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quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Auditores alertam para risco de fraude na SAD

SPORTING
Lídia Paralta Gomes e Pedro Santos Guerreiro 28 de Julho de 2018
Bilhetes das claques estão entre as questões revistas pelo relatório

Relatório da PwC a que o Expresso teve acesso é crítico quanto ao statu quo de Alvalade

A SAD do Sporting encontra-se vulnerável a uma situação de fraude no que diz respeito à venda de bilhetes e à conta corrente com claques, situações descritas num relatório da PricewaterhouseCoopers (PwC) ao qual o Expresso teve acesso.

No documento, que analisa as contas do clube até março e inclui uma análise a factos posteriores, a auditora da SAD do Sporting alerta para o “risco de fraude pela apropriação indevida de ativos da Sociedade”, potenciado pelo montante elevado em aberto com as claques e a respetiva falta de controlo sobre o mesmo.

Na quarta-feira, Artur Torres Pereira, presidente da Comissão de Gestão, numa conferência conjunta com Sousa Cintra e representantes das quatro claques do Sporting, não confirmou a notícia de que uma delas, a Juventude Leonina, tenha uma dívida de um milhão de euros ao clube, mas admitiu que a conta corrente entre o clube e as claques, que vive dos bilhetes disponibilizados para venda, “tem de ser atualizada com maior permanência”.

O certo é que, de acordo com a PricewaterhouseCoopers, em março de 2018 as claques leoninas deviam mais de 1,5 milhões de euros ao clube, valor que tem vindo a crescer desde pelo menos junho de 2015. 
Desses 1,5 milhões, o Sporting já deu como “perdidos” 1,2 milhões. 
“Existe uma conta corrente que vai variando de valor ao longo do tempo para cobrir gastos que possam ser imputáveis aos grupos organizados de adeptos. 
Uma conta corrente que existe com o clube. 
Tudo isto está previsto no protocolo de relação entre o clube e os grupos organizados de adeptos, é transparente”, sublinhou Torres Pereira na conferência de imprensa.

Contudo, fonte da Comissão de Gestão disse ao Expresso saber que circulam bilhetes sem valor facial, situação que é irregular e que não permite ao clube controlar o dinheiro que entra e sai das suas contas.

Pode ler-se ainda no relatório da PwC que a 31 de março encontravam-se registados quase 1,4 milhões de euros na rubrica de caixa do clube, decorrentes “essencialmente de receitas de bilheteira dos jogos de futebol recebidas em numerário”, mas das quais não há registos. A auditora sublinha que o montante elevado registado em caixa “potenciava de forma significativa o risco de ocorrência de fraude”, pelo que recomendou a transferência do montante para conta bancária da SAD, de forma a “mitigar o respetivo risco”.

Na sequência da recomendação, a 4 de abril, o Sporting depositou 995 mil euros. 
Contudo, no dia 8 de junho, durante uma inventariação de caixa não programada aos dois cofres associados à bilheteira, foram encontrados mais 304 mil euros em caixa, dinheiro que foi depositado a 22 de junho.

A auditora diz que a Sporting SAD tem atualmente em caixa “valores considerados adequados face à atividade” da empresa, mas continuam a não existir registos da origem do dinheiro que se encontrava em caixa em março.

No documento, a PricewaterhouseCoopers recomenda à SAD leonina a implementação medidas de controle sobre as transações com as claques com a maior brevidade, nomeadamente no que diz respeito ao “recebimento e conferência dos montantes registados”.

DOSSIÊ GELSON NÃO FOI PACÍFICO

O Expresso sabe que durante esta semana o Sporting viu as suas contas da CGD e Novo Banco serem desbloqueadas; encontravam-se ambas penhoradas por dívidas ao Fisco e à Segurança Social, notícia avançada na edição passada deste jornal. 
Apesar disso, a situação de tesouraria em Alvalade continua frágil, o que potenciou um desencontro de opiniões na Comissão de Gestão sobre a possível venda de Gelson Martins ao Atlético Madrid. 
Sousa Cintra foi irredutível nas negociações com o clube madrileno que, não chegando a acordo com o SCP, apresentou o extremo como jogador livre. 
Face à urgência que o Sporting tem para equilibrar as contas, vários elementos da comissão de gestão eram a favor da venda, mesmo que a um preço muito abaixo dos 50 milhões inicialmente exigidos. 
Contudo, o acordo com o At. Madrid, sabe o Expresso, ainda é possível, o que obrigaria Sousa Cintra a dar o dito pelo não dito.

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