REDACÇÃO FOLHA 8
24 DE SETEMBRO DE 2017
Estávamos a 12 de Maio de 2008 e, talvez lembrando-se de um outro Maio (de 1977), o Jornal de Angola, órgão oficial do MPLA, correia de transmissão do regime ditatorial que (des)governa Angola desde 1975, ameaçava nesse dia divulgar “as listas dos nomes dos quadrilheiros portugueses capturadas no bunker de Jonas Savimbi no Andulo”.
Por Orlando Castro
Então, camarada sipaio, director do JA, José Ribeiro, será agora que que aí a rapaziada dirigente do MPLA que exerce funções no pasquim, vai divulgar essas listas?
Savimbi foi assassinado há 15 anos e, por isso, certamente não se “importará” que o vosso silêncio seja quebrado.
Numa altura em que a Angola do MPLA vai ter um novo Presidente da República, seria com certeza salutar pôr tudo em pratos limpos.
Ou será que “das listas dos nomes dos quadrilheiros e assalariados” também consta um general chamado João Manuel Gonçalves Lourenço?
Até agora esses dossiers, que em parte foram mesmo encontrados no bunker de Jonas Savimbi no Andulo, continuam fechados a sete chaves por ordem de José Eduardo dos Santos que, pelo silêncio, chantageia todos os que no MPLA (mas também na UNITA) tentam ser angolanos antes de serem camaradas.
Mas agora, embora eufemisticamente, o Presidente da República será outro.
Portanto…
Portanto nada.
É que, segundo cópias e originais desses documentos (muitos “estacionados” por homens de confiança de Jonas Savimbi em segurança em vários países da Europa), é verosímil que existam informações “úteis” e “escaldantes” também sobre o general João Lourenço.
Será?
Diversas fontes contactadas pelo Folha 8 admitem que sim e algumas até nos permitiram a leitura de alguns documentos relevantes.
Talvez isso explique que a UNITA/Savimbi seja uma espinha que João Lourenço tem atravessada na garganta, o que aliás motivou a sua agressividade eleitoral contra o Galo Negro.
Observadores ligados aos tempos áureos da UNITA consideram que João Lourenço temia que esses documentos fossem em parte revelados durante estas eleições, razão pela qual jogou ao ataque.
Quem terá acalmado o ímpeto bélico de João Lourenço terá sido o próprio José Eduardo dos Santos, que lhe garantiu que ninguém da oposição iria falar do assunto.
E não iria porque, tal como Jonas Savimbi tinha vastos dossiers sobre altos dignitários do MPLA, Dos Santos também os tinha (e tem) sobre dirigentes da UNITA.
Aliás, toda esta vasta enciclopédia de informações de “quadrilheiros e assalariados” (do MPLA a favor da UNITA e da UNITA a favor do MPLA) vão ficar em boas mãos (núcleo duro, sobretudo mas não só familiar) do clã Eduardo dos Santos, qual bomba atómica contra todos aqueles que – eventualmente – queiram desonrar o legado do “querido líder”.
Continuamos, mesmo assim, à espera de um dia destes ver publicadas as listas de quadrilheiros (portugueses, angolanos, congoleses, brasileiros etc.) e, já agora, também da imensa listagem dos oficiais das FAPLA e depois das FAA que trabalhavam para Savimbi, assim como dos políticos do MPLA, alguns com altos cargos no Governo e que também eram assalariados do líder da UNITA, e ainda dos jornalistas (portugueses e angolanos), hoje rendidos aos encantos do MPLA, e que também eram muito bem amamentados por Savimbi.
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