Sport Marítimo (CSM), garantindo, assim, uma operação de crédito a contrair junto do BANIF, sob a forma de um Contrato de Abertura de Crédito, até ao montante de 10 milhões de euros e pelo prazo de até 4 anos e 9 meses, com a finalidade de financiar a remodelação do Estádio dos Barreiros.
A taxa do aval foi fixada em 0,5% ao ano.
A decisão foi ontem publicada no JORAM, Jornal Oficial da Região Autónoma da Madeira, com data do conselho do governo de 8 de Janeiro.
Justificação?
“A melhoria da rede de infraestruturas desportivas de qualidade constitui um pilar de desenvolvimento, conforme consta do documento de orientação estratégica regional para o período 2007-2020, denominado de Compromisso Madeira 2020”, alega o despacho.
No terreno da campanha eleitoral, com Jardim fora da corrida, os partidos vão tentado passar a sua mensagem indiferentes à actual gestão.
Há apenas algumas referências ao passado, com a Coligação Mudança, encabeçada pelo PS, a reforçar a ideia de “consolidação da democracia” em termos políticos; o CDS a referir-se a um “problema de cidadania que profilerou nos últimos anos”, fruto da “arrogância do poder”, e o líder do PSD, Miguel Albuquerque, a apresentar-se como “um cidadão livre, militante de um partido democrático, liberto de quaisquer condicionalismos, com a garantia de renovação, sem sectarismos” passando a mensagem que “esse tempo acabou”.
E seguem para bingo, agora debaixo de guarda-chuvas, a distribuir esferográficas, panfletos e mensagens.
Há um diagnóstico comum aos partidos que concorrem às eleições legislativas na Madeira: "A situação económica da região é grave, devido ao excesso de endividamento público e privado.
E até as soluções são semelhantes, sobretudo entre os principais partidos.
Se formos pelo número de páginas dos programas eleitorais, ganha o CDS que ultrapassa as 160.
O PSD editou uma brochura A5 condensada com 50 páginas e a Coligação Mudança (PS, PTP, MPT e PAN) um dossier de 150, apresentado ontem em powerpoint pelo número 2 da lista, o socialista Carlos Pereira.
O PCTP/MRPP também lançou um “programa de emergência” com 12 pontos, tal como a maioria dos partidos mais pequenos que sabem que não têm hipótese de formar governo, caso da Plataforma de Cidadãos (sob a tecto do PPM/PDA), BE, PNR, MAS, JPP e CDU. Todos abordam os mesmo problemas com soluções muito parecidas, sobretudo no que se refere à necessidade de renegociar a dívida da Madeira, a questão das ligações marítimas e aéreas, a economia do mar, privatizações e autonomia.
Na apresentação, esta sexta-feira, do programa da Coligação Mudança sobressaiu a agenda social que aponta para “uma verdadeira política social de inclusão e de combate à pobreza”, com instrumentos que passam por uma avaliação da situação, uma política centrada na família, uma reestruturação do centro regional de segurança social, pela constituição de um conselho económico e social, apoio aos idosos e desempregados, acréscimo do salário mínimo, apoio à natalidade, cooperação das IPSS/Igreja e Misericórdias.
Propostas que não divergem muito das do PSD, que preconiza a “justiça social e distributiva” como matriz do partido, garantindo que “o diagnóstico está feito”, daí apostar na “prevenção, resolução e acompanhamento” sobretudo dos grupos mais vulneráveis, reforçando o trabalho de parceria com as IPSS e desenvolvendo novos acordos de cooperação com as autarquias.
Mais liberal, o CDS diz, por seu turno, que não cabe ao sector público o exclusivo destas matérias, pelo que é necessário “estimular parcerias com os sectores privados e sociais, por exemplo com as IPSS” promovendo, ainda, uma “efectiva justiça social através de políticas públicas, da via fiscal e das prestações sociais”.
Se as propostas se repetem, que dizer das bandeiras de campanha que já pouca diferença fazem?
Enquanto o PSD mantém a cor laranja, a confusão de azuis, uns mais claros do que outros, formam uma moldura estranha.
A Coligação Mudança (PS, PTP, PAN e MPT), o CDS e a CDU (PCP/PEV) distribuem entre si as várias tonalidades dessa onda azulada, confundindo quem é quem, o que complica, ainda mais, a apatia e a indecisão.
“Eu sempre votei PS, mas com esta coligação com o José Manuel Coelho (PTP), nem pensem.
Vou votar noutro qualquer que possa tirar a maioria ao PSD”, disse ao PÚBLICO uma vendedora de jornais.
Ainda se continua a esconder o nome.
“Não quero aparecer”.
A sociedade civil não se libertou das amarras do passado.
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