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terça-feira, 28 de novembro de 2017

Revolução em Angola

VOICE OF ANGOLA José António Saraiva

Depois dos filhos de Eduardo dos Santos, são demitidos ministros, gestores de empresas públicas, militares, responsáveis da comunicação social, altos funcionários da administração do Estado.

E isto tudo apenas dois meses depois de o novo Presidente, João Lourenço, tomar posse.

O que se passa em Angola? 
Isto faz-me lembrar, mais do que uma democratização, as ‘purgas’ que normalmente se sucedem aos golpes de Estado. 
É como se Lourenço tivesse descoberto uma grande conspiração contra ele – e estivesse a afastar os golpistas.

Isto também seria natural se o novo Presidente tivesse conquistado o poder através de um golpe. 
Mas João Lourenço recebeu pacificamente o poder das mãos de Eduardo dos Santos.

Como entender então esta sangria?

Só vejo duas hipóteses.

Primeira hipótese: Lourenço está a lutar desesperadamente pela sobrevivência, e temia que, se não ‘corresse’ com aquela gente, eles acabariam por ‘fazer-lhe a cama’;

Segunda hipótese: Lourenço está confortável com o poder que tem e sente-se com a força necessária para meter nos postos-chave pessoas da sua confiança.

No primeiro caso, se for uma luta pela sobrevivência, as demissões compreendem-se – mas significam que a situação em Angola está periclitante e em qualquer altura pode degenerar em guerra aberta.

No segundo caso, se for apenas uma manifestação de poder, parece-me pouco recomendável.

Estas demissões, com destaque para o afastamento dos filhos de Eduardo dos Santos, foram – em linguagem futebolística – uma ‘entrada a pés juntos’.

Ora, estas entradas podem ser punidas com cartão vermelho. 
E isso ainda é mais verdadeiro em África, onde as instituições não existem e a base do poder é instável.

Os próximos dias darão com certeza respostas a estas dúvidas.

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