SPORTING
Sónia Simões
18 de Maio de 2018
O jogador holandês foi assistido no hospital. Diz que chegou a perder os sentidos |
Primeiros dois adeptos fizeram-lhe um sinal de "ok" com o polegar, o segundo grupo passou e ignorou-o até que um adepto parou diante dele e o agrediu com um cinto: o relato do terror vivido por Dost.
Estava a acabar o treino no ginásio quando olhou pela janela e deparou com aquela imagem.
Cerca de 40 a 50 pessoas entravam na Academia do Sporting a passo lento e de rostos escondidos pelos cachecóis do clube, camisas e máscaras.
Sem saber o que se estava a passar, Bas Dost correu para o balneário, na tentativa de se juntar aos colegas.
Mas não chegou a entrar.
Acabou por ser agredido e, por momentos, perder a noção do “tempo e do lugar”, como descreveu à GNR do Montijo, na noite de terça-feira, horas após a agressão que o conduziu ao hospital.
Deviam ser 17h00.
No campo de treino estava apenas o treinador, Jorge Jesus.
Segundo recorda, os colegas estariam no balneário e ele no ginásio, já a finalizar.
Quando se apercebeu da invasão da academia tentou deslocar-se para o balneário.
Aliás, foi essa a indicação de um dos técnicos quando viu os adeptos chegarem.
O jogador holandês confessa que se sentiu “perplexo” ao assistir aos intentos dos adeptos, que queriam e forçaram a entrada no balneário para chegar aos jogadores do Sporting.
No entanto, chegou a tranquilizar-se por alguns instantes.
É que, segundo a sua descrição, dois dos elementos do grupo de invasores passaram “a cerca de um metro de distância” e até lhe fizeram um sinal com o dedo polegar, como se lhe tivessem a transmitir uma mensagem de “ok”.
Depois, ainda passaram seis ou sete suspeitos por ele, que não “interagiram”.
Só depois um dos adeptos parou diante dele e com um “objeto” que lhe pareceu um cinto “dobrado em forma de chicote” agrediu-o com violência na cabeça.
Bas Dost tombou no chão e, neste momento, um outro agressor aproveitou para investir contra ele.
Lembra-se, ainda, de ter sido levado por dois elementos da equipa médica que o assistiram e tem memória de “algumas pessoas” — supondo-se estar a referir-se a adeptos invasores — terem ficado “perplexas” com o facto de ter sido agredido.
O jogador do Sporting, cuja imagem dos ferimentos foi divulgada logo na terça-feira e que consta no processo, garante que por alguns minutos terá ficado inconsciente, perdendo a noção do “tempo” e do “lugar”.
E que entrou em “estado de choque e de medo“.
É que nunca pensou que um caso assim lhe pudesse acontecer.
Bas Dost foi assistido nesse dia no Centro Hospitalar Barreiro / Montijo e disse à GNR que queria formalizar queixa.
Eram 22h15 quando o seu testemunho prestado na GNR do Montijo terminou.
Os ferimentos causados na cabeça de Bas Dost durante a invasão à academia do Sporting, em Alcochete |
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