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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

É "infantil" atribuir ao MP todas as violações do segredo de justiça

25 de Fevereiro de 2015

"É demagógico, é não sério, é infantil". 
Sindicato dos Magistrados do Ministério Público reage à entrevista da PGR à Renascença e ao "Público".

O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, Rui Cardoso, considera "infantil" e "demagógico" imputar unicamente ao Ministério Público as violações do segredo de justiça.

Em entrevista à Renascença e ao "Público", a procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, mostrou-se indignada com a violação do segredo de justiça no caso que envolve o ex-primeiro-ministro José Sócrates.

"As violações vêm de vários intervenientes", disse Joana Marques Vidal, relativizando o envolvimento do Ministério Público e alargando o leque das possíveis fontes das fugas de informação para a comunicação social a órgãos de polícia criminal, funcionários e advogados. 
Uma tese que já mereceu críticas da bastonária da Ordem dos Advogados, que já tinha dito que o MP é a fonte da fuga de informações sobre o caso Sócrates.

Rui Cardoso lembra que não se pode colocar nenhuma classe profissional de fora e recorda que tanto advogados como juízes têm acesso ao processo. 

"Sabemos bem que de modo algum elas [violações do segredo de justiça] podem ser imputadas exclusivamente ao Ministério Público. 
Não posso colocar ninguém, nenhuma classe profissional, fora dessa possibilidade - da autoria da violação do segredo de justiça - mas de modo algum podemos aceitar que o Ministério Público, por ser o titular do inquérito, é responsável por todas as fugas", diz. 

"Há muitas pessoas que ao longo do inquérito têm acesso ao processo. 
Não podemos [atribuir todas as violações ao MP]. 
É demagógico, é não sério, é infantil dizer que o Ministério Público, porque dirige o processo, é responsável por tudo. 
Se assim for, para que isso possa acontecer, então, ninguém mais terá acesso ao processo, nomeadamente os advogados, o juiz. 
Isso não é possível, a lei não permite e bem”. 

O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público vai mais longe e garante que no caso Sócrates "toda a gente" sabe que não foi o Ministério Público a violar o segredo de justiça e a informar a comunicação social que o ex-PM seria detido no aeroporto, à chegada a Lisboa.

"Pare-se com a hipocrisia. 
Os senhores jornalistas sabem bem quem deu a informação e sabem bem que não foi o Ministério Público. 
Por isso pare-se com essa hipocrisia. 
Os senhores jornalistas sabem disso e eu digo porquê: porque muitos já mo disseram, muitos. 
Toda a gente sabe nas redacções, nas televisões em todo o lado o que é que aconteceu. Pare-se de imputar isso ao Ministério Público. 
O Ministério Público não tinha qualquer interesse em o fazer", diz.

"Qualquer pessoa que revele publicamente que conhece quem violou o segredo de justiça, que tenha provas para isso, o deve fazer. 
Eu pessoalmente não tenho, por isso esse contributo não o posso dar."

[Notícia corrigida às 20h27]

PGR sobre caso Sócrates: "Eu e o MP estamos indignados com violação do segredo de Justiça"

Entrevista com Joana Marques Vidal procuradora do Ministério Público

25-02-2015 0:00 por Marina Pimentel (Renascença) e Mariana Oliveira (Público)
"O MP actua de acordo com a lei. 
Não há timings políticos", diz Joana Marques Vidal à Renascença/"Público". 
Na primeira entrevista após a detenção do ex-primeiro-ministro, explica a razão pela qual não foi aberto processo-crime contra Mário Soares por causa das suas declarações em defesa de Sócrates e alerta para o grave risco de prescrições devido à falta de funcionários.

Na primeira entrevista que a procuradora-geral da República dá após a detenção do ex-primeiro ministro José Sócrates, Joana Marques Vidal fala do que está a ser feito para combater a corrupção, admite falta de meios e funcionários e relativiza as violações do segredo de justiça. 
"A violação do segredo de justiça é um crime importante, mas não é um dos mais importantes. 
Nem sequer é o mais frequente." 

Nesta entrevista, feita em conjunto pela Renascença e pelo jornal "Público", a procuradora-geral da República diz que "há uma rede que utilizado aparelho de Estado"  para a corrupção e admite que a Justiça falhou no caso dos submarinos  

O ex-primeiro ministro José Sócrates veio da prisão para ser ouvido no âmbito de processos sobre violações do segredo de Justiça do caso Marquês. 
O combate às violações do segredo, que ocorrem de forma sistemática, era uma prioridade do seu mandato. 
Isto não indigna quem guarda 'os guardas do segredo'? 
Posso dizer que o Ministério Público e a procuradora-geral têm ficado indignados e mais do que isso têm tentado de todas as formas, por um lado, reagir a essa violação do segredo de justiça, instaurando os respectivos processos criminais, e, em termos internos, apelando para que não se verifique essa violação. 
Preocupa-nos as violações que têm ocorrido neste caso, mas também todas as que têm ocorrido em outros processos igualmente importantes que estão em investigação, casos que não são tão mediáticos, mas são muito importantes para as populações. 
Espero chegar ao final do mandato mais contente do que estou agora. 
Em termos internos, o MP tem feito um grande esforço para adoptar procedimentos que previnam estas violações. 

Que procedimentos? Não têm sido visíveis… 
Se havia magistrados do MP que, por um motivo ou outro, pudessem ter alguns contactos mais próximos e alguns deslizes que iriam provocar uma violação do segredo de Justiça, considero que ao nível do MP isso está muito limitado para não dizer que não existe. 
As violações vêm de vários intervenientes. 
E para evitar que elas ocorram é necessário o envolvimento e o compromisso do Ministério Público, mas também de outros intervenientes, como os órgãos de polícia criminal, os funcionários e inclusive os advogados. 

Quando diz que as violações provêm de várias partes está a admitir que também vêm do MP? 
Seria um atrevimento da minha parte garantir que não há nenhuma fuga da parte do MP. Mas posso garantir que, actualmente, a existir, elas são muito mais limitadas. 

Está em estudo um conjunto de procedimentos de boas práticas, que vêm na sequência de uma auditoria realizada. 
Neste sentido foi constituído, mas ainda não começou a trabalhar, um grupo de trabalho com a Polícia Judiciária para tentarmos acertar algumas boas práticas e alguns procedimentos tendo em vista evitar a violação do segredo como limitar o número de intervenientes no processo, sinalizar o percurso dos documentos, por exemplo. 
Mas há outros, como a marcação das páginas... 

…como foi feito no processo Face Oculta. Quando é que podemos temos resultados destes inquéritos? 
Não sei. 
Será na altura própria. 
Neste e noutros casos. 

Mas este é um caso diferente até pelas consequências políticas que pode ter… 
Para o MP, as consequências políticas não são tidas em atenção, é tida em atenção a repercussão pública. 
Mas dir-lhe-ia, mais uma vez, que este caso é tão importante como outros que temos em investigação. 

Falou na auditoria ao segredo de justiça. 
No documento eram feitas várias sugestões de alterações legislativas. 
Mas demarcou-se delas. 
Acha necessário mudar a lei para conseguir mais eficácia na investigação? 
A violação do segredo de justiça é um crime importante, mas não é um dos mais importantes. 
Nem sequer é o mais frequente. 
Pratica-se em 1% dos processos em que foi declarado o segredo e o segredo foi declarado em 0,5% de todos os processos existentes em Portugal. 
Estamos a falar de um problema reduzido. 
Se a comunidade, que tem reflexos nos deputados da Assembleia da República e no Governo, considerar que este crime é tão importante que deve puni-lo de forma mais pesada para permitir a utilização de outros meios de prova. 

A bastonária da Ordem dos Advogados já acusou neste estúdio , preto no branco, o Ministério Público de ser responsável pela violação do segredo de Justiça. 
A bastonária com certeza que irá colaborar activamente num inquérito que foi instaurado na sequência das suas declarações. 
Espero que ela venha dizer quem violou o segredo de justiça. 

Já agora, são os inquéritos por violação do segredo relacionados com o caso Marquês? 
Há dois inquéritos que incorporam várias outras participações. 
Eram três e passaram a dois. 
Não significa que haja apenas duas violações. 

A violação do segredo pode prejudicar a investigação, mas também pode ter consequências políticas. 
Vamos ter eleições legislativas este ano. 
Em que medida é que o Ministério Público tem em conta as repercussões políticas deste caso? 
O MP actua de acordo com a lei. 
Não há 'timings' políticos. 
Os inquéritos são instaurados, são investigados, seguem a sua tramitação normal. 
E quando é necessário haver buscas ou prisões efectuam-se. 
Não podemos estar reféns do que são os prazos políticos ou os tempos políticos. 
A própria lei prevê que há processos com repercussão mediática e isso poderá influenciar somente alguma forma de comunicação daqueles processos. 
Mas não poderá influenciar a tramitação normal do processo. 

Se a acusação cair em cima das legislativas, paciência? 
Este como outros. 

Muito se tem dito sobre a qualidade da prova que terá o Ministério Público no caso Sócrates. 
As defesas têm falado em ilegalidades várias. 
Põe as mãos no fogo pela forma como este processo está a ser conduzido? 
O processo está a ser conduzido de acordo com as regras do Direito Penal e do Direito Processual Penal. 
Todas as questões de ilegalidade, irregularidade, prova suficiente de elementos probatórios são analisadas no âmbito do processo. 
Há possibilidade de recursos e há recursos que estão em apreciação por tribunais superiores. 
Os arguidos são representados por advogados, os advogados têm o modo próprio de reacção. 
Temos uma legislação penal e processual penal que consagra garantias que têm o seu tempo próprio. 

Com certeza que está a acompanhar este caso. 
Com o conhecimento que tem pode dar a garantia aos cidadãos que se sente tranquila com o que está a ser feito? 
Os inquéritos-crime têm uma tramitação que está prevista no código processo penal. 
A hierarquia intervém nas condições previstas. 
É evidente que a hierarquia, a procuradora-geral, os procuradores-gerais distritais, os directores de departamento fazem o acompanhamento dos processos em geral, sobre a forma como estão a decorrer. 
É evidente que há reuniões e não têm nada de fora do habitual. 

Declarações como a do antigo Presidente da República Mário Soares, que chegou a dizer num artigo ao juiz de instrução que se cuide, podem ser entendidas como formas de pressão, desabafos ou são crime? 
A liberdade de expressão é um direito que eu muito preservo. 
Quando se considera que há um crime, se for público, instaura-se o respectivo procedimento criminal. 

E neste caso? 
Não foi instaurado porque se considerou que estávamos perante uma manifestação de opinião mais viva, mais impressiva. 
Pode-se concordar ou não, mas considerou-se não existirem contornos de ilícito criminal. Está escrito. 
Há um despacho juridicamente fundamentado.

Bastonária dos Advogados acusa. MP violou segredo de justiça no caso Sócrates

MP violou segredo de justiça no caso Sócrates, acusa bastonária
30-01-2015 19:20
"É a própria investigação criminal que entrega e tem relações perigosas e promíscuas com a comunicação social", diz Elina Fraga à Renascença.

A bastonária da Ordem dos Advogados, Elina Fraga, acusa o Ministério Público da prática do crime de violação do segredo de justiça no caso José Sócrates.

“Se o próprio Ministério Público participa nessas fugas parece-me que será difícil encontrar os culpados”, disse.

Em declarações ao “Em Nome da Lei”, da Renascença, Elina Fraga refere que “é a própria investigação criminal que entrega e tem relações perigosas e promíscuas com a comunicação social”.

“Este caso evidenciou que ainda antes de haver advogados no processo já se violava o segredo de justiça”, acrescenta.

A bastonária conta que uma advogada lhe disse que “aquilo que viu publicado numa determinada comunicação social correspondia 'ipsis verbis' àquilo que viu no processo”.

O “Em Nome da Lei” é transmitido na Renascença ao sábado entre as 12h00 e as 13h00.

PGR: "Caso dos submarinos dá imagem não muito simpática do Ministério Público"

PGR: “Caso dos submarinos dá imagem não muito simpática do MP”
25-02-2015 0:00 por Marina Pimentel (Renascença) e Mariana Oliveira (Público)
Em entrevista à Renascença/"Público", a procuradora-geral da República reconhece que o caso dos submarinos deve ser estudado por aquilo em que o sistema judicial falhou.

A procuradora-geral da República reconhece responsabilidades pelo "Ministério Público, mas também órgãos de polícia criminal, peritos e outros órgãos" no arquivamento do caso dos submarinos.

Numa entrevista conjunta à Renascença e ao jornal "Público", a primeira desde a detenção de José Sócrates, Joana Marques Vidal diz-se indignada com a violação do segredo de Justiça e afirma que "há uma rede que utiliza o aparelho de Estado" para a corrupção.

Temos falado em casos de sucesso, mas há outros que correram mal como o dos submarinos. 
Oito anos de investigação, três equipas de magistrados a dirigi-lo e um arquivamento que assume que ficam muitas dúvidas por esclarecer. 
Que imagem dá isto do Ministério Público?
O caso dos submarinos é daqueles que dará uma imagem não muito simpática do Ministério Público, mas também órgãos de polícia criminal, peritos e outros órgãos. 
É um caso que devemos analisar com calma. 
Ver onde houve passos menos correctos e tornar-se um ‘case study’ que nos permita melhorar a nossa capacidade de investigação criminal. 
Aí o MP terá que reconhecer que podia ter tido um desempenho mais adequado.

Uma pergunta que muita gente faz, até por comparação com o caso que envolve José Sócrates. 
No caso BES por que ninguém foi preso?
As prisões preventivas obedecem a regras muito restritas. 
Com certeza que os titulares consideraram que não era de aplicar essa medida de coacção. 
O caso BES é extraordinariamente complexo. 
Vai exigir do Ministério Público o recurso a conhecimentos que só podem ser potenciados desde que haja uma óptima articulação na cooperação internacional e entre os órgãos de polícia criminal, os reguladores e os peritos, para ter resultados.

PGR: "Há uma rede que utiliza o aparelho de Estado" para corrupção

Excertos da entrevista à PGR: do caso Sócrates à corrupção no Estado
25-02-2015 0:00 por Marina Pimentel (Renascença) e Mariana Oliveira (Público)
Face Oculta, vistos gold, detenção de Sócrates e outros casos envolvendo figuras de topo do regime. 
São sinal de que a Justiça tem hoje mais meios para actuar, diz a procuradora-geral da República em entrevista à Renascença/"Público".


Apesar das falhas que têm sido apontadas a Portugal no combate à corrupção, a procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, defende que o MP está a fazer a sua parte contra estruturas que se aproveitam do aparelho de Estado e da administração pública para "actos ilícitos, muitos na área da corrupção". 

Nesta entrevista à Renascença e ao "Público", a primeira desde a detenção do ex-primeiro-ministro José Sócrates, a procuradora-geral da República diz estar indignada com a violação do segredo de Justiça e admite que ocorreram falhas no caso dos submarinos. 

Nos últimos anos, o combate ao crime económico-financeiro tem tido resultados como nunca tínhamos visto antes. 
Caso Face Oculta, vistos gold, operação Marquês… O que mudou? 
Não mudou nada repetidamente. As circunstâncias foram-se alterando ao longo dos tempos. 
Hoje o MP e também os órgãos de polícia criminal têm muito mais conhecimento e experiência neste tipo de criminalidade. 
Foi havendo formação, mais especialização. 
A cooperação judiciária internacional melhor ou muito. 
Melhoraram também alguns meios, mas ainda não os suficientes. 
Na investigação da criminalidade mais complexa, da competência do DCIAP – Departamento Central de Investigação e Acção Penal, existe neste momento uma outra direcção. 
Houve um levantamento daquilo que estava menos bem. 
Houve uma reorganização. 
Também uma aposta na especialização dos magistrados. 
Não são só os magistrados do DCIAP que trabalham melhor. 
Temos ao nível do país e ao nível dos DIAP-Departamentos de Investigação e Acção Penal distritais uma melhor capacidade de investigação. 
O MP está a fazer o seu caminho mas precisa de se articular melhor. 

A enviada da ONU a Portugal disse que a Justiça não pode estar de joelhos e de chapeuzinho na mão à espera de recursos administrativos e financeiros. 
É assim que se sente perante o Governo, de mão estendida? 
Não diria isso. 
Foi uma expressão da relatora. 
Mas chamou a atenção para a necessidade de termos uma maior autonomia financeira na administração dos dinheiros públicos atribuídos, neste caso, ao Ministério Público, a nível dos orçamentos da Procuradoria-Geral da República e de outros serviços do MP. 
Temos problemas de funcionários muito graves. 
Faltam 563 funcionários nos serviços do MP, temos falta de magistrados e neste momento não temos perspectiva para a existência de um curso para a formação de magistrados, que era importante, e devia iniciar este ano. 
Podíamos e devíamos melhorar os meios informáticos, programas relacionados com tratamento da informação e que fazem as transcrições imediatas das gravações poupariam trabalho e melhorariam a nossa capacidade de fazer investigação criminal. 

Há perícias que demoram dois, três, quatro anos a iniciar… 
Isso são as perícias informáticas. 
Mas a área económico-financeiras exige técnicos cujo pagamento não se compadece com a lógica das tabelas de preços do Ministério da Justiça. 
Aí precisaríamos de mais meios. 

Abalar interesses instalados tem resultado em pressões? 
Todos os magistrados têm uma formação aprofundada no sentido de serem rigorosos e corajosos e aterem-se aos trâmites da lei na investigação criminal. 

Depreende-se das suas palavras que é preciso ter coragem... 
Claro que é preciso ter coragem. 
E alguma capacidade de serenidade e distanciamento. 
Nunca fui sujeita a qualquer tipo de pressões ou a alguém que me tivesse tentado de qualquer forma influenciar. 
Desde que sou procuradora-geral e até mesmo como magistrada. 
Nunca o senti. 

Os portugueses têm a percepção que a corrupção é um fenómeno generalizado que mina toda a sociedade. 
Ao fim de dois anos e meios de mandato como PGR qual a conclusão que tira sobre o estado do regime? 
Só tenho que tirar conclusões e fazer análises que permitam lutar melhor contra os fenómenos que são da minha responsabilidade. 
Há uma rede que utiliza o aparelho de Estado e da Administração pública para concretizar actos ilícitos, muitos na área da corrupção. 

E é sobretudo em que sectores da administração pública? 
Ha áreas em que há maior risco. 

Há dias, a doutora Maria José Morgado falou da área da saúde, por exemplo
Sim, como se tem verificado e temos actuado. 
A área da contratação pública... há várias áreas. 

O MP, mais concretamente Portugal, nos diversos relatórios internacionais, tem sido apontado como estando em falta quanto à não definição de uma estratégia nacional de luta contra a corrupção. 
O MP, no que diz respeito à sua parte, está a fazê-lo. 
Há um grupo de trabalho que está a ser coordenado pelo director do DCIAP em cooperação com todos os DIAP, designadamente os distritais, que vai ter resultados não só na área da prevenção, mas também na área da formação e numa melhor organização. 

Para dar mais eficácia ao combate ao crime de colarinho branco, ao crime económico, dava-lhe mais jeito o crime de enriquecimento ilícito ou mais meios? 
Gostava de ter as duas. 
Elas não se excluem. 
Este crime não vai resolver o problema da corrupção mas é mais um instrumento que pode permitir uma melhor investigação. 
Qualquer tipo de tipificação criminal não pode por em causa a inversão do ónus da prova. 

Nos últimos dias várias entidades alertaram para a ruptura iminente do sistema de justiça, devido à falta de funcionários. 
Que consequências tem essa falta? 
Atrasa o tempo de duração média dos inquéritos, mas também todos os outros processos nos tribunais da família. 
Há acusações com meses à espera de serem notificadas às partes. 
A possibilidade de haver prescrições pode aumentar. 
Tem-se lutado contra as prescrições e não tem havido. 
Mas há esse risco. 
Há problemas graves e sem funcionários não vamos conseguir responder às nossas responsabilidades. 

Passaram quase seis meses desde o arranque da nova organização dos tribunais. 
Que balanço faz da reforma? 
Em números é muito cedo. 
Aquilo que é uma gestão comum pode potenciar uma melhor resolução dos problemas. 
Foi prejudicada pelo problema do Citius. 
O Citius está a funcionar mas ainda é necessário um apoio informático localmente muito activo para poder ultrapassar pequenas perturbações locais, por exemplo no acesso a processos antigos.

Ordem dos Advogados abre "guerra" com PGR

25 de Fevereiro de 2015 - 14:22 
A procuradora-geral da República avança com inquérito depois de a bastonária ter acusado na Renascença o MP de violar o segredo de Justiça. 
Elina Fraga contra-ataca: também vai pedir uma investigação às declarações… da PGR.

A bastonária da Ordem dos Advogados, Elina Fraga, usa da ironia para reagir à entrevista à Renascença/"Público" da procuradora-geral da República. 

Na entrevista, Joana Marques Vidal disse esperar que a bastonária colabore "activamente num inquérito que foi instaurado na sequência das suas declarações" à Renascença, em Janeiro, nas quais disse que o Ministério Público (MP) violou o segredo de Justiça no caso que envolve José Sócrates. 

"Espero que ela [Elina Fraga] venha dizer quem violou o segredo de justiça", disse Vidal, esta terça-feira, à Renascença/"Público". 

"As violações vêm de vários intervenientes", disse Joana Marques Vidal, relativizando o envolvimento do MP e alargando o leque das possíveis fontes das fugas de informação para a comunicação social a órgãos de polícia criminal, funcionários e advogados. 

Na resposta, Elina Fraga diz que também ela vai pedir uma investigação, mas às declarações da PGR sobre a origem das violações do segredo de Justiça. 

"Fico muito agradada por poder cooperar com a PGR que, por sinal, teve que ouvir a bastonária da Ordem dos Advogados, numa entrevista à Renascença, dizer que há violação do segredo de Justiça em Portugal", ironiza Elina Fraga. 

A bastonária parte para o ataque. "Já que a senhora PGR foi tão célere a abrir um inquérito com base nas declarações que eu prestei, devo dizer que a senhora PGR diz que há advogados e órgãos de polícia criminal a violar o segredo de Justiça. E naturalmente que a Ordem dos Advogados vai fazer aquilo que a senhora PGR fez: extrair certidão das declarações da senhora PGR e pedir ao Ministério Público que convoque a senhora PGR para dizer no processo quem são os advogados que violam o segredo de Justiça." 

Para Elina Fraga, a PGR "tem que identificar os advogados" que alegadamente violam o segredo de Justiça, "sob pena de pôr em causa o bom nome e a reputação de toda a advocacia portuguesa". "Isso, enquanto bastonária, não vou consentir", remata. 

Elina Fraga diz que vai ter "muito gosto em prestar declarações no âmbito desse inquérito e demonstrar à PGR que se viola diariamente o segredo de Justiça, que se comete esse crime à vista de toda a gente e que muitas vezes é a própria investigação criminal a violá-lo". 

Elina Fraga defende que as declarações que prestou à Renascença, a propósito do caso Sócrates, não foram feitas "de forma inconsciente e precipitada". 

"É evidente que, quando num processo ainda não há arguidos e advogados constituídos, apenas a investigação criminal, os órgãos de polícia criminal, os magistrados do MP podem violar o segredo de Justiça", afirma a bastonária.

Ordem dos Advogados abre "guerra" com PGR - As declarações da bastonária da OA à Renascença, em Janeiro

Bastonária da Ordem dos Advogados, Elina Fraga
23 de Fevereiro de 2015 - 14:22
As declarações da bastonária da OA à Renascença, em Janeiro



Ordem dos Advogados abre "guerra" com PGR - As declarações de Joana Marques Vidal sobre segredo de Justiça

Joana Marques Vidal Procuradora do Ministério Público
25 de Fevereiro de 2015
Conforme declarações de Joana Marques Vidal Sobre Segredo de Justiça


terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Queixa de Relvas contra Roseta foi arquivada

Helena Roseta foi bastonária da Ordem dos Arquitetos
ATUALIZADO 373 PARTILHAS
Helena Pereira

CASO TECNOFORMA

Ex-ministro de Passos processou ex-bastonária dos Arquitetos por difamação em 2012 por esta ter afirmado que Relvas a pressionou a contratar empresa de Passos Coelho, Tecnoforma.


Foi arquivada a queixa por difamação do ex-ministro-adjunto de Pedro Passos Coelho, Miguel Relvas, contra a ex-vereadora da Câmara de Lisboa, Helena Roseta, por declarações na SICN em que esta acusava o social-democrata de a ter pressionado a contratar a empresa Tecnoforma, a que Passos tinha ligações, quando era bastonária da Ordem dos Arquitetos.

Roseta foi notificada dia 26 de junho deste ano do arquivamento do processo “por carência de indícios”. 
Ao Observador, disse ter ficado “satisfeita” pois era o desfecho “desejado” e pôs fim “à constituição de arguida”.

Os factos remontam a 21 de junho de 2012. 
Nesse dia à noite, a ex-vereadora disse na SICN que Miguel Relvas tentou favorecer uma empresa em que trabalhava Pedro Passos Coelho quando foi secretário de Estado da Administração Local, entre 2002 e 2004. 
“O senhor secretário de Estado chamou-me porque havia a possibilidade de Portugal se candidatar a um programa comunitário de formação para arquitetos municipais, mas a única condição era que fosse a empresa do dr. Passos Coelho a dar a essa mesma formação”, disse, referindo-se ao programa Foral.

Relvas decide então processar Roseta por difamação, segundo notícia do jornal i a 17 de julho. 
Não foi possível obter por parte do ex-ministro-adjunto de Passos e ex-secretário de Estado de Durão Barroso qualquer comentário sobre o agora arquivamento.

O despacho de arquivamento considera que a conversa havida entre Relvas e Roseta não teve testemunhas e que seria impossível chegar-se a uma conclusão, acrescentando ainda que decorre no Ministério Público uma investigação relacionada com a empresa Tecnoforma e o programa Foral.

Pedro Passos Coelho foi presidente do Centro Português para a Cooperação, uma organização não-governamental financiada pela Tecnoforma, e, depois de ter abandonado o lugar de deputado à Assembleia da República, em 1999, gestor desta empresa. 
Segundo o próprio disse ao Público em 2012, foi gestor “durante um período não muito longo” entre 2003 e 2004, admitindo ao mesmo jornal que ainda o era em 2007. 
Em agosto de 2012, havia ainda em vigor uma procuração dos donos da Tecnoforma que lhe permitia administrá-la. 
Confrontado pelo Público com essa informação, Passos lamentou e pediu de seguida que fosse revogada, o que aconteceu.

Relvas quis favorecer empresa de Passos Coelho

Helena Roseta diz que Miguel Relvas era "uma pessoa que não sabia distinguir fronteiras"
Carolina Reis (www.expresso.pt) |
18:00 Sexta feira, 22 de junho de 2012

Helena Roseta acusa Miguel Relvas de querer favorecer uma empresa onde trabalhava Pedro Passos Coelho, na época em foi secretário de Estado.



Miguel Relvas tentou favorecer uma empresa em que trabalhava Pedro Passos Coelho quando foi secretário de Estado da Administração Local, entre 2002 e 2004, do Governo de Durão Barroso. 
A acusação foi feita ontem pela ex-presidente da Ordem dos Arquitectos na SIC Notícias.

Helena Roseta recordou ao Expresso o episódio que se passou com o agora ministro: "O senhor secretário de Estado chamou-me porque havia a possibilidade de Portugal se candidatar a um programa comunitário de formação para arquitetos municipais, mas a única condição era que fosse a empresa do dr. Passos Coelho a dar a essa mesma formação".

Helena Roseta, então presidente da Ordem dos Arquitetos, não se recorda do ano em que o episódio se passou, nem da empresa a que Miguel Relvas se referia, mas considerou que a condição não era aceitável, que se deveria realizar um concurso público, e o acordo não avançou.

"Considero importante recordar este episódio para se perceber a personalidade de uma pessoa que agora está envolvida numa polémica em que há afirmações contraditórias", disse Helena Roseta referindo-se ao caso em que o ministro é acusado de fazer "pressões inaceitáveis" ao jornal "Público".

"Na altura, percebi que era uma pessoa que não sabia distinguir fronteiras", frisa ao Expresso. 

Contactado pelo Expresso, o assessor de imprensa do ministro Miguel Relvas disse desconhecer as declarações de Helena Roseta, mas que acha estranho estar-se a falar de um caso que terá acontecido há dez anos.

O programa comunitário em causa era o FORAL, que se destinava a promover a formação profissional de funcionários municipais.


AR diz que IRS de Passos é “dado pessoal”


O secretário-geral da AR não enviou aos grupos parlamentares a declaração de IRS de Passos Coelho
ATUALIZADO    327 PARTILHAS
Liliana Valente
CASO TECNOFORMA

O secretário-geral da Assembleia da República recusou enviar aos grupos parlamentares as declarações de rendimentos de Passos Coelho dizendo que são "dados pessoais".

A secretaria-geral da Assembleia da República recusou esta quinta-feira entregar aos grupos parlamentares as declarações de rendimentos de Passos Coelho enquanto deputado.

O PCP tinha pedido à Assembleia da República documentos relativos ao processo de Passos Coelho, e o secretário-geral Azevedo Soares respondeu apenas com parte da documentação. 
A que estava fora? 
A declaração de IRS.

Numa nota enviada no conjunto dos documentos, o secretário-geral respondeu que enviava tudo o que tinha sido pedido “salvaguardando a informação que, respeitando a dados pessoais, não pode ser distribuída sem autorização do interessado”.

No rol de documentos, a AR enviou dados relativos a remunerações desde 1991, a declaração de exclusividade para efeitos de “atribuição de despesas de representação”, a “atribuição do subsídio de reintegração” e por fim o registo de interesses.

Entre os documentos, consta uma carta manuscrita enviada por Passos ao secretário-geral do Parlamento a 10 de maio de 2000 a confirmar o envio das declarações de IRS entre 1991 e 1999, na altura em que estava a pedir o subsídio de reintegração a que só os deputados em exclusividade de funções têm direito. 
Nessa carta, chama a atenção para que entre 1996 e 1999 declarou rendimentos de trabalho independente por “colaborações jornalísticas com a Antena 1, Público e Semanário”. 
Recebeu ao todo 24 mil euros dessas atividades, segundo resposta do secretário-geral do Parlamento, em 2000, quando concedeu a Passos o subsídio de reintegração.

No registo de interesses, a única atividade declarada é a qualidade de membro-fundador do Instituto das Culturas de Língua Portuguesa e membro do Conselho Supremo do Fórum da Lusofonia.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Vladimir Putin's Long Shadow - the fifth estate


Publicado a 2015/09/01
Ele lança uma longa sombra sobre o globo. 
Líder russo Vladimir Putin sobreviveu a três presidentes americanos e está no caminho certo para ficar no poder até 2024. 
Suas incursões na Geórgia, na Criméia e na Ucrânia agitaram o Ocidente, enquanto seus crackdowns dentro Rússia irritou seus adversários democráticos.

Mas uma investigação conjunta por The Fifth Estate e PBS "Frontline revela um lado ainda mais sombrio para um dos líderes mais poderosos do mundo: As alegações de atividade criminosa que datam como seus primeiros dias como um alto funcionário em São Petersburgo; vínculos com o crime organizado e das atividades de lavagem de dinheiro; e uma fortuna pessoal segredo dito ser na casa dos bilhões.

"Long Shadow de Putin" também levanta questões perturbadoras sobre o papel que os serviços de segurança russos jogaram em quatro atentados em prédios de apartamentos em Moscovo e outras cidades em 1999, que matou cerca de 300 pessoas - uma tragédia que Putin atribui a terroristas e usados ​​para cimentar o seu poder.

Anfitrião Gillian Findlay conversa com um oficial da polícia que tentou prender Putin em acusações de corrupção; um investigador que foi preso por fazer muitas perguntas sobre os bombardeamentos dos apartamentos; e empresários russos que detalhem os níveis de corrupção e conspiração.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Gregos ‘portugueses’. Um mês depois, Tsipras está entre o louco e o herói

Alexis Tsipras: primeiro-ministro grego está num momento decisivo
20/2/2015, 7:22
Fábio Monteiro
FUTURO DA GRÉCIA
Um mês depois das eleições, fomos ouvir de novo os gregos que moram em Portugal. 
"E agora? 
Que lhe parece Alexis Tsipras? 
E estas negociações". 
As reações são hoje mais extremadas do que antes.

Ainda não passou um mês desde que Alexis Tsipras foi eleito primeiro-ministro da Grécia, mas não é por isso que o “Olimpo” está mais calmo. 
Na segunda-feira, a Grécia afirmou que não aceita o ultimato do Eurogrupo “nem com uma pistola apontada à cabeça”. 
“Não vamos ceder”, garantiu Tsipras. 
Passados três dias, contudo, já foi feito um pedido de prolongamento por seis meses do acordo do empréstimo, aceitando dialogar com cada uma das “instituições” da troika. Incongruências?

Dias antes da ida a votos, o Observador falou com alguns gregos que vivem em Portugal – ao todo são cerca de 200-, para saber o que é que eles esperavam das eleições. 
Agora, nesta quinta-feira, o Observador volta a falar com eles, para saber se as expectativas estão a corresponder à realidade.

“Uma loucura”. Ou não?

Há algumas semanas, George Daskaloulis estava muito cético quanto às capacidades do líder do Syriza, Alexis Tsipras. 
Descreveu-o como um líder sem “formação”, “incongruente”, e afirmou o Syriza parecia-lhe um “partido Frankenstein”, devido a ter acolhido membros de vários partidos “antagónicos”. A opinião não era boa. 
E isto foi antes de o Syriza formar uma Governo de coligação com os Gregos Independentes, partido de direita nacionalista, cujo líder, atual ministro da Defesa, já esteve envolvido em polémica por declarações homofóbicas.

George Daskaloulis

“Uma loucura”, resume George, quando questionado sobre como tem visto o que se está a passar na Grécia, sob o novo regime. 
Para o gestor na empresa naval Starport, em Lisboa, todas as negociações que estão a decorrer com o Eurogrupo e as exigências que estão a ser feitas são só “para terem uma desculpa para sair do euro”. 
“Aqueles académicos do Bloco de Esquerda da Grécia [Syriza] não devem perceber nada de direito”, afirma.

Nem o ministro das Finanças, Yanis Vourafakis, o nome mais falado depois das eleições que deram a vitória ao Syriza, pelo estilo como se veste ou pelo tipo de recuperação económica que defende, parece ter conquistado a confiança do gestor grego. 
“É maluco”, diz George. 
“Viu como ele, na segunda-feira, falou depois da reunião do Eurogrupo com os colarinhos levantados? 
E o sotaque dele, como naquele filme V de Vingança?”


O acordo, nessa segunda-feira, falhou. 
Yanis Varoufakis, em declarações aos jornalistas, disse que estava pronto para assinar uma proposta de comunicado conjunto que lhe foi apresentada antes da reunião do Eurogrupo, em Bruxelas, na segunda-feira, pelo comissário europeu dos Assuntos Económicos Pierre Moscovici. 
Mas esse documento, que, segundo uma televisão pública grega, terá sido uma iniciativa de Jean-Claude Juncker (presidente da Comissão Europeia), seria trocado por um outro documento elaborado pelo líder do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, escudado pelos ministros das Finanças da zona euro. 
Um dos problemas centrais estava na definição de “flexibilidade”, que Varoufakis quis aclarar e que, diz, ninguém lhe explicou.

Esta quinta-feira, o Governo grego já entregou ao Eurogrupo o pedido formal de uma extensão do empréstimo europeu ao Estado grego. 
“Flexibilidade” voltou a ser a palavra central. 
A carta grega pede para que se use a “flexibilidade possível no acordo atual”, aproximando-se do discurso de Jeroen Dijsselbloem, para “concluir com sucesso o acordo existente”. Mas isto “com base em propostas do governo grego e das instituições”. 
Duncker pareceu estender a mão, numa reação inicial, mas de Berlim veio um “nein” poucos minutos depois.

“Não se pode emagrecer uma vaca e tirar-lhe o leite”

A opinião de Elias Soukiadis, professor de economia na Universidade de Coimbra, não podia ser mais diferente da de George, quanto ao novo ministro das Finanças grego. 
Elias conhece pessoalmente Varoufakis e “até já o tinha convidado para vir dar umas palestras cá a Portugal”, algo que não se chegou a concretizar “por acaso”. 
Descreve-o como alguém íntegro, com ideias e que estudou. 
“Não chegou ao Governo através de uma carreira política”, afirma, lembrando o caso de alguns políticos portugueses.

Yanis Vourafakis 

Elias, juntamente com o professor Stuart Holland da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, colaborou com Yanis Vourafakis durante alguns anos num projeto de “procura de soluções para resolver o problema da dívida”.

Para o economista grego, “as eleições deram à população uma certa esperança de que algo mude”. 
As políticas de austeridade foram desastrosas, “arruinaram o país”, e o Syriza surgiu como uma “alternativa” à tradicional alternância do poder entre o PASOK e o Nova Democracia, diz. 
Os gregos estão “muito eufóricos” com a forma como o Governo do Syriza está a enfrentar os problemas do país. 
Veem-se representados, conclui.

Elias Soukiadis

Tal como Varoufakis, Elias Soukiadis quer uma renegociação da dívida “igual à que foi feita com a Alemanha em 1953”, onde metade desta foi perdoada e o período de restituição do valor foi prolongado. 
Para defender esta visão, Elias opta por usar uma metáfora: “Não se pode emagrecer uma vaca e tirar-lhe o leite. 
Tem de se engordar primeiro e só depois é que podemos tirar o leite.” 
Por outras palavras, “só com crescimento é que se consegue pagar a dívida”, a mesma perspetiva do ministro das Finanças grego.

Relativamente à posição do Eurogrupo na passada segunda-feira, Elias afirma que “era uma coisa esperada”. 
“A Europa é a 28, mas é a Alemanha que está a mandar”, afirma. 
De um ponto de vista económico, Elias defende que a Alemanha não quer ajudar, para não ter que abandonar a “hegemonia da Europa”. 
E, ao mesmo tempo, a Alemanha parece querer prolongar a perspetiva de que “os gregos são uns paralíticos”, afirma.

“Agrada a gregos e a troianos”

A médica grega Zacharoula Sidiropoulou não tem problemas em afirmar que “os gregos estão convencidos de que votaram bem”. 
Um exemplo disso, explica, são as manifestações a favor das posições do Governo grego no Eurogrupo. 
“É raro ver-se uma coisa dessas.” 
E é ainda mais raro encontrar um Governo que “agrada a gregos e a troianos”, diz ela, lembrando que os partidos políticos gregos estão a viver um momento de convergência.

Há um mês, Zacharoula já tinha contado ao Observador que é a família que lhe serve de barómetro quanto aquilo que se passa no país.
”Se as eleições fossem agora, contou-me o meu irmão, o Syriza iria ganhar por uma maioria brutalmente absoluta”, diz. 
Para Zacharoula, no plano externo, o Syriza está a empenhar-se para melhorar e representar o país, está a mostrar “energia”. 
Essa energia também se reflete no plano interno com aquilo a que chama de “alívio da pressão sob as pessoas” – leia-se, com os projetos de lei que estão a ser discutidos para simplificar a situação de pessoas com dívidas.

Devido a toda a informação, todas as diferentes perspetivas que os meios de comunicação internacionais passam, Zacharoula diz estar com a sensação que “a União Europeia não está disposta, de maneira nenhuma, a deixar a Grécia sair [do euro]”. 
“Faz impressão”, contudo, a posição de alguns países do sul, face ao que o Governo grego está a exigir, comenta. 
Um exemplo: “O Presidente da República português falou num tom mais crítico do que muitos ministros alemães.” 
E isto vai de encontro com outro ponto que Zacharoula defende: “Muitos países estão solidários com a causa grega. 
Não os Governos. 
Mas pessoas estão.”