ECONOMIA Destaque
Redacção F8
7 de Maio de 2018
O secretário de Estado do Ministério da Agricultura da República Checa manifestou hoje disponibilidade do seu país para ajudar Angola a depender menos das importações no domínio agrícola, e com isto ajudar também a diminuir o desemprego.
Sucedem-se as promessas mas… é preciso cumprir para o milho crescer.
A posição foi hoje expressa, em Luanda, por Jiri Sir, que chefia uma delegação que integra empresários do seu país, durante um encontro que manteve com o secretário de Estado de Cooperação Internacional e Comunidades Angolanas, do Ministério das Relações Exteriores de Angola, Vieira Lopes.
“Eu e toda a minha delegação durante a nossa missão aqui em Angola vamos tentar conhecer as condições concretas da agricultura e vamos tentar conversar com os nossos parceiros, para contribuirmos para o desenvolvimento e para aumentar em primeiro lugar o emprego no sector agrícola”, disse na sua intervenção o governante checo.
Segundo Jiri Sir, a República Checa aprecia o esforço do actual Presidente angolano, João Lourenço, que visa o desenvolvimento económico e o aumento do emprego, principalmente da juventude.
“Seria um grande prazer para nós, poder contribuir para diminuir a dependência de Angola dos produtos agrícolas e dos alimentos e igualmente apoiamos o esforço do Presidente da República em combater a corrupção, bem como para facilitar o desenvolvimento económico no intercâmbio com o estrangeiro”, referiu.
Relativamente ao esforço de Angola no combate à corrupção, o secretário de Estado da Agricultura checo disse que este é “um ponto crucial para o futuro desenvolvimento do país”, que tem boas perspectivas.
Jiri Sir sublinhou que no domínio do comércio, a República Checa, que tem uma economia moderna e aberta, apoia tanto exportações como importações, tendo uma vasta experiência neste sector.
O governante checo informou que antes da reunião, manteve um encontro com a organização internacional “People in Need”, com mais de dez anos de presença em Angola, para ouvir as suas experiências com o seu trabalho em território angolano.
“O Ministério da Agricultura da República Checa é um dos doadores que apoia a actividade desta organização internacional, especialmente na sua tentativa de trabalhar no campo com as pessoas que levam a vida rural e a organização ensina a eles como trabalhar no solo arável, como produzir várias comunidades agrícolas”, frisou.
Por sua vez, o secretário de Estado de Cooperação Internacional e Comunidades Angolanas, do Ministério das Relações Exteriores de Angola, Vieira Lopes, lembrou que os dois países assinaram em 1977 um protocolo de cooperação, que traduzia o envio de especialistas cooperantes a Angola, que precisa ser revitalizado.
“Nós sentimos o reflexo da vossa cooperação e a vossa presença aqui vai também traduzir na discussão de aspectos, que visam revitalizar a cooperação existente entre os nossos dois estados”, salientou.
Vieira Lopes disse que Angola está a trabalhar para fugir da dependência do petróleo e a agricultura é uma das grandes apostas.
“Nós temos terrenos bastante férteis e já ultrapassamos em grande escala a questão da desminagem, de modos que precisamos toda a terra a produzir. A luta no combate à pobreza passa essencialmente pelo trabalho da terra, nós precisamos de ocupar os ex-combatentes no trabalho da terra, precisamos de criar infra-estruturas no campo e vamos contar com o vosso apoio”, acrescentou.
Durante a sua estada em Angola, a delegação checa vai participar de um fórum empresarial, na quarta-feira, e tem agendados encontros com os responsáveis máximos de três instituições bancárias do país.
De acordo com o programa de visita, Jiri Sir vai manter ainda encontros com o seu homólogo angolano, André Moda, e com o secretário de Estado do Presidente da República para o Sector Produtivo, Isaac dos Anjos, tendo ainda agendado até ao fim da visita, na quarta-feira, visitas a empreendimentos agrícolas.
Angola estabeleceu relações político-diplomáticas e de cooperação com a República Checa a 1 de Janeiro de 1993, data em que se constituiu o novo Estado checo.
Em 1999, foi assinada uma Declaração sobre as relações Bilaterais entre os dois países e em 2006, assinado o Memorando de entendimento e o Programa de Cooperação para o Desenvolvimento.
Mais do mesmo
Em Outubro de 2017, uma comitiva de empresários da República Checa visitou a província de Benguela com o propósito de se inteirar sobre as oportunidades de negócio e estabelecer parcerias com empreendedores locais.
Organizada pela K-M Trading Company, a missão daquele país da Europa Central integrava cinco empreendedores checos, nomeadamente Michal Karmazín, Sarka Novakova e Josef Novak, representantes da Agrico, e Pavel Suchanel – director comercial da P&H, uma firma especializada em sistemas hidráulicos e regas, para além de Jan Korbel, CEO da K-M.
O director comercial da empresa checa “Agrico”, Michal Karmazín, explicou à imprensa que a ideia era conhecer a realidade actual do mercado de Benguela, de modo a identificar oportunidades de negócio, sobretudo nas áreas de agro-pecuária, pescas e avicultura.
O responsável ressaltou o interesse dos checos em expandir os seus negócios no mercado angolano, mediante parcerias com empresas locais, sempre alinhadas com os programas da Agência Checa para o Desenvolvimento.
“Ao que tudo indica, alguns projectos de pequena dimensão criados na República Checa podem vir a estar em Angola em princípios de 2018 e servir como centro de aprendizagem em utilização de tecnologias no ramo agro-pecuário”, disse.
De acordo o empresário, trata-se de projectos instalados em sistemas de módulos contentores que funcionam como centros de formação de empreendedores em termos de tecnologias.
Por seu turno, o vice-governador de Benguela para a Área Económica, Gika Morais, reconheceu como o empresariado local pode crescer com a perspectiva de entrada de empresários checos no mercado, visto que a província tem dispõe de condições para atrair investimentos em vários domínios, sobretudo na indústria pesqueira, salineira e cimenteira.
Durante os quatro dias da visita à província, as firmas Agrico e P&H apresentaram a intenção de parcerias com empresas locais, no quadro da produção e venda de material agro-pecuária e financiamento de projectos, a par de sistemas hidráulicos e regas, tecnologias com bombas rotativas de baixo consumo.
Os contactos incluíram, entre outros, visitas ao Cubal e à Catumbela, além da comuna do Dombe Grande, onde os empresários da República Checa se inteiraram de projectos agro-pecuários.
Mais do mesmo (II)
As empresas angolanas no sector da agro-pecuária que pretendam candidatar-se ao crédito disponibilizado pela Agrico da República Checa devem apresentar projectos exequíveis, que permitam o rápido reembolso do montante, revelou em Outubro do ano passado, em Luanda, o representante da instituição, Michal Karmizin.
Esta informação foi prestada durante o seminário sobre a apresentação de intenção de negócios bilaterais entre empresários da República Checa e de Angola. O responsável frisou que os interessados podem receber montante superior a um milhão de euros, mas não revelou o valor global disponível para conceder créditos.
Para além de valores monetários, adiantou que têm meios disponíveis e produtos para agricultura, avicultura, bovinos e aquicultura.
Por sua vez, o então secretário de Estado para o Sector Empresarial Agrícola de Angola, Carlos Alberto Jaime, disse que os empresários angolanos devem criar projectos viáveis para satisfazer as garantias, carta de crédito e capacidade para cumprir os actos de pagamento exigidos pela linha de crédito da empresa Agrico, acrescentando que as parcerias poderão contribuir grandemente para diversificar a economia nacional.
Carlos Alberto Jaime aconselhou também os empresários que pretendam obter frutos da linha de financiamento, a médio, curto e longo prazo, a trabalhar com bancos angolanos para se evitar problemas e para poderem estar atentos às exigências das legislações de Angola e da República Checa.
Folha 8 com agências
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