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domingo, 4 de janeiro de 2015

Uma mensagem. Muitas interpretações

MENSAGEM Pela nona e penúltima vez, Cavaco dirigiu-se aos portugueses no dia de Ano Novo
Texto EXPRESSO com LUSA
02 de Janeiro de 2015
Oposição recebeu com muitas críticas a mensagem de Ano Novo do Presidente da República. Enquanto a maioria viu nela coisas positivas.

Cavaco Silva dirigiu-se aos portugueses pela nona vez desde que é Presidente da República.
Uma mensagem que incluiu apelos aos consensos e acordos e entendimentos.
Mas nem na avaliação das suas palavras parece haver entendimento, como se mostra pela recolha que aqui mostramos.
Entre os politólogos ouvidos pelo Expresso Diário, António Costa Pinto criticou a colagem excessiva de Cavaco ao discurso dos partidos da coligação.
Enquanto Marina Costa Lobo dá razão ao Presidente ao colocar o dedo na sensível questão da governabilidade em Portugal.
Quanto aos partidos, enquanto PSD e CDS elogiam as palavras vindas de Belém, as forças mais à esquerda, PS incluído, não poupamnas críticas a Cavaco.
O ano de 2015 começa como termina o de 2014 em termos políticos: muitas divisões e poucos acordos.

ANTÓNIO COSTA PINTO: CAVACO FOI POUCO EQUIDISTANTE
É compreensível que o Presidente insista nos seus temas clássicos nesta mensagem de ano novo, a última na plenitude dos seus poderes, mas as palavras não têm sempre o mesmo significado em todas as conjunturas.
O Presidente resolveu sublinhar os seus habituais avisos à classe política: falar verdade, não prometer o que não se pode dar, não crispar, e demacar-se do populismo.

A seguir veio a preparação dos compromissos pós eleitorais em torno da disciplina orçamental e outros temas de continuidade.
Pelo meio foi sublinhando que estamos hoje melhor, o que também é verdade.
Todos estes temas são de bom senso mas coincidem com o discurso da atual coligação.
Mais:peranyte uma oposição que olha do otimismo para as intenções de voto de punição do PSD e do CDS, após 4 anos de austeridade, e tenta a mobilização negativa da sociedade portuguesa, a mensagem do Presidente soa um curioso apelo ao suicídio eleitoral da esquerda, a começar pelo PS.
Esquecido das promessas eleitorais cumpridas do atual primeiro ministro, que em 2011 assegurava às criancinhas não ia cortar os subsídios de férias e de natal dos pais, tem agora medo que o PS prometa a sua devolução.
A preocupação é justa mas pouco equidistante, e como tal será lida, até por alguns dos que votaram nele.


MARINA COSTA LOBO: O PRESIDENTE TEM RAZÃO
Ao chamar a atenção para o período pós-troika Cavaco está a suscitar um debate sobre a governabilidade em Portugal.
Basta que o PSD/CDS saia de S. Bento, e que vá para lá o PS de António Costa, ou interessa também saber com que apoios parlamentares poderão contar os socialistas se não tiverem maioria absoluta?
E interessa fazer consensos alargados para reformas necessárias que vão além das maiorias absolutas?
A 10 meses das eleições ainda não há respostas a estas questões.
Ao contrário, os partidos começam a posicionar-se tal como sempre dividindo-se entre esquerda vs. direita.

Mas há outrasclivagens, não menos importantes: por um lado aqueles que são a favor da manutenção do compromisso europeu vs. aqueles para quem esse compromisso tem de ser revisto profundamente, e quem sabe, rejeitado.
E por outro o dos partidos tradicionais vs. o populismo.
Basta abrir os jornais europeus para saber que o Presidente tem razão.


PS: MENSAGEM NÃO REFLETE AS PREOCUPAÇÕES DOS PORTUGUESES
O PS considerou que a mensagem de Ano Novo do Presidente da República não reflete "preocupações, deceções e mesmo desespero" de grande parte dos portugueses, e é marcada por um "défice de imparcialidade" em ano de eleições.
"Estamos de acordo [o PS] com a necessidade de combater o populismo, mas o populismoem todos os seus aspetos, e também estamos de acordo com a necessidade de evitar situações de crispação ou de tensão política desnecessária", disse o líder parlamentar dos socialistas.
No entanto, para Eduardo Ferro Rodrigues, "a lógica da mensagem do Presidente da República é uma lógica de excessiva colagem a aspectos essenciais das políticas que foram determinadas pela maioria que governa Portugal desde 2011 e não ecoou suficientemente as preocupações, as deceções e mesmo o desespero de muita gente, de uma parte grande do povo português".

"Apesar de eu pensar que é uma mensagem bem intencionada, não há dúvida que há um défice de imparcialidade num ano destes que é de eleições", referiu o político.
Para Ferro Rodrigues, "seria absolutamente essencial a garantia de uma total imparcialidade do órgão de Presidente da República face às eleições que se vão realizar em 2015 ea contribuição para a coesão nacional na base da maximização da coesãosocial e do máximo consenso político possível".
E do ponto de vista do PS, "a intervenção do Presidente da República ficou a alguma distância destes imperativos".

Transmitindo os vostos de que 2015 seja o melhor possível para todos os portugueses, desejo que estendeu a Aníbal Cavaco Silva e sua família, Ferro Rodrigues realçou que esta é a última mensagem de Ano Novo que o Presidente da República faz nesta legislatura.

Por isso, segundo este político, "seia absolutamente normal que fizesse um balanço e em primeiro lugar que demonstrasse a necessidade de assumir a profunds deceção que as portuguesas e os portugueses têm com o sistema onde o Presidente da República ocupa a função principal na hierarquia de Estado e que enfrenta hoje uma séria crise, tanto ao nível executivocomo parlamentar como judicial".

O líder parlamentar recordou o apelo que o PS faz à mudança política nas próximas eleiçõeslegislativas e referiu que o partido vai visitar todos os grupos parlamentares para apresentar uma agenda para a década e um compromisso estratégico para a qualificação e contra as políticas de empobrecimento do atual Governo.


PCP ACUSA CAVACO DE MISTIFICAÇÕES
O PCP classificou hoje a mensagem de Ano Novo do Presidente da República como um recorrente "conjunto de mistificações", acusando Cavaco Silva de tentar ocultar a sua própria responsabilidade na "desgraça" do país.

"A mensagem do Presidente não traz nada de novo nem de positivo, nem para o país nem para a imensa maioria dos portugueses.
Mais uma vez, e é recorrente, trata-se de um conjunto de mistificações para apoiar a continuação e o agravamento da política de direita que tem sido seguida há 38 anos pelo PS, PSD e CDS", disse Carlos Gonçalves, da comissão po´lítica do Comité Central do PCP-

O dirigente comunista disse que a mensagem do PR contém três mistificações: a primeira, frisou, é a "tentativa da ocultação da responsabilidade de Cavaco Silva na desgraça do país".

"Cavaco fala como se nãp tivesse sido 10 anos primeiro-ministro e como se não fosse há quase 10 anos Presidente da República.
É evidente que ele é seguramente um dos maiores responsáeveis pela situação que vivemos", alegou Carlos Gonçalves.

A segunda mistificação é o "apelo ao compromissso futuro de PS, PSD e CDS", patente, de acordo com o PCP, na mensagem do Presidente da República, "como se não fosse esse com promisso a base da política de direita e a causa do empobrecimento, da exploração, do desemprego, destruição dos serviços públicos" e também da degradação da democracia e perda de elementos de soberania.

A última mistificação, segundo Carlos Gonçalves, passa pela "insistência num mesmo caminho e numa mesma política, como se isso fosse ume inevitabilidade, uma espécie de fatalidade".

"Antes pelo contrário, pensamos que é cada vez mais imperioso e becessário a demissão do Governo, a realização deeleições antecipadas, a rotura com a política de direita e uma alternativa patriótica de esquerda", disse o dirigente comunista.


BLOCO DE ESQUERDA FALA EM ALINHAMENTO ENTRE CAVACO, PASSOS E PORTAS
O Bloco de Esquerda criticou a mensagem de Ano Novo de Cavaco Silva por ser alinhada com o discurso do governo e revelar cumplicidade nas políticas de austeridade e agravamento da pobreza, ao "blindar o tratado orçamental".

"A mensagem de Ano Novo do presidente Cavaco Silva é uma mensagem política completamente alinhada com o governo de Pedro Passos Coelho e de Paulo Portas", disse Luís Fazenda.

O líder do BE considera que "há uma cumplicidade fundamental nas políticas que estão a levar a cabo - de austeridade e de agravamento da pobreza - e o Presidente da República, no seu último ano de mandato, quer salvaguardar a continuidade dessas políticas e por isso blinda o tratado orçamental".

Luís Fazenda critica Cavaco Silva por considerarque o tratado orçamental não pode ser alterado: "Sabemos que, neste ano, vários países centraisd da União Europeia não vão cumprir o tratdo orçamental mas o Presidente da República insiste no cumprimento do tratado orçamental.
Nessa medida, é preciso alterar esta política, é preciso uma mudança na vida nacional e essa mudança n passa por Cavaco Silva nem pela atual maioria".

Para o Bloco, "é preciso mudar de política e é preciso mudar de protagonistas".


PSD SUBLINHA NECESSIDADE DE SE MANTER O RUMO SEGUIDO
O PSD defendeu hoje a necessidade de se manter o rumoe de se rejeitar ilusões da facilitismo, sublinhando que os grandes desafios que Portugal tem pela frente exigem "consensos significativos".

"O PSD acolhe e revê-se no essencial da mensagem de Ano Novo do Presidente da República, partilhando a sua confiança num ano melhor para os portugueses. 
Mas, o PSD ressalva também, como faz o Presidente da República, a necessidade de se manter o rumo seguindo até aqui, rejeitando a ilusão de que  tudo está feito e que o país terá entrado numa nova fase de facilitismos", afirmou o secretário-geral do PSD, José Matos Rosa.

Numa declaração aos jornalistas na sede do partido, sem direito a perguntas, o secretário-geral do PSD lembrou que, apesar dos resultados já alcançados, Portugal apresenta ainda "desafios muito exigentes", com as grandes questões nacionais a ultrapassarem em muito "o mero ciclo eleitoral".

Por isso, preconizou, os problemas devem ser ancarados com "exigência, abertura e espírito de cooperação por todas as forças políticas, sem taticismis, sem populismos e sem eleitoralismos vãos".

"Os grandes desafios que temos pela frente exigem consensos significativos, condição indispensável par os ultrapassarmos, de forma sustentada e num horizonte de tempo alargado.
Independentemente dos compromissos eleitorais, 2015 deve ficar marcado como o ano dos consensos que permitam definitivamente a Portugal afirmar-se como uma democracia moderna e eficaz", disse José Matos Rosa.

Na declaraçãolida aos jornalistas imediatamente a seguir à transmissão da mensagem de Ano Novo do Presidente da República, o secretário-geral social-democrata recordou brevemente os "anos difíceis, de enorme intensidade e exigência" que os portugueses têm vivido e alguns dos resultados já alcançados na economia ou na redução do desemprego.

"Estamos convencidos que o novo ano, apesar de exigente, vai ser melhor que os anteriores e que as recentes conquistas financeiras, económicas e sociais serão reforçadas e consolidadas", acrescentou.


CDS: A ESCOLHA ENTRE QUEM TROUXE A BANCARROTA E QUEM NOS LIVROU DELA
O CDS-PP reagia em Vila NOva de Gaia à tradicional mensagem de Ano Novo do Presidente da República, afirmando que Cavaco Silva assinalou "muito mais do que uma passagem de um ano", mas sim sublinhou que "2015 é um ano eleitoral e nesse sentido um ano de balanço e de escolhas e refere que Portugal não poderá voltar aquilo que foi em 2011".

"Eu acrescentaria, não interpretando a mensagem do presidente da República, nessa diferença do Portugal de 2011 e o Portugal de 2015, a escolha de quem nos trouxe à pré-bancarrota, um programa de austeridade muito duro e quem em 2014 precisamente libertou Portugal dessa 'troika'.
É isso que vai estar em causa em 2015", disse Nuno Melo.

O vice-presidente dio CDS-PP destacou na sua intervenção "em matéria de crescimento e emprego, bem como consolidação orçamental e controlo da dívida" três principais vectores: "o aproveitamento dos fundos europeus", o plano Juncker e a descida do IRC como relevantíssimo para as empresas.

Sobre "políticasde compromissos", Nuno Melo disse que "o CDS, e certamente també, o PSD, tem apelado insistentemente para em áreas fundamentais se estabelecerem compromissos", não descartando aquele que é "o maior partido da oposição, o Partido Socialista".

"Essa disponibilidade mantém-se tal e qual foi bem evidente no anoque findou e nos tempos que antecederam este ano", disse Melo.

Mas quando questionado, após a sua intervenção sobre anúncios de possíveis coligações para futuros atos eleitorais, o dirigente procurou não se comprometer sobre a possibilidade de voltar a existir uma união à Direita e disse que "o timing será aquele que as direções dos dois partidos entenderem", referindo-se ao PSD e CDS-PP.

"O que o senhor presidente diz é que os consensos não se conseguem apenas após as eleições (?).
O apelo aos compromissos é um apelo em relação a quem desempenha funções de Governo, como a quem hoje tem a função de ser oposição", analisou Nuno Melo sobre a possibilidade de Cavaco Silva ter enviado um "recado" aos partidos.

Em matéria de corrupção, o vice-presidente do CDS-PP afirmou que "casos relativos à justiça, francamente não o "incomodam nada", e depois de ressalvar que "não comenta casos judiciais em curso", acrescentou que "os mesmos que queremo combate à corrupção, muitas vezes indignam-se quando esse combate é efectivo".

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