RÚSSIA
José Milhazes 13/3/2018, 0:06
A 18 de Março Putin será, sem qualquer margem para dúvida, reeleito pela quarta vez Presidente, mas com uma novidade importante: o fiasco total do candidato do Partido Comunista da Federação da Rússia
O comunismo é, claramente, uma ideologia e uma prática em vias de extinção, sendo cada vez mais reduzido o seu poder de influência.
Os seus “restos mortais” servem apenas para “adubar” regimes autoritários e ditatoriais com rosto ideológico mascarado.
No próximo dia 18 de Março, Vladimir Putin irá ser, sem qualquer margem para dúvida, reeleito pela quarta vez Presidente da Rússia, mas com uma novidade importante no espectro político russo: tudo aponta para um fiasco total do candidato do Partido Comunista da Federação da Rússia, Pavel Grudinin.
As últimas sondagens dão-lhe 7% dos votos e arrisca-se a nem sequer ficar no segundo lugar, que sempre pertenceu, depois do fim da URSS em 1991, a Guennadi Ziuganov, presidente desse partido.
A votação em Ziuganov foi sempre cada vez menor à medida que o poder autoritário de Putin se impunha na Rússia.
Longe vai o ano de 1996, quando o líder comunista obrigou Boris Ieltsin a ir a uma segunda volta das presidenciais, tendo este último vencido por uma margem não tão grande como isso (53,82% contra 40,31%) e através de meios pouco democráticos e transparentes.
Nas eleições de 2012, Ziuganov ficou-se pelos 17,18%.
Esta perda de eleitorado deve-se a vários factores, sendo fundamental o facto do Partido Comunista se ter sujeito completamente à política interna e externa de Vladimir Putin.
Ele deixou de ser oposição ao Kremlin, transformando-se, a troco de algumas regalias para os dirigentes, numa “muleta” no Parlamento da Rússia.
O PCFR não tem qualquer influência nos sindicatos, que são mais uma correia de transmissão de Putin, como já o eram na época soviética (1917-1991).
Profundamente nacionalistas, Ziuganov e os seus camaradas apoiam o actual Presidente russo nas suas aventuras agressivas na Geórgia, Ucrânia, Síria.
Desta vez, os comunistas decidiram apresentar como candidato Pavel Grudinin, milionário com um passado político e moral pouco abonatório.
Tendo passado por vários partidos políticos, o capitalista foi acusado, durante a campanha eleitoral, de manter ilegalmente contas bancárias no estrangeiro.
Apresentando-se como o grande gestor do sovkhose Lénine (unidade colectiva de produção agrícola herdada da URSS) nos arredores de Moscovo, os seus adversários acusam-no de obter os lucros não através da agricultura, mas do arrendamento e venda de terrenos para hipermercados e apartamentos de luxo.
Esta escolha provocou divergências no seio do Partido Comunista, o que apenas contribuirá para o seu posterior enfraquecimento.
Após conhecidos os resultados eleitorais, o Partido Comunista Português irá cantar hossanas à vitória do “anti-imperialista” Vladimir Putin, mas, desta vez, poderá esquecer-se dos camaradas russos.
Afinal, o capitalismo de Estado, cada vez mais presente na Rússia actual, faz lembrar o centralismo político e económico da União Soviética.
Também não se deverão lembrar de comentar a decisão do Partido Comunista da China de permitir a Xi Jinping manter-se como Presidente do país durante o tempo que achar necessário, pois isso poderia ser interpretado como uma “ingerência” nos assuntos internos do partido-irmão.
Em Portugal, o PC vai-se mantendo à custa do subdesenvolvimento social, económico e político do país, bem como ao facto de os socialistas “precisarem de muletas” para governar.
P.S. Gostaria de chamar a atenção para as declarações de Vladimir Putin que, numa das suas numerosas entrevistas durante a campanha eleitoral, reconheceu ter ordenado abater um avião de passageiros durante os Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi.
Alguns meses depois, um avião de passageiros da Malásia, que voava de Amesterdão, foi abatido por um míssil quando se encontrava no espaço aéreo da parte da Ucrânia que se encontra sob o controlo de bandos armados pró-russos.
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