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quinta-feira, 2 de novembro de 2017

"O poder na Rússia continua um ser total, quem não é não é nada"

ENTREVISTA
Teresa de Sousa
30 de outubro de 2017, 7:30
Quando a pessoa está completamente perdida e está perdida da história, essa gente acaba por encontrar uma salvação para o desespero em ideologias a violência.

As políticas pós-soviéticas mostram que há um padrão na história da Rússia, que explica porque são as revoluções russas são tão trágicas: acontecem em momentos em que como forças da sociedade não são democraticamente organizadas para se afirmarem, defende o historiador Orlando Figes.

Depois da implantação da União Soviética, como forças liberais voltaram a fracassar. Estão condenadas?

Tem razão. 
Escrevi no prefácio para a edição do centenário que podemos dizer que aconteceu na Rússia depois de 1991 foi uma nova "Tragédia de um Povo". 
Uma sociedade não está preparada, não é uma experiência nem como uma instituição de direito democrática que pode contrariar uma emergência de um poder de Estado ditatorial. Muita gente tenta explicar isto como uma questão cultural ...

Não é compatível com a democracia?

Não vejo como coisas assim, de maneira nenhuma. 
Penso que é explicado pela História e pela fraqueza das instituições. 
Há uma polarização muito rápida que assenta na diferença de classe, do que são e não são, não estão na sua base. 
Isso aconteceu quase que na Rússia e na política de Lenine reflecte isso mesmo: quem é que vai dominar quem. 
E, de uma forma geral, também aconteceu em 1991. 
A intelectualidade era muito fraca, não há gente suficiente para formar partidos políticos. Vinte anos depois, uma Rússia ainda não tem políticos ou corpos profissionais.

Mesmo assim, não somos novos, com Boris Ieltsin, uma sociedade libertária, uma nova era possível.

Houve uma liberdade de expressão, certamente, uma sociedade mais pluralista, muitos meios de comunicação, incluindo a televisão do Estado. 
Mas não vi, nesses anos iniciais, muito activismo político, não vi emergiram partidos políticos. 
O que é a política pós-soviética mais grave é que há ... Um padrão na história da Rússia. 
É por isso que como revoluções russas são tão trágicas, sem sentido em que acontecem em momentos em que como forças da sociedade não são democraticamente organizadas para se afirmarem. 
Em 1991, foi a mesma coisa, impedindo que as forças mais democráticas conseguiram alterar a natureza do poder na Rússia. 
O poder na Russia continua a ser total, quem não é não é nada.

Hoje, já ninguém se lembra do que tentaram construir um regime mais ocidental. Foi tão não encontrado como bem organizado?

Esse fracasso tem muitas causas. 
A Rússia não está preparada para a terapia de choque das políticas que o governo adotar. Privatizar como indústrias do Estado dando vales a partir de operações em altura de hiperinflação não parece ser uma decisão bem pensada. 
Uma transição mais lenta tem sido mais avisada, como muitos de nós argumentados nessa altura. 
Falharam por muitas razões, entre como as quais não são conhecidas pela comunidade russa. 
Eles, e como pessoas que estão ensinaram, que não sabiam nada da Rússia.

teresa.de.sousa@publico.pt

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