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Redacção F8
28 de Julho de 2018
A política é a arte de gestão das palavras, dos actos e do pragmatismo, cujo nascimento está aliado a vivência gregária dos homens.
No percurso entre as monarquias absolutas e as Repúblicas surgiram verdadeiros homens, líderes de estirpe impoluta, à frente dos destinos dos seus povos e países.
Por William Tonet
A excessiva soberba, tem levado João Manuel Gonçalves Lourenço, tal como o antigo presidente da República, José Eduardo dos Santos, o fazia, a não fundamentar as acções polémicas, tomadas enquanto Titular do Poder Executivo, tais como: exonerações; nomeações; decretos legislativos presidenciais, etc., por se achar patrão dos cidadãos, quando é empregado.
Porque será?
Uma clara e talvez involuntária limitação, na aferição dos actos de ofício.
Só a soberba leva um dirigente, com justificativa legal, a optar pelo trungungu barroco, não fundamentando a exoneração de Isabel dos Santos da SONANGOL, quando evocando a Lei de Probidade Pública, que impede a nomeação de cidadãos estrangeiros para um Conselho de Administração de uma empresa estratégica e de soberania como a petrolífera nacional, afastaria a tese e especulações de perseguição a filha do ex-presidente da República.
Só a soberba a exoneração do Filomeno dos Santos do Fundo Soberano, não fundamenta a razão, no facto de os milhões e milhões do país, terem sido alocados à gestão de uma empresa privada, sem experiência bancária e robustez no mercado financeiro mundial.
Não havendo fundamentação é a perseguição, que paira no ar.
Igualmente, na TPA, Tchizé e Coreon Dú, ao não trazerem mais-valias, numa relação comercial público-privada, obrigam a justificativa do fim da concessão contratual.
Não tendo sido fundamentado, o que fica é perseguição, aos filhos do ex-presidente.
As mais recentes rupturas de contratos que detinha Isabel dos Santos, na barragem de Kakulo Kabaça e Porto da Barra do Dande, sem aviso prévio e pela forma violenta como o fizeram, tornam evidente um estado de animosidade de João Lourenço, contra esta empresária, filha de José Eduardo dos Santos.
Para coroar a insensatez, o comunicado do novo ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, ao que parece talhado a trair tudo e todos, pela manutenção do poder, é um hino à falta de solidariedade e ética institucional, ao responsabilizar, publicamente, os actos do seu antecessor, como se ele, não fosse auxiliar do Titular do Poder Executivo.
Podem existir outras razões, mas a brutalidade e falta de sensibilidade, levam, eventuais razões de João Lourenço, para a sarjeta.
Por esta razão, a Bíblia é transversal em todos os seus livros, de Géneses a Apocalipse, tem na soberba algo ruim.
Em Provérbios lê-se: “a soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda”.
E, na virada de outra avenida, na 1.ª Epístola de João adverte que a soberba da vida é semente de todo o pecado.
Soberba no Wikipedia “é o sentimento negativo caracterizado pela pretensão de superioridade sobre as demais pessoas, levando a manifestações ostensivas de arrogância, por vezes sem fundamento algum em factos ou variáveis reais”.
Hoje, no século XXI, líderes “transfronteiriços” são uma raridade e, em Angola, uma fatalidade, num claro contraste com a antiguidade, onde homens intrépidos, antes mesmo da chegada do colonialismo ocidental, constituíram Reinos, Estados e Micro Nações, governados de forma exímia, em respeito aos detentores da soberania (povo).
Um território ou país quando dirigido, por políticos sem acervo verbal, capacidade de oratória e pragmatismo no exercício de funções, é um perigo a estabilidade e serenata ao poder absoluto.
Angola governada desde 1975 pela mesma família partidocrata, qual bailarina errante, atravessou a ponte, com um toque de mágica, da classe proletária, para a proprietária, de forma voraz.
Os dirigentes, garbosamente, instalados no poder, pela força das armas e da fraude eleitoral, fazem da política uma bíblia da enganação, das orgias da ladroagem, da intolerância, da discriminação e da corrupção, quando os povos clamam, por sensibilidade ao seu drama de fome, miséria e desemprego.
O esclavagismo e o absolutismo de ontem, foram, têm vindo a ser, continuarão, no futuro, magistralmente, reciclados, com rótulos de democracia e liberdade de imprensa, que sufragam a fraude eleitoral e a batota institucional, contra a vontade soberana do povo, calcada pela arrogante soberania partidocrata.
Vale aqui à colação a afirmação feita aos 08.09.2016, pelo antigo reitor da Universidade Agostinho Neto, quando disse: “A independência de um povo não consiste apenas em libertar-se fisicamente, politicamente e economicamente; a independência tem a ver também com a liberdade científica, académica e cultural”.
Inexistindo desde a independência uma verdadeira e pragmática aposta na educação, como premissa governativa de desenvolvimento, o analfabetismo tem sido a plataforma de uma educação débil, assente em colaboradores (não existe obrigatoriedade de um haver 80 a 90% de um quadro obrigatório de professores efectivos, no ensino médio e universitário), pagos à hora e, muitos talhados, na formação de “analfabetos funcionais”.
A falta de literacia é um bálsamo a manutenção das ditaduras, que Angola não foge à regra. Tanto assim é que na concentração de poder absoluto, o primeiro presidente da República Popular de Angola, que acumulava a presidência do MPLA, da Assembleia do Povo (parlamento), do Conselho da Revolução, controlo dos Tribunais foi, também, o primeiro Reitor da Universidade de Angola, daí, passar a denominar-se, após o seu passamento físico a Universidade Agostinho Neto.
Esta é a podridão da política, da angolana, também, quando os seus dirigentes, querem concentrar todos os poderes, daí a excelente visão política de um investigador, que a política hoje é um dos maiores veículos da corrupção.
Daí a sua afirmação de que o homem é bom, mas a sociedade o corrompe.
Nasce, assim a política como mecanismo pelo qual se desenvolve a habilidade de conciliar interesses antagónicos, permitindo a convivência relativamente pacífica, mas, ao mesmo tempo que um grupo se sobrepõe ao outro, porque recebe por delegação, os poderes dos indivíduos que compõem o grupo.
Daí a ideia de contrato social.
Dessa forma o subjugado acredita ser ele quem decide os rumos da sociedade quando na realidade delegou os poderes de decisão àqueles a quem elegeu como seu representante. Eis uma limitação da democracia!
Talvez por esse motivo é que nos dias actuais tenha ocorrido tamanho descrédito em relação à política, pois se percebe, cada dia mais que a política, criada para ajudar nos rumos da sociedade está a produzir a sua perdição.
Aqueles que são escolhidos para representar a sociedade acabam se representando e defendendo interesses contrários às necessidades da sociedade que lhe delegou poderes. Não que as pessoas ou a sociedade sejam o mal em si, mas porque aqueles que se fazem “políticos” disseminam não as coisas boas para o que foram eleitos, mas as malandragens que vicejam feito erva daninha na horta.
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