11 março 2016
Luanda - De acordo com o escritor egípcio, Albert Cossery, “[…] a vida é maravilhosa, mas é preciso uma pessoa saber desprender-se de tudo isso [o que é exclusivamente sensitivo e] que desgraçadamente dá felicidade aos imbecis.” Desde o início do processo ultrakafkiano, todos angolanos e estrangeiros observadores, com o mínino gosto no uso da razão, terão captado a trama romanesca, que conduziria a longa noite dos 15+2.
Fonte: Club-k.net
O tirano, e todos os “farrapos humanos” ao seu serviço, idealizaram que conduziriam os acusados até ao calvário, no qual, cruzariam com a dor até aos limites possíveis. Ledo engano!
Quem está na agonia política e existencial é o regime.
Caos para o qual, este processo, muito ajudou à mergulhar o “ditador-doentio-crónico”.
Tal como o ditador destaca-se, por falta de elevação de alma.
Reles que é!
No seu afundanço ethos, leva consigo, alguns figurantes, que em alguns momentos de exibição do “filme autoritário”, ganham destaque e parecem o “persona central” da trama.
Neste processo, ganharam este estatuto, “muitos farrapos humanos” — A procuradora mascarada, … e o juiz da causa, Januário Domingos — Para citar somente estes dois restos fecais, que foram expelidos pelo órgão rectal do tirano, com vista a cumprirem, cabal e escrupulosamente as orientações finais do realizador e autor do guião cinematográfico.
Por enquanto, interessa-me focar em Januário Domingos.
A reminiscência recoloca aqui, o pensamento de Cossery, segundo o qual, só os imbecis, os sensista ou hedonistas fúteis, podem acreditar que os bens trazem a felicidade.
Tendo havido a violação do princípio do juiz natural, ao ser indicado à dedo para julgar.
Não tendo havido o acaso, para além de outros factos sobre os quais já foram exaustivamente referidos desde o início do processo, cuja “realidade”, ultrapassa a ficção e a caricatura, é razoável colocar este juizeco na carapaça de imbecil!
Como ele, existem milhares de idiotas, nas mais variadas instituições disfuncionais e banais, que estão ao serviço do tirano, mas em troca de lagostas e gambas, acreditando na eternidade do reinado e na continuidade do triunfalismo.
Gostaria de lembrar ao juizeco, que aqueles que participaram na inceneração de judeus, ainda hoje, continuam a ser julgados.
Inclusive, ex-seguranças dos centros de concentração, são julgados à luz da responsabilidade por omissão.
Ou ainda, o simples facto de assistir a realização da barbárie.
Não banalize(m) a ignominia!
Este instrumento da tirania, na sessão de julgamento de 23 de Fevereiro, protagonizou mais algumas, entre as inúmeras acções que o carateriza:
I). Ao interrogar os seus colegas da classe opressora, permitiu que fossem proferidas todas as logorreias possíveis. Anibal Rocha reafirmou a sua ligação canina e fiel ao partido, dizendo mesmo que: “Juntar-se a um Governo de Salvação Nacional (GSN), constituiria uma vil traição”. E continuou: “Sou membro do partido desde os meus 23 anos. Esta ligação indevida que foi feita a mim e o GSN, afetou gravemente a minha reputação e a minha vida social.” Caro leitor, ao Anibal Rocha, foi questionado o seguinte: “Você alistou-se, foi consultado para ser alistado no GSN? Sabe que é o Ministro das obras Públicas e alguma vez desejou assumir este cargo? Diante destas perguntas, foi a oportunidade para uma longa e desnecessária narrativa.
II). Quando chegou o momento de Nelson Pestana “Bonavena”, nem sequer o mínimo lhe foi dado para esclarecer uma questão em jeito de contraditório.
III). Finalmente, ao José Maria, foi-lhe colocado as mesmas questões (claro, mudando somente o cargo no GSN). Respondeu como se estivesse ali a proferir um comício aos réus, com vista a mudarem as suas convicções. Deixou igualmente claro, que é da máquina e que está disposto a defendê-la até à morte.
Quando os irrazoáveis pensavam que o imbecil, já tinha atingido o cume da bestialidade, e da falta de inteligência que sempre deixou perpassar, desde Setembro, vazou mais uma, o que hás-de ver adiante.
Os declarantes devem assinar a acta no fim da sessão. José Maria, disse ao juizeco, que não faria por falta de tempo, porque tinha uma viagem por motivo de óbito.
É assim que todos ouviram o juizeco dizer: “ Ah, sim. Oh! Sei do óbito.
Aquele do Uíje.
Pode ir Senhor Doutor.
Quando poder, volta aqui para assinar…!”
Você ainda duvida que este juizeco, cabe tanto na imbecilidade, quanto na idiotice, e que este processo é ultraficção ao cubo?!
Por falta de sabedoria mínima, o tirano e toda a máquina humana à sua volta, não perceberam que este processo, combinado com outros factores, está a leva-los para o último degrau do inferno, da “Divina Comédia” de Dante.
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