O Economista Português
Um blogue de Economia Política e de Política Económica
Postado em 29 de Outubro de 2014 - por Luís Salgado de Matos - às 5:29 am
Fonte: Daily Telegraph, a Partir do BCE
Os Meios de Comunicação Social têm badalado uma mezinha dos «testes de estresse» dos Bancos Europeus aos quais pela primeira vez se associou o Banco Central Europeu (BCE).
A Itália e Portugal estão entre os países mais castigados por esses testes.
Esses testes medem a capacidade de resistência da banca a uma queda da atividade económica. Contudo, ao mesmo tempo que publicava esses testes, o BCE deu à luz um estudo em que analisa a capacidade financeira dos consumidores europeus; prevê diversas situações de quebra da economia das famílias.
Esta quebra tem sobre os bancos efeitos paralelos à quebra da atividade económica nos testes de stress; está bem de ver que se as famílias deixam de pagar aos bancos, estes só sobreviverão se os seus donos os subsidiarem, o que é inverosimil.
O resultado é obtido a partir de dados da contabilidade nacional e não por supostas inspeções bancários e por isso é mais objetivo: os bancos alemães são tão frágeis como os portugueses.
Voltemos aos testes de stress do BCE. São politizados. «O BCE está fortemente comprometido» e foi «capturado» pela banca, afirma Philippe Legrain, um antigo economista da Comissão europeia: por isso, os bancos sacrificados situam-se em «países menos poderosos politicamente».
Os testes de stress do BCE merecem pouca credibilidade. Andrea Filtri, da Mediobanca italiana, assinala no Telegraph que o cenário adverso para a Itália foi uma queda de 11,6 % em relação aos valores de 2007 mas para a França a queda foi apenas de 0,8%, sem que o BCE tivesse dada explicação razoável para a discriminação.
A França saíu-se bem no teste, a Itália saíu-se mal.
As Sparkassen alemãs, cujos balanços parecem ser sinistros, nem sequer foram analisadas.
O gráfico seguinte mostra que os grandes bancos da Eurozona são mais atingidos pelos maus empréstimos do que os dos resto do mundo, e que o mal tem vindo a agravar-se, mas o BCE continua a branqueá-los.
Quando são de países poderosos e beneficiam de governos que os defendam, claro. Por causa de gráficos destes, ninguém sério acredita nos testes de stress do BCE e as bolsas de ações caíram.
Fonte: Daily Telegraph
O cenário mais adverso do BCE prevê que a inflação tombasse um ponto percentual mas mas na realidade, se descontarmos os efeitos fiscais, ela já caíu para 0,3%, afirma o Daily Telegraph.
No Japão, foi a deflação que reduziu o número de grandes bancos de vinte em 1990 para três no ano corrente.
Por certo para dar uma nota de boa disposição, o diário britânico cita um conhecido fantasista financeiro: «“The scenario of deflation is not there, because indeed we don’t consider that deflation is going to happen,” said the ECB’s vice-president, Vitor Constancio». Bravo Dr. Constâncio! Que saudade!!!
Sempre a defender o que não convém a Portugal e sempre afastado da realidade macro económica.
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