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segunda-feira, 20 de agosto de 2018

A informação privilegiada, a camisola do Benfica e o caso BES: o debate do Sporting (e as suas táticas) /premium

DEBATES CANDIDATOS
Bruno Roseiro   20 Agosto 2018
Candidatos à presidência do Sporting tiveram primeiro debate onde, mais do que ideias, houve táticas para um posicionamento eleitoral. 
Quase no final, Varandas puxou o caso BES e Ricciardi "explodiu".

Resumir um debate a sete não é propriamente a coisa mais fácil do mundo, mas bastaram apenas sete minutos para se perceber também a colocação deste confronto inicial entre os candidatos à liderança do Sporting: mais do que explanarem as principais linhas que norteiam cada um dos projetos (que foram sendo afloradas de quando em vez mas ficando pelos títulos sem entrar nos tópicos específicos), quiseram marcar terrenos eleitorais, definir adversários preferenciais e contrapor aquilo que pode ser visto como debilidades no perfil, nas ideias e nas equipas que vão sendo anunciadas. 
Embora todos reforcem que se tem de apagar o passado e centrar atenções no futuro, esta noite acabou por ter uma marcação ao presente. 
Esse presente tem apenas um nome: eleições. 
E o verdadeiro tiro de partida para as margens percentuais que fazem diferença começa agora, depois do primeiro debate que juntou todos os candidatos no canal do clube (e que irá continuar com vários frente a frente).

Olhando para o eleitorado verde e branco como se de um espectro político se tratasse, são notórias as clivagens etárias e até sociais, não num sentido pejorativo que às vezes a expressão pode tomar mas num retrato claro do que ficou bem patente na análise aos resultados da última Assembleia Geral de 23 de junho que destituiu com pouco mais de 71% o antigo líder Bruno de Carvalho: 
1) a franja de associados que têm entre oito a 11 votos ganhou uma clara ascendência face aos sócios mais velhos, que de forma comum eram apontados como um dos princípios basilares de qualquer vitória (também houve algumas alterações deliberadas em AG que ajudaram nisso); 
2) por mais que o número de apoiantes do ex-presidente tenha (e/ou esteja) caído a pique, poucos colocam em causa a importância que teve para romper com uma certa “linha condutora” que norteava o clube desde a entrada em cena do projeto Roquette; 
3) depois de tudo o que aconteceu, e por melhores e mais completos que possam ser os projetos, os nomes e as ideias, passou a haver um especial cuidado com o perfil de quem preconiza tudo isso.

Mais do que em qualquer outro clube nacional, o Sporting adensou as idiossincrasias que sempre teve de clube fracionado que não só somou um total de sete candidatos que nunca chegaram a acordo entre si para alinharem pela mesma lista e subtraiu qualquer hipótese de definir uma decisão olhando apenas para dois/três projetos como foi usual até 2017 com algumas exceções (1988, 1989 e 2011) como multiplicou os motivos de conversa muitas vezes pelos piores motivos e dividiu ainda mais o eleitorado. 
É por isso que, entre João Benedito, José Maria Ricciardi, Pedro Madeira Rodrigues, Frederico Varandas, Rui Jorge Rego, Dias Ferreira e Fernando Tavares Pereira, existe uma ideia clara: como ninguém consegue chegar aos 80% ou 90% num sufrágio onde 30/35% pode chegar para ganhar, todos procuram esses 30/35% para a partir daí ir à procura de 80% ou 90%.

1 - Soluções. Entre a proximidade, a experiência e o desfazer de mitos
Lista A, João Benedito. O gestor que é sobretudo reconhecido pelos 20 anos como símbolo do futsal leonino, mas também sabe que os votos que tem garantidos é do capítulo onde foi o símbolo do futsal leonino e os que terá de garantir passam por essa parte extra pavilhões de gestor que abraçou quando ainda jogava. 
Por isso, tentou desdramatizar a atual situação financeira com uma ideia nova entre o que tem vindo a defender – existem outros mecanismos, como os empréstimos obrigacionistas (chegou mesmo a dar o exemplo do Benfica, que tem 155 milhões nessas operações), para evitar o recurso a antecipação de receitas. 
Já conhecidos mas ainda mais reforçados ficaram dois pilares que tem destacado desde que se apresentou como candidato: o facto de ser uma lista de “filhos do Sporting” (conta ainda com Carlos Pereira, Pedro Miguel Moura e Ricardo Andorinho na Direção) com capacidade para assegurar aquilo que deve ser a base de tudo: o sucesso desportivo.

Lista B, José Maria Ricciardi. A forma como se apresenta acaba por ser um espelho do programa que disponibilizou nos últimos dias. 
Não tem muitas folhas, não tem propriamente muitos tópicos, mas é simplista de-forma prática em relação aos três grandes vetores que o colocam como candidato às eleições do Sporting: a experiência na liderança de grandes instituições e o peso que foi ganhando na sociedade (e no clube, de forma mais ou menos assumida) através da sua atividade profissional; a preparação para uma situação financeira que descreve em traços gerais como difícil mas resolúvel, apresentando conceitos como a “solução mista” que destaca esse à vontade na matéria; a desdramatização da necessidade de ter mais ou melhores meios ou conhecimentos para o futebol, apontando o nome de José Eduardo e falando de algo que “não é uma ciência oculta”.

Lista C, Pedro Madeira Rodrigues. A ida às urnas no ano passado com Bruno de Carvalho, como o próprio já admitiu, mostrou-lhe muitas coisas que desconhecia em termos de campanha no Sporting, mas também lhe permitiu retirar ensinamentos que tenta agora capitalizar. 
É por isso que aposta na diferença sempre que fala: no futebol, onde é o único que assume de forma convicta que, qualquer que sejam os resultados de José Peseiro, a sua aposta é Claudio Ranieri (além do resto da estrutura) porque estará assim mais perto de ganhar; nas finanças, apresentou os investidores com quem irá trabalhar para debelar os problemas mais imediatos de tesouraria e défice a curto prazo no clube e na SAD; e no clube, com a bandeira de ter sido o primeiro a assumir a divergência com o antigo presidente destituído, mesmo sabendo teria poucas hipóteses (10%).

Lista D, Frederico Varandas. O antigo diretor clínico foi o primeiro a apresentar-se como candidato, o primeiro a apresentar o programa e o primeiro a oficializar as listas, algo que lhe dá algum conforto nesta altura para estar mais à vontade em relação às ideias que defende para o futuro do Sporting. 
Os 11 anos ligados ao futebol, a começar no V. Setúbal e a passar depois para os leões, conferem-lhe, como explicou, um degrau acima: além de gostar de futebol, passou a perceber de futebol. 
Por outro lado, fala em nomes que são conhecidos do eleitorado verde e branco (Manuel Fernandes, Beto ou Miguel Albuquerque), dizendo que o programa que defende também foi discutido com os próprios. 
Por fim, tem bem definidas as quatro linhas principais para a área financeira a nível da receita: securitização do contrato da NOS, emissão de empréstimo obrigacionista até 60 milhões de euros, reestruturação do passivo bancário e venda de jogadores.

Lista E, Rui Jorge Rego. Sendo um dos candidatos mais “desconhecidos” entre os sócios do Sporting, e sendo mesmo o último a aparecer numa fase onde as listas pareciam estar já encerradas, o advogado coloca o maior enfoque no futebol e em tudo o que daí gravita, desde as receitas à internacionalização da marca. 
Em relação à SAD, assume claramente a aposta em Paulo Lopo, acionista maioritário do Leixões que chegou a ser apontado também a uma candidatura como número 1, encontrando nisso mais um exemplo da necessidade de profissionalizar a sociedade; no que toca ao futebol em si, apresentou o antigo internacional brasileiro Roberto Carlos não só pela parte do saber o que é ganhar mas também no impacto mediático que consegue ter lá fora; por fim, divulgou que apresentará os parceiros estratégicos que irão injetar dinheiro no Sporting.

Lista F, Dias Ferreira. Sendo uma cara conhecida entre sportinguistas e aquele que apresentar o maior know how em termos de dirigismo desportivo (ou também naquilo que comummente se designa por meandros do futebol), o advogado centra o seu discurso em dois pontos diferentes mas com igual importância: por um lado, diz ter conhecimento da real situação do Sporting em termos financeiros, nomeadamente as principais linhas da reestruturação em curso, para desdramatizar essa parte dos números e falar de futebol; por outro, e mais uma vez, mencionou a necessidade de construção de mais uma Academia, mais vocacionada para os escalões de formação e mais próxima de Lisboa, como pilar de qualquer projeto futuro.

Lista G, Fernando Tavares Pereira. O empresário é o primeiro candidato de sempre à presidência do Sporting que vem de forma assumida de fora (neste caso, de Tábua), mas assume essa pele como uma força e não como uma possível fraqueza: além de ter reforçado toda a experiência profissional que culmina atualmente num império em setores distintos em cinco países e com 700 funcionários em Portugal, aumentou a proximidade aos sócios ao dizer que não marcará presença nos debates a dois em nenhum canal porque estará em viagem pelo País incluindo Madeira e Açores e teve uma mensagem simples em relação ao que fará em termos futuros, mais conservadora em termos institucionais, mais “radical” em relação a mudanças na Academia.


2 - Citações: as cinco frases chave de cada um dos candidatos
Lista A, João Benedito
  • “O desporto é tido pela vertente dos atletas de elevado nível, cujo rendimento tem de ser potenciado. Connosco passa também pela mentalidade vencedora, vamos trazê-la com as pessoas que queremos a passar a cultura Sporting. Não é romantismo. A nossa candidatura falou com a Comissão de Gestão para ter noção das várias áreas dentro do clube para não estarmos aqui a dizer disparates e devíamos ter muito mais informação do que se passa dentro do clube”;
  • “É preciso um diretor desportivo, escolhemos André Cruz. É experiente, passou por vários clubes no mundo, consegue antecipar situações como a de Matheus Pereira. Depois existe a figura do capitão de equipa, que é alguém que leva a cultura e estratégia para o balneário. Isto de haver três ou quatro capitães pode ser foco de instabilidade. Chegar a um balneário e ser confrontado pelo capitão é o primeiro garante de estabilidade. Vejam por que é que os rivais não abdicam do jogador A, B, C, ou D. Um jogador que faça parte de um núcleo duro tem de ser envolvido mas não decide”;
  • “Nunca permitiria que alguém confrontasse uma equipa técnica ou presidente, aqui se vê a liderança do balneário. Isto não passa só por números, passa por cultura. Dos 86 para os 88 pontos em 2015/16 a diferença é também mentalidade competitiva. Em vez de dizermos que somos roubados… Nesse ano perdemos no U. Madeira. São três pontos”;
  • “Identifico ao nível das receitas 70 milhões de euros. Se olharmos para os patrocínios e merchandising, são 15 milhões. Gameboxes e afins, 15 milhões de euros. Na Liga Europa, onde não queremos estar, são sete milhões de euros. Nós não queremos estar aqui… Começamos a dizer que precisamos de dinheiro e de entrar na Champions. Agora, olhando para o clube. Aquilo que acontece hoje em dia é a incorporação das quotas, que são oito milhões de euros. Do contrato da NOS há uma entrada de cinco milhões. Nos patrocínios das modalidades falamos de um milhão. As modalidades são valor, não são um custo, não podemos olhar para um prejuízo nas modalidades”;
  • “Esta é uma candidatura com os filhos do Sporting, com profissionais de excelência, independente. Desde o primeiro dia que não deve favores a ninguém. Livre para manter o controlo maioritário da SAD pelo clube. Que pretende uma gestão transversal, não podem copiar o conjugar cultura desportiva e de gestão. A curto prazo que ganhemos mais vezes em mais anos consecutivos. Contem com o João Benedito, nós queremos contar com os sócios”.

Lista B, José Maria Ricciardi
  • “Benedito e Varandas deram a prova que o grande problema do Sporting é este: não têm capacidade de liderança, poderão ter se calhar daqui a uns anos. Dizem que só percebo de economia, mas vi a final da Taça das Taças quando tinha dez anos. Percebo de futebol e o aspeto fundamental é a capacidade de liderança. É por isso que o Benfica e o FC Porto ganham. Nos últimos 30 anos, tirando dois campeonatos, os outros 28 ganhou o Benfica, o FC Porto e o Boavista. O Sporting teve jogadores e treinadores melhores, mas não ganhou por falta de liderança. O Sporting tem falta de coesão muito grande e que vai até ao balneário, não se consegue blindar”;
  • “Conto na minha equipa com José Eduardo, que foi campeão nacional, que estes senhores não sabem o que é. Não precisa do Sporting para nada e conhece o futebol. Tem de haver um código de conduta no balneário, têm de existir obrigações e deveres mas também devem ser apoiados nos momentos difíceis. O FC Porto e o Benfica têm diretores, médicos e ganham; nós também temos tudo e perdemos porque não há liderança em cima”;
  • “Acho que estamos numa situação difícil em termos financeiros mas que tem resolução. O Sporting gasta 100 milhões por ano na SAD e 23 milhões no clube. Se chegarmos a novembro e nada se passar, acabou o dinheiro ao Sporting. Não é assustar, porque tem solução. O Sporting tem de conseguir uma coisa: alcançar um resultado operacional positivo, para não dependerem da venda de jogadores, se ficar refém. O Sporting nunca teve no tempo de Bruno de Carvalho resultados operacionais positivos. Só com a venda de jogadores, que agora está muito prejudicada”;
  • “As operações não se anunciam antes de serem feitas. Fiz milhares de operações financeiras e nunca foram anunciadas antes de serem concluídas. Estive a falar com investidores, que tenho um grande conhecimento sobre isso. Tenho uma solução mista. Sou totalmente contra resolver dívida de curto prazo com dívida de longo prazo. Isso é aumentar o passivo, aumentar os encargos financeiros. Assim, queremos uma conjugação para trazer investidores, mantendo a maioria na SAD. Além disso, o securitizar os direitos televisivos e a venda da dívida”;
  • “O Sporting precisa de uma solução, não se pode ultra endividar, tem de ter uma composição que passe por duas soluções. Temos de gastar menos dinheiro, com mais resultados positivos. Lembro que com Leonardo Jardim gastámos 23 milhões e fomos segundos, agora foram 100 e acabámos em terceiro. No clube não há controlo de orçamento, para ver se há desvios. Uma realidade empresarial desta dimensão tem de ter controlo orçamental”.

Lista C, Pedro Madeira Rodrigues
  • “Sou uma pessoa que pensa a médio, longo prazo. Antes de começar, quis salvaguardar duas coisas: a parte financeira e o futebol, para lutar pelo título. Com gente competente, teria de enquadrar um treinador. Não vejo Peseiro como treinador a médio prazo. Já Ranieri é um gentleman, tem garra, atrai talento. Não tenho dúvidas em relação ao meu treinador. Já fiz questão de agradecer ao Peseiro por ter agarrado a equipa. Estas coisas são feitas em pensamento entre equipa. Não é feito em cima do joelho. José Peseiro não se enquadra no perfil. É uma grande pessoa, grande treinador, mas não acredito que seja treinador para o Sporting”;
  • “O Sporting passa por uma situação muito complicada. Quem quiser ser presidente tem de apresentar uma solução para já. Em outubro ou novembro precisamos de 60 milhões para pagar dívida que vem de trás. Não podemos arriscar, temos de ter garantia que esse dinheiro entra no Sporting. Nós temos entidade que garante, independentemente do mercado. Negociámos uma taxa de juro mais favorável do que 6,25% que temos nesta altura”;
  • “Vamos comprar as VMOC, ficando com quase 90% do capital da SAD, só com essa compra o Sporting resolve um problema, passa a deter por 40,5 milhões algo que vale muito mais. O que ganham os investidores? Confiam em nós, na marca Sporting, e querem participar no futuro do Sporting a médio/longo prazo. Para já querem entrar e beneficiar das taxas de juro. Ficam com relação privilegiada connosco”;
  • “Não podemos comprar 200 jogadores ao desbarato. Fazer uma gestão desportiva e equilibrar o barco, um clube sustentável para o futuro. Se for preciso vender parte da SAD, isso só acontecerá mantendo a maioria. O que queria era ter 100% do capital. Somos os únicos com investidores. Connosco há essa garantia e temos a ambição do grande Sporting, não o Sporting a contar tostões”;
  • “Na Arábia Saudita estão muito interessados em comprar parte da SAD, mas terão de pagar bem. Obviamente que a nossa solução passa por um misto. O Sporting, desta forma, não vai aumentar a dívida. Vender capital social do Sporting nesta altura é um erro. Com a nossa gestão o Sporting vai valer muito mais daqui a dois anos”.


Lista D, Frederico Varandas
  • “Ainda não percebemos que os nossos rivais são profissionais no futebol e nós não somos. Essa é a diferença. É importante ter pessoas profissionais e dedicadas à causa que conheçam o Sporting e o futebol português”;
  • “O futsal não é futebol. Um capitão tem de ter força no balneário e para isso tem de jogar, não estamos a falar de um plantel de futsal. Há no máximo sete portugueses, mas também sete sul-americanos. O que é que conhecem de história, de raça? Zero. Se não tiveres um capitão sul-americano, eles não percebem nada de raça”;
  • “Tenho de longe o coordenador para o futebol com mais conhecimento de todos. Nas modalidades tenho uma pessoa com experiência, sportinguistas e campeões. É esse o papel de um líder, saber rodear-se bem. O ambiente no futebol tem sido envenenado e ‘abatotado‘. Temos de mudar isso. Todas as pessoas são credíveis”;
  • “Ricciardi fala de amadorismo. Amadorismo é presidir a um clube uma pessoa que percebe zero de futebol”;
  • “Quero um Sporting a vencer no futebol e nas modalidades, com a maioria do capital da SAD. Isto faz-se com equipa competente, um presidente que saiba de futebol e um diretor com 60 títulos no currículo. São 16 anos sem vencer e o futuro presidente não tem tempo para aprender o futebol. Tenho 11 anos de futebol profissional. Fiz parte de uma geração que esteve 18 anos sem vencer o título. Nunca mais pode acontecer. Quero um Sporting digno, com coragem, que nunca será submisso a ninguém”.


Lista E, Rui Jorge Rego

  • “O nosso projeto tem sido claro em relação ao futebol e diverge das restantes candidaturas: vamos ter pessoas habituadas a ganhar. Peseiro não é história, tem contrato de um ano, não podia ser um contrato de três meses. A Comissão de Gestão fez muito bem. Tem dois jogos e duas vitórias, não é uma discussão”; 
  • A vinda de Roberto Carlos significa isto mesmo: ontem, no jogo com o V. Setúbal, fomos falados em mais de 50 países por boas razões. Isto é fundamental para o aumento das receitas no futuro. Ver apenas em Portugal é redutor”;
  • “Não serei o administrador da SAD. O Sporting está preparado? Não sei, espero que esteja. Temos a parte da gestão profissional, a parte do atleta que tem conhecimento e o hábito de vitória. Não temos hábitos de vitória, que têm de ser trazidos por quem comanda. É o que tem faltado. As receitas são fundamentais, é forma de combater o problema financeiro. Não é apenas reduzir as despesas. Peseiro será o treinador, temos os nossos parceiros estratégicos e Paulo Lopes será o presidente da SAD. É fundamental ter gente deste calibre que transmita o que é ser campeão”;
  • “Temos de continuar a ser competitivos. Todos concordamos que, olhando para o plantel, faltam ali dois ou três jogadores. O que for a receita extraordinária será usada para amortizar dívida, investimento na formação. O grande mal é o desinvestimento que teve, não são as pessoas que lá estão”;
  • “Não podemos gastar mais do que temos, a não ser que seja um investimento mas tem de ser algo objetivo e expectável. Este ano gastámos mais do que tínhamos nas modalidades, fomos campeões em tudo. O que temos preparado para recuperar esse investimento? A questão financeira tem de ser vista deste prisma. Nós temos que crescer, os outros clubes estão a crescer e temos de crescer com eles ou a décalage vai ser cada vez maior”.


Lista F, Dias Ferreira

  • “Uma equipa começa a ser preparada para a próxima época em janeiro. Deparámo-nos com uma situação que julgo que ninguém esperava. Tudo aquilo que devia ser feito, não foi feito. A única solução que entendo que se devia adotar era aceitar que a equipa tivesse a menor intranquilidade possível”;
  • “Em relação ao Miguel Albuquerque, não vou fazer no Sporting o que critico nos governos, que mandam embora quem não é do partido porque o dinheiro não é deles. O Manuel Fernandes ou o Beto, apoiem ou não, não é relevante. Quando chegar e verificar que fizeram um bom trabalho, nessa altura tomo as minhas medidas. Estamos numa situação especial em que não vamos fazer uma revolução. A única preocupação que teria era avaliar o mérito”;
  • “Tranquilo com a situação financeira? Não estou. A principal atenção é projetar o futuro com uma nova Academia, não para os profissionais, que devem ficar em Alcochete na mesma. Mas de formação, na zona de Lisboa, com o apoio de uma escola do Sporting, procurando imitar o estilo americano. E também para as modalidades. Isso vai diminuir os nossos custos. Se apostarmos na formação, não temos determinados custos”;
  • “A reestruturação financeira está em curso. Resta-me continuar, conheço-a e sei que é uma boa solução. Não me preocupa o futuro do Sporting. O Sporting não tem necessidade de arranjar novas dívidas, ninguém dá nada a ninguém. Vamos ter dinheiro para cumprirmos as obrigações. Não nos devemos deixar influenciar, isso dá grande gozo aos rivais. Não gosto muito de estar a pintar um futuro negro para o Sporting”;
  • “Os sócios conhecem-me. Todos sabem que, durante estes 40 anos, seja no Sporting como dirigente, seja nos Núcleos, nos estádios ou na comunicação social, tenho defendido de forma intransigente os interesses do Sporting. No dia em que tomar posse irei convidar para o Conselho Estratégico todos os outros candidatos, para que não estejam a conspirar no café contra quem foi eleito. Todos temos boas ideias, é preciso juntá-las”.


Lista G, Fernando Tavares Pereira
  • “Se temos treinadores à mão, não podemos dar imagem de que está mal. Peseiro foi escolhido e tem de fazer o trabalho dele. Temos é de criar a tal família. Os jogadores não se sentem bem, têm problemas acrescidos de mentalidade porque são obrigados a isso. O que pretendemos é que o Sporting ganhe títulos, não está em causa que seja com Peseiro“;
  • “Sou empresário há 44 anos, já estive à frente de um banco, de uma faculdade, tenho 700 funcionários. Uma grande empresa ou um clube precisa de solidez, empreendorismo e responsabilidade e eu penso ter tudo isso. Já ultrapassei crises terríveis, em 2011 e 2013 só não fui candidato por não ter o tempo suficiente, mas recorde que aos dez anos já vendia seguros, aos 18 tinha-me estabelecido, tenho mais anos de trabalho do que alguns têm aqui de idade”;
  • “O Sporting tem um passivo de 457 milhões, sem saber o que vem da auditoria. Até ao fim do ano tem responsabilidades de 100 milhões, mas a direção anterior fez coisas boas. Temos soluções, o Sporting não pode estar a ser vendido. É preciso arrumar a casa internamente, reorganizar com responsabilidade e dar credibilidade”;
  • “Temos a solução, não entregando a SAD a ninguém. Fizemos um trabalho adequado e adaptado às necessidades do Sporting e também para as modalidades amadoras. Há muitas coisas que podem dar rendimento na publicidade. Temos um museu eclético, o melhor e maior, mas faturámos 110 mil euros, os concorrentes faturam 300 ou 400 mil. Temos de mudar o museu para o lado da Loja Verde. Este programa foi feito depois de termos visitado os sócios e os núcleos porque primeiros ouvimos sempre os sócios”;
  • “Não faço falta nas minhas empresas, estou tranquilo para vir para o Sporting. A realidade que temos é esta, os problemas surgem em qualquer empresa e temos de enfrentá-los para termos soluções. Somos a lista G, de ganhar”.

3 - Polémicas e bate bocas. Ricciardi e Varandas, dois alvos entre muitos despiques a dois

Dias Ferreira:A lista de Ricciardi foi buscar dois elementos à Comissão de Gestão com informação privilegiada, se defendemos a verdade desportiva temos de começar pela nossa casa”; 
Ricciardi: “Isso é mentira, deixe-me falar”; 
Dias Ferreira: “Não tenha a mania que é o dono disto tudo”; 
Ricciardi: “Não me interrompa”; 
Dias Ferreira: “Já no outro dia me tinha chamado mentiroso, não me dá lições de educação”; 
Ricciardi: “Discute todos os dias com toda a gente, não há paciência”.

– Varandas: “João Benedito criticou Miguel Albuquerque mas tem de haver distinção do que se passou com os elementos da Comissão de Gestão, deve existir liberdade ou um funcionário público não pode dar opiniões sobre as legislativas? Há mentalidades que têm de mudar, essa é a primeira”; 
Benedito: “Sou uma pessoa de equipas, não me preocupam as pessoas. Agora, a verdade é que têm informação privilegiada, orçamentos e contratações. Não concordo com isso”.

– Ricciardi: “Isso do Manuel Fernandes na sua lista é mentira, começa logo a dizer coisas que não são verdade”; 
Varandas: “Mas como é que sabe que não é verdade?”; 
Ricciardi: “Estava hoje no Record dito por ele, como funcionário não se pode envolver”; Varandas: “Ah, viu no Record…”; 
Ricciardi: “E mando o número 1 da Comissão de Honra, que foi até ao fim um apoiante de Bruno de Carvalho, falar de mim… A mim também me contaram histórias de Alcochete e do Colégio Militar mas não conto nem mando contar”; 
Varandas: “Trabalho com o Manuel Fernandes há dez anos”; 
Ricciardi: “Com grande sucesso…”; 
Varandas: “Agora é muito incompetente, é isso”; 
Ricciardi: “Ele não, você é que é”; 
Varandas: “José Maria Ricciardi vive num mundo à parte, chegou agora e quer brincar ao Sporting”; 
Ricciardi: “Eu não, você é que quer brincar ao Sporting”.

– Ricciardi: “Você está habituado a confusões mas comigo vai de carrinho”; 
Dias Ferreira: “De carrinho? Então no outro dia já era no autocarro quando o Sporting for campeão e agora já é de carrinho?”; 
Ricciardi: “Acalme-se, você está sempre muito enervado…”. 
Dias Ferreira: “Enervado? Estou sempre calmo, não devo nada a ninguém”.

– Rego: “Falaste em Roberto Carlos como uma operação de cosmética, alguém campeão do mundo, três vezes vencedor da Liga dos Campeões…”; 
Varandas: “É preciso juntar a parte de conhecimento com a paixão pelo Sporting. A mim preocupa-me o histórico das pessoas, do Paulo Lopo. Marcou-me a história que ele tem ligada ao Benfica”; 
Rego: “Paulo Lopes é sócio do Sporting há 15 anos”; 
Varandas: “Não reconheço o Paulo Lopo como sportinguista, vi-o com a camisola do Benfica. E preocupa-me essa parceria com o Benfica”; 
Rego: “É sócio do Sporting. Mas o Benfica também é campeão com pessoas do Sporting”.

– Varandas: “O doutor Ricciardi parece a última Coca-Cola no deserto nessa área financeira mas quando era administrador do BESI não viu um buraco de 2,4 mil milhões de euros. Não sei se houve dolo e não acredito, mas houve incompetência. Fala do prémio que ganhou de banqueiro do ano mas todos sabem na indústria que esses prémios são dados a quem investe mais em publicidade”; 
Ricciardi: “Nem um tostão de publicidade, já é o desespero de causa de não ter qualquer competência…”; 
Varandas: “Zeinal Bava também recebeu muitos prémios mas rebentou com uma das maiores empresas do País. Depois no primeiro ano no Haitong houve um prejuízo de 100 milhões de euros negativos, segundo ano…”; 
Ricciardi: “Nem estava lá! Há candidatos que fazem um debate rebaixado, falando do BES como se me afetasse. Concorri ao Sporting porque não tenho nenhum problema de consciência com o que se passou; aliás, fui eu que denunciei. Não fiquei calado até à final da Taça com medo de Bruno de Carvalho, enfrentei a minha família e fui às autoridades. Tenho uma credibilidade e uma idoneidade bancária indiscutível. Não tem capacidade sozinho e diz o que os colaboradores lhe deram. Comigo os sportinguistas não terão alguém que não sabe sequer dirigir uma cantina, se ele for presidente é o fim. Comigo o Sporting ganhará”.

– Tavares Pereira: “Nunca lá estive mas o Sporting devia ter segunda volta”; 
Dias Ferreira: “Desculpe lá, para mim? Fui eu que quis colocar a segunda volta nos estatutos e depois foi rejeitado”; 
Tavares Pereira: “A mim ninguém me pode dizer nada por isso porque não estava lá, ninguém se pode comparar a mim”; 
Dias Ferreira: “Pois não tem ideias, não se compara a nada”.

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