Powered By Blogger

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Dívida sobe para 129,4% em 2013

 
Marta Moitinho Oliveira – 31/01/14 - 19:03 - Diário Económico

A dívida pública atingiu no ano passado os 129,4% do PIB, anunciou hoje o secretário de Estado do Orçamento.

A nova estimativa ultrapassa a que o Governo apresentou em Outubro, quando esperava que a dívida fechasse o ano de 2013 nos 127,8%. No início da audição perante a comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, o secretário de Estado tinha admitido que a melhoria dos resultados orçamentais ainda não permitiu baixar a dívida pública e, por isso, é preciso continuar o caminho da consolidação.

Os esforços já feitos, e que permitiram uma redução do défice em mais de 2,4 mil milhões de euros, "ainda não permitiram a redução da dívida pública que se terá cifrado em cerca de 129,4% do PIB no final de 2014", disse Hélder Reis aos deputados da comissão de Orçamento e Finanças. O governante acrescentou que "este elevado nível de dívida, bem como os encargos com juros que acarreta, implicam que a consolidação orçamental terá que prosseguir". No Orçamento do Estado para 2014, o Governo inscreveu uma previsão de dívida de 127,8% do PIB para 2013.

O secretário de Estado do Orçamento admitiu hoje que os resultados da execução de 2013 terão um efeito "positivo" este ano, mas que o Governo se tinha comprometido a "substituir" as medidas que tivessem de ser eliminadas.
"Há um compromisso de substituir todas as medidas que venham a ser eliminadas", disse Hélder Reis.

O governante respondia assim ao deputado do PS Pedro Marques, que quis saber por que motivo o Governo avançou com o agravamento da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) e o aumento da contribuição dos trabalhadores para a ADSE, quando tem "margens". Pedro Marques referia-se ao ganho que resulta da melhoria dos dados de 2013, e que pelas números do Governo indicam que pode chegar aos mil milhões de euros, o impacto nas receitas fiscais e à reserva orçamental prevista na dotação orçamental (mais de 500 milhões de euros). "Com estas margens porque é que insistem em cortar mais ao rendimento das pessoas?", questionou Pedro Marques.

O secretário de Estado disse ainda que o ganho na receita de IRS pelo facto de não poderem ter aplicado os cortes previstos na convergência "não é claro" até porque as medidas alternativas "retiraram rendimento de outra forma". Pode haver um "ganho marginal" com "dimensão diminuta", adiantou Hélder Reis.


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Negócio do Goldman Sachs ameaça governo dinamarquês


Cisa Martinho -  30/01/14 12:06  - Diário Económico

Os socialistas saíram da coligação pressionados pela entrada do banco na eléctrica Dong Energy.

O último investimento do Goldman Sachs na Dinamarca está a colocar o governo à beira da ruptura. Os socialistas do SF, um dos três partidos que formam a coligação de centro-esquerda, deixaram hoje o executivo perante a indignação popular com a entrada do banco norte-americano na eléctrica Dong Energy.

O Goldman Sachs comprou 19% da empresa por cerca de mil milhões de euros, reduzindo a participação do Estado na Dong Energy para 60%. O negócio foi anunciado em Outubro, mas desde então a indignação popular e política continua a pressionar o governo liderado Helle Thorning-Schmidt. Uma petição ‘online’ recolheu 185 mil assinaturas contra o investimento. Poul Nyrup Rasmussen, antigo primeiro-ministro social-democrata, classificou a venda de "catástrofe" e, em entrevista ao Politiken, alertou que a "Dinamarca corre o risco de deixar de ser líder na energia verde".


Annette Vilhelmsen, líder do SF, demitiu-se hoje mas avançou que o partido está disponível para apoiar o governo o parlamento. Sem o SF, com 16 de deputados, os partidos que suportam o governo (social-democratas e liberais) só controlam 61 dos 179 lugares parlamentares.

Rui Rio defende programa cautelar para evitar problemas


Económico com Lusa  30/01/14 14:14

O economista Rui Rio defendeu hoje que Portugal deve "deixar a troika" com um programa cautelar porque precisa de "rede” e, sem ela, será "um barquinho a remos à deriva no oceano" susceptível a "problemas bem mais graves".

"Devíamos sair com rede e não sem rede, embora politicamente o discurso seja mais difícil de fazer", concluiu o social-democrata, que participou hoje, no Porto, na conferência "Iniciativa privada - A economia, as empresas e o sistema fiscal".

O ex-presidente da Câmara do Porto admitiu que, "do ponto de vista eleitoral, é mais simples falar numa saída à irlandesa ou numa saída limpa", mas defendeu que "um país pequeno e financeiramente fragilizado" não deve ser "atirado sozinho" aos mercados e às agências de 'rating'.


"A imagem que dou é a de um barco pequeno, a remos, no meio do oceano. Se pusermos o barquinho sozinho à deriva no oceano podemos ter problemas bem mais graves", frisou.

EUA crescem 3,2% no trimestre da paralização federal


Pedro Latoeiro  -  30/01/14 13:30  - Diário Económico

Consumo privado compensou danos causados pelo 'shutdown' no governo em Outubro.

A economia norte-americana cresceu a um ritmo anualizado de 3,2% no quarto trimestre, anunciou hoje o Departamento do Comércio.

O ritmo de crescimento sucede a uma progressão de 4,1 % no terceiro trimestre e coincidiu com a estimativa média dos economistas sondados pela agência Bloomberg.

A puxar pela criação de riqueza esteve sobretudo o consumo privado, que cresceu ao ritmo mais elevado em três anos no último trimestre de 2013. O aumento da procura interna acabou assim por compensar os danos criados pela paralisação federal de Outubro.

O relatório do Departamento do Comércio é divulgado um dia depois de a Reserva Federal ter anunciado nova redução no seu programa de estímulos monetários, uma decisão que tem por base os sinais de retoma económica e de melhoria nas condições do mercado de trabalho.

Num relatório separado, o Departamento do Trabalho confirmou a expectativa de que os pedidos iniciais de subsídio de desemprego nos EUA aumentaram na semana passada - subiram em 19 mil para um total de 348 mil.


A digestão de ambos os indicadores deve motivar uma abertura em alta de Wall Street, que tem nos resultados do Facebook e da Visa outros tónicos para a sessão de hoje.

Moody’s “recomenda” cautelar a Portugal

 

Alberto Teixeira - 30/01/14 08:50 – Diário Económico

A agência de “rating” considera que um cautelar é a solução que melhor responde às necessidades de financiamento de Portugal.

A Moody's sugere que Portugal adopte um programa de apoio cautelar após a “troika” abandonar Lisboa em Maio deste ano se quiser alcançar uma dinâmica sustentável do seu crescimento económico e reduzir o rácio da dívida.

"As necessidades de refinanciamento nos próximos anos rondam os 10 mil milhões anuais, o que significa que Portugal deve procurar baixos custos de financiamento por um longo período se quiser alcançar um crescimento económico sustentável e reduzir o seu rácio da dívida, algo que será mais facilmente alcançado num contexto de uma linha cautelar", refere a agência de notação de risco no relatório ‘Credit Outlook' ontem divulgado.

Tal como aconteceu na Irlanda, a Moody's espera a decisão do Governo português só seja anunciada “muito perto” do fim do actual programa, em linha com o que disse esta semana a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, na reunião do Eurogrupo.

A agência comenta ainda os dados da execução orçamental, divulgados na semana passada, e que mostraram um défice abaixo da meta prevista, para elogiar a "determinação e capacidade das autoridades portuguesas para melhorar as finanças públicas do país” num ambiente económico difícil.

Para este ano, a Moody's acredita que Portugal vai voltar a cumprir os requisitos de um défice de 4% do PIB, prevendo um crescimento de 1 %.

Em mercado secundário, os juros portugueses seguiam hoje em tendência mista. A “yield” implícita nos títulos a 10 anos seguia inalterada nos 5,1%, crescendo nos prazos mais curtos.


A Moody's não fez qualquer alteração no ‘rating’ de Ba3 atribuído a Portugal com ‘outlook´estável.

Confiança atinge máximos de cinco anos e meio


Paulo Zacarias Gomes - 30/01/14 10:05 – Diário Económico

Indicadores de confiança sobre Portugal continuam a recuperar, mostram dados de Bruxelas.

A confiança económica em Portugal voltou a reforçar-se em Janeiro, com o indicador de sentimento económico a atingir o melhor valor em cinco anos e meio, de 99.6 - anterior à falência do Lehman Brothers e do deflagrar da crise económica e financeira internacional.

De acordo com os dados divulgados hoje pela Comissão Europeia em Bruxelas, o indicador do País cresceu 1.5 em relação a Dezembro, prosseguindo a recuperação dos últimos meses - embora todos os indicadores se encontrem ainda em terreno negativo - e com o contributo da generalidade dos sectores à excepção do retalho.

Na zona euro o indicador cresceu pelo nono mês consecutivo, alcançando o melhor registo em dois anos e meio (Julho de 2011), passando de 100.4 em Dezembro passado para 100.9 neste mês.


A indústria dos serviços dos 18 países liderou esta melhoria, excedendo as previsões. A confiança entre os consumidores e no retalho, apesar de ainda em terreno negativo, também registou progressos devido a boas perspectivas quanto ao aumento da procura. Pelo contrário, nos sectores da indústria e da construção a confiança deteriorou-se em relação ao mês anterior.

Depois de Espanha, Itália consegue dívida a custo mínimo


Alberto Teixeira  30/01/14 11:22 – Diário Económico

Itália levantou hoje quase 8,5 mil milhões de euros em obrigações a cinco e a dez anos, pagando os juros mais baixos de sempre.

Beneficiando do ambiente propício na periferia do euro para ir ao mercado, Itália conseguiu hoje financiar-se ao custo mais baixo de sempre. Foi na linha a cinco anos que os juros recuaram para os 2,43%, um nível mínimo histórico, com a sólida procura a revelar-se suficiente para emitir quatro mil milhões de euros em obrigações com maturidade em Maio de 2019.

Na linha a 10 anos, o Tesouro italiano pagou uma yield de 3,81%, mais baixa do que os 4,1 1% registados na última operação comparável, com a procura a mais do que dobrar a oferta. Itália aproveitou ainda para emitir obrigações de taxa variável com um juro médio de 1,79%.

A operação de hoje reforça os sinais já dados nas últimas emissões espanholas relativamente ao bom momento para os periféricos emitirem neste arranque de ano, em virtude do regresso de muitos investidores internacionais à procura de activos com maior rendibilidade.


Aliado a este movimento, os analistas explicam que a melhoria dos fundamentais destes países e as expectativas de mais estímulos no bloco do euro para incentivar a retoma e afastar a deflação ajudaram a construir um contexto favorável para o regresso deste país aos mercados.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Moção Passos Coelho sobre Economia: O Regresso do Bacalhau a Pataco

O ECONOMISTA PORTUGUÊS
um blog de Economia Política e de Política Económica
 
Publicado em Janeiro 21.2014

O Economista Português leu a parte económica global» do Dr. Passos Coelho ao próximo congresso do PSD; ficou surpreendido pois a moção anuncia que voltámos a ser ricos: «O País está prestes a sair da situação excepcional de emergência que marcou a sua vida nestes últimos três anos» e vamos entrar num «ciclo de crescimento da economia com condições como já não vivíamos há bastantes anos». O Dr. Passos Coelho prepara-se pois para voltar a prometer mundos e fundos, em eleições legislativas que, salvo alguma surpresa nas europeias, decorrerão ainda este a ano.

A moção toma precauções apenas retóricas a favor da prudência: fiz que os portugueses não repararam mas que agora se aplica a «regra de ouro» em toda a União Europeia e por isso temos que mandar os orçamentos à apreciação para Bruxelas. Reparámos e sabemos que só é assim nos países em crise. Há outros erros: o texto confunde saldo positivo da balança comercial com o fim do endividamento líquido do nosso país; queria por certo escrever «o fim do aumento do endividamento líquido» mas escreveu que já não devemos sendo a causa deste extraordinário desendividamento... a balança comercial ter sido superavitária durante um ano.

Após este momento de humor involuntário, surge o capítulo sobre «A Concretização Da Agenda Para O Crescimento E O Emprego»: não contém um único número, pelo que não há o risco ser no futuro violada a menor promessa de criação de emprego.

Sempre carinhoso com os nossos credores, o Dr. Passos Coelho revolta-se com o quê? Com a proposta de «renegociação da dívida e dos juros».

O Economista Português aplaude a existência de um capítulo intitulado «Uma Agenda Para A Natalidade» mas lamenta que ele assente no diagnóstico errado, a saber, que o nosso problema demográfico é igual ao do resto da Europa – não é: nem no saldo migratório, nem no decréscimo da população ativa - e mais lamenta que não haja uma única medida concreta; «queremos iniciar um processo de europeização de respostas», esclarece o Dr. Passos Coelho, anunciando outra área em que passaremos a contar com as forças dos outros («uma diretiva comunitária manda-nos aumentar a taxa de natalidade», dirá o PSD em 2015)

A moção destaca as questões económicas e sociais; louva o Estado social e não usa a palavra liberalismo; não faz a apologia da emigração nem defende a crise como higiene das economias. E assenta na previsão de uma taxa de crescimento do PIB como há muito não víamos. Concluída a sua leitura, O Economista Português julgou ter lido um artigo destinado à exportação para o mercado asiático.


O texto da moção está disponível em


O Banco Central Europeu descobriu que os Alemães são os mais Pobres da Europa


 O ECONOMISTA PORTUGUÊS
um blog de Economia Política e de Política Económica


Publicado em Abril 12.2013

O Banco Central Europeu (Bce) publicou esta semana um texto com alguns números visando demonstrar que o património dos lares alemães é dos mais reduzidos da União Europeia e para certas variáveis é mesmo o mais pobre. Os resultados são absurdos: os portugueses são 50% mais ricos do que os alemães; o património líquido dos lares da Bélgica é quatro vezes maior do que o da Alemanha. Cada lar cipriota - leu bem: cipriota - é cinco vezes mais rico do que um alemão. Os malteses são também riquíssimos.

O Bce resolveu calcular a fortuna privada. A contabilidade nacional portuguesa, e a de muitos outros países, não calcula o capital nacional. Assim, o Pib na perspetiva do rendimento, é a soma dos salários, das rendas e dos lucros. O capital seria, por exemplo, as fábricas e os prédios - mas estes não constam do Pib. É a essa contabilidade, apenas para o setor privado, que o Bce diz querer proceder: por meio de inquéritos, averigua se os lares possuem prédios, andares, automóveis, jóias, ações de empresas, etc.

O texto do Bce seria cómico se não fosse dramático o nível de cabotinismo a que aquele banco desceu. A metodologia é paupérrima. Em parte alguma é abordada uma questão central: como é calculado o valor do património imobiliário? Os resultados são obtidos com base num inquérito direto; mas não estão publicados os protocolos de investigação e por isso é impossível avaliar o valor dos dados obtidos. O relatório tartamudeia umas frases sobre os «outliers», isto é, sobre as economias «que ficam de fora» (só nomeia Chipre) que, bem lidas, deveriam ter levado a que o relatório ficasse inédito.

O texto publicado tenta uma justificação metodológica, mas as correlações a que chega são estatisticamente insignificantes ou assentam em variáveis ocultas. A seguir, correlacionamos a poupança privada com o património dos lares, que é o património privado. A poupança concretiza-se em património. Se a poupança é maior, o património será maior. Ora, de acordo com as contas do Bce quanto maior é a poupança, menor é o património. O gráfico abaixo desenha a reta de regressão entre estas duas variáveis. A correlação é negativa e o seu coeficiente é fraco: -0,32. Em bom rigor estatístico, o relatório do Bce impõe-nos a seguinte conclusão: a correlação entre a poupança e o património é aleatórea. É uma conclusão absurda.


Nota: Portugal está no canto inferior esquerdo (patrimônio: 75; poupança: 502). Fontes: Poupança: Ameco; Património: Bce.

A que se deverá este relatório errado de uma ponta à outra? À incompetência dos técnicos do Bce? Ao fato de o seu governador, o Sr, Draghí, precisar de pagar à Sra Merkel ou ela ter-lhe dado esse posto? Porque o relatório favorece a pobre Alemanha, que nele encontra um argumento falso, mas visível, para não resgatar os ricos portugueses, cipriotas, gregos. E já está a ser usado na campanha eleitoral alemã.

0 relatório, muito recomendável para quem aprecia humor estatístico involuntário, está disponível em:




Minha mensagem para o Fórum Econômico Mundial em Davos




21 de janeiro de 2014

Este é o texto integral do discurso especial Papa Francis 'para o Fórum Econômico Mundial, reunião anual em Davos , leia pelo Cardeal Turkson.

Estou muito grato pelo seu amável convite para dirigir o encontro anual do Fórum Econômico Mundial, que, como é habitual, será realizada em Davos-Klosters, no final deste mês. Confiando que a reunião será uma ocasião para uma reflexão mais profunda sobre as causas da crise econômica que afeta o mundo nos últimos anos, eu gostaria de oferecer algumas considerações na esperança de que eles possam enriquecer as discussões do Fórum e dar um contributo útil ao seu importante trabalho.

O nosso é um tempo de mudanças notáveis e progressos significativos em diferentes áreas que têm consequências importantes para a vida da humanidade. Na verdade, "Devemos elogiar as medidas que estão sendo tomadas para melhorar o bem-estar das pessoas em áreas como saúde, educação e comunicações" (Evangelii Gaudium, 52), além de muitas outras áreas da atividade humana, e devemos reconhecer o papel fundamental que atividade empresarial moderna teve em trazer estas mudanças, estimulando e desenvolvendo os imensos recursos da inteligência humana.

No entanto, os sucessos que foram alcançados, mesmo que eles reduziram a pobreza para um grande número de pessoas, muitas vezes têm levado a uma exclusão social generalizada. Na verdade, a maioria dos homens e mulheres do nosso tempo ainda continuar a ter insegurança diária, muitas vazes com consequências dramáticas.

No contexto da sua reunião, gostaria de enfatizar a importância de que os diversos setores políticos e econômicos têm na promoção de uma abordagem inclusiva que leva em consideração a dignidade de cada pessoa humana e do bem comum. Refiro-me a uma preocupação que deve moldar cada decisão política e econômica, mas que às vazes parece ser pouco mais do que uma reflexão tardia. Aqueles que trabalham nestes sectores têm uma responsabilidade para com os outros precisa, particularmente aqueles que são mais frágeis, fracos e vulneráveis. É intolerável que milhares de pessoas continuam a morrer todos os dias de fome, apesar de quantidades substanciais de alimentos estão disponíveis, e muitas vezes simplesmente desperdiçada. Da mesma forma, não podemos deixar de ser movido por muitos refugiados que buscam condições de vida minimamente digna, que não só não conseguem encontrar hospitalidade, mas muitas vezes, tragicamente, perecem em mover-se de um lugar para outro. Eu sei que estas palavras são fortes, mesmo dramático, mas eles buscam tanto para afirmar e para desafiar a capacidade desta assembléia para fazer a diferença. Na verdade, aqueles que demonstraram a aptidão para ser inovador e para melhorar a vida de muitas pessoas por sua engenhosidade e experiência profissional pode contribuir ainda mais, colocando suas habilidades a serviço daqueles que ainda vivem em extrema pobreza.

O que é necessário, então, é uma sensação renovada, profunda e mais ampla de responsabilidade por parte de todos. "O negócio é - de fato - uma vocação e uma vocação nobre, desde que as pessoas envolvidas no que se vêem desafiados por um significado maior na vida" (Evangelii Gaudium, 203). Esses homens e mulheres são capazes de servir mais eficazmente o bem comum e para tornar os bens deste mundo mais acessível a todos. No entanto, o crescimento da igualdade exige algo mais do que o crescimento econômico, mesmo que ele pressupõe. Ela exige, antes de tudo "uma visão transcendente da pessoa" (Bento XVI, Caritas in veritate, 11), porque "sem a perspectiva de vida eterna, o progresso humano neste mundo fica privado de respiro" (ibid.). Ele também exige decisões, mecanismos e processos voltados para uma melhor distribuição da riqueza, a criação de fontes de emprego e uma promoção integral dos pobres, que vai além de uma mentalidade de bem-estar simples. Estou convencido de que a partir de tal abertura ao transcendente uma nova mentalidade política e negócio pode tomar forma, capaz de orientar toda a atividade econômica e financeira dentro do horizonte de uma abordagem ética que é verdadeiramente humano. A comunidade empresarial internacional pode contar com muitos homens e mulheres de grande honestidade e integridade pessoal, cujo trabalho é inspirado e guiado por altos ideais de justiça, generosidade e preocupação com o desenvolvimento autêntico da família humana. Exorto-vos a recorrer a estes grandes recursos humanos e morais e enfrentar este desafio com determinação e clarividência. Sem ignorar, naturalmente, os requisitos científicos e profissionais específicas de cada contexto, peço-lhe para garantir que a humanidade é servido por riqueza e não governado por ele.

Caro Sr. Presidente e amigos, eu espero que você pode ver nestas breves palavras, um sinal da minha solicitude pastoral e uma contribuição construtiva para ajudar suas atividades para ser cada vez mais nobre e fecunda. Renovo os meus melhores vetos para uma reunião bem sucedida, enquanto invoco bênçãos divinas sobre você e os participantes do fórum, bem como sobre as suas famílias e todos os seus trabalhos.

Vaticano, 17 de janeiro de 2014.
Postado por Papa Francis - 06:21
Todas as opiniões expressas são as do autor. O Blog do World Economic Forum é uma plataforma independente e neutra dedicada a gerar debate em tomo dos temas fundamentais que moldam agendas globais, regionais e da indústria


Fórum Davos em directo



Económico 21/01/14  16:00

Acompanhe aqui ao longo dos próximos dias os trabalhos do Fórum Económico Mundial

Welcome Message by the Executive Chaiman Klaus Schwab

Lagarde diz que desigualdade nos rendimentos é uma ameaça

Christiane Lagarde, FMI
PUBLICO 19/01/2014-20:12

 Directora geral do FMI apela a líderes mundiais que discutam o problema em Davos

O aumento da desigualdade no rendimento a que se assiste um pouco por todo o Mundo constitui uma amaça à estabilidade e à sustentabilidade, defendeu Domingo a directora geral do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Numa entrevista ao Financial Times, Christine Lagarde fez um apelo aos líderes políticos e empresariais que, a partir da próxima quarta-feira, se irão reunir em Davos, para mais uma ediçao do Fórum Económico Mundial que se realiza nesta localidade suíça.

"Os líderes presentes no Fórum Económico Mundial devem lembrar-se que em demasiados países os benefícios do crescimento estão a ser aproveitados por um número de pessoas demasiado pequeno. Esta não é a melhor receita para a estabilidade e a sustentabilidade", afirmou.

A pobreza e a desigualdade é um dos temas que estará na agenda do encontro de Davos deste ano, numa altura em que em diversos países, onde se ensaia uma retoma nas suas economias, aumentam as tensões provocadas por um aumento da desigualdade na distribuição dos rendimentos.


Os países onde a troika (que inclui o FMI liderado por Lagarde) implementou programas de ajustamento económico estão entre aqueles que, por via do aumento do desemprego e da contracção dos salários e das prestações sociais, têm visto a desigualdade na distribuição da riqueza mais se agravou

Manobras para Davos: Os Pobres empobrecem e os Ricos enriquecem, diz a Oxfam

O ECONOMISTA PORTUGUÊS
um blog de Economia Política e de Política Económica
Publicado em Janeiro 21.2014



Começa amanhã em Davos, na Suíça o encontro do Forum Económico Mundial, que procura criar um consenso entre a elite económica e política mundial sobre o modo de conduzir os negócios deste mundo. Para condicionar o evento e revolver as tripas da elite mundial, a Oxfam, a célebre organização filantrópica britânica, publicou ontem um relatório abrasador: em 24 dos 28 país com dados conhecidos, aumentou a parte do 1 mais ricos no rendimento nacional; nos Estados Unidos, 01% mais rico ficou com 90% da riqueza criada desde 2008 e os 90% mais pobres empobreceram, afirma o relatório. O gráfico acima mostra o aumento da parte no PIB do 1% mais rico da população em vários países, de 1980 a 2012. O relatório afirma ainda que da população possui metade da riqueza mundial.

O relatório relaciona o aumento da desigualdade, assim medida, com a queda do comunismo russo e com o enfraquecimento dos sindicatos e recomenda que estes sejam revigorados.

O doutor Klaus Schwab, o fundador e impulsionador do Forum Económico Mundial, já declarou que o crescimento económico só é duradouro se for inclusivo. Por isso, espera-se que saia de Davos uma palavrinha boa para os pobres.

É curioso que o relatório da Oxfam só destaca as injustiças da distribuição do rendimento e não mencione o crescimento da economia mundial – ao passo que a carta de Biil e Melinda Gates, que O Economista Português ontem comentou, nunca refere a redistribuição da riqueza e badala o crescimento do PIB mundial.

O relatório, intitulado Work For The Few Political Capture and Economic Inequality (Trabalhar para a minoria Captura política e desigualdade económica), está disponível em


Trabalhando para o Poucos - Captura política e desigualdade econômica

Habitação para a classe média mais ricos sobre acima da habitação insegura de uma comunidade favela em Lucknow, na Índia 


Publicado em: 17 janeiro, 2014

Autor: Ricardo Fuentes-Nieva, Chefe de Pesquisa, Oxfam GB, Nicholasl Galasso, Pesquisa e Politica Advisor, Oxfam AmericaT

Quase metade da riqueza do mundo é agora propriedade de apenas um por cento da população, e sete em cada dez pessoas vivem em países onde a desigualdade económica tem aumentado nos últimos 30 anos. O Fórum Económico Mundial identificou a desigualdade económica como um grande risco para o progresso humano, afetando a estabilidade social dentro dos países e ameaçando a segurança em uma escala global.

Esta concentração maciça de recursos económicos nas mãos de menos pessoas apresenta uma ameaça real para os sistemas políticos e económicos, inclusive, e agrava outras desigualdades - como aquelas entre homens e mulheres. Se nada for feito, as instituições políticas são prejudicados e os governos servem predominantemente os interesses das elites económicas - em detrimento das pessoas comuns.


Neste trabalho, a Oxfam mostra como a desigualdade extrema não é inevitável, com exemplos de políticas de todo o mundo que reduziram a desigualdade e a política desenvolvidas mais representativos, beneficiando a todos, ricos e pobres. Oxfam pede aos líderes no Fórum Económico Mundial de 2014 em Davos para fazer os compromissos necessários para combater a crescente onda de desigualdade.